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China bane chips Intel e AMD de PCs do governo

China respondeu por 27% e 15% de receita da Intel e AMD em 2023; Windows e soluções de banco de dados norte-americanas também foram banidos

25/03/2024 às 9:39

A China apresentou novas diretrizes para reduzir ainda mais a presença de produtos de tecnologia dos Estados Unidos no país: órgãos públicos não podem mais usar processadores Intel e AMD, que deverão ser substituídos por similares para desktop das locais Huawei e Phytium, ambas proibidas de fazer negócios com o Ocidente.

O governo chinês também proibiu o uso do Windows, da Microsoft, e de softwares estrangeiros de bancos de dados, no que, novamente, concorrentes locais deverão ser adotados de agora em diante.

Processadores locais, como o Kunpeng 920 da HiSilicon, são alternativas sancionada por Pequim para PCs em repartições públicas (Crédito: Reprodução/EJ Hardware)

Processadores locais, como o Kunpeng 920 da HiSilicon, são alternativas sancionada por Pequim para PCs em repartições públicas (Crédito: Reprodução/EJ Hardware)

As novas medidas do governo da China foram reportadas neste domingo (24) pelo site Financial Times, que teve acesso às diretrizes em primeira mão. Elas mencionam que com exceção das repartições municipais, todas deverão usar opções domésticas com o adicional de serem "seguras e confiáveis" no lugar dos chips da AMD e Intel, sistemas operacionais que não o Windows, e softwares de banco de dados. As listas de alternativas sancionadas, uma para cada categoria, claro, só incluem produtos chineses.

Na parte de processadores locais, destacam-se os produtos da Huawei e Phytium; a primeira, que desde 2019 não pode comprar componentes de empresas parceiras dos EUA (o que não a impediu de nada, na verdade), ou vender seus produtos fora da China, vem trabalhando em SoCs para servidores há alguns anos, e também possui soluções em placas-mãe para o usuário final, que usam processadores parceiros não tão bons.

A segunda, também banida de fazer negócios fora do País do Meio, perdeu acesso aos designs da TSMC em 2021, ao ser acusada pela Casa Branca de fornecer designs para softwares de simulação de mísseis hipersônicos.

O movimento de Pequim faz parte de uma resposta crescente do premiê Xi Jinping contra os EUA, na guerra comercial travada entre os dois países há meia década, desde a criação da lista de "entidades non gratas", encabeçada por Huawei e ZTE, acusadas de espionar empresas americanas para os chineses (nunca houve nenhuma prova concreta disso, diga-se de passagem).

De lá para cá, EUA e China travam um jogo para ver quem cede primeiro às sanções, impostas por um contra o outro. Do lado oriental, a nova onda de empresas e produtos banidos, que teria sido implementada em dezembro de 2023, é mais uma etapa do processo estabelecido pelo "Documento 79", uma diretiva em vigor desde 2022, que prevê a eliminação de todas as soluções não-chinesas, em software, hardware e infraestrutura, de todas as repartições governamentais até 2027.

Remoção de processadores da Intel e AMD de PCs do governo é mais um capítulo da briga comercial entre China e EUA (Crédito: reprodução/acervo internet)

Remoção de processadores da Intel e AMD de PCs do governo é mais um capítulo da briga comercial entre China e EUA (Crédito: reprodução/acervo internet)

IBM e Oracle já vêm sentindo os efeitos há algum tempo, com repartições optando por servidores de empresas chinesas; a remoção completa do Windows afetará profundamente a Microsoft, bem como outras empresas como Cisco e HP, também paulatinamente preteridas em infra, sendo trocadas pela prata da casa.

Inicialmente, o movimento visa apenas o uso governamental de produtos locais, mas é fato que a China está fazendo por onde de modo a estimular o "consumo patriótico", incutindo na população a ideia de preferir produtos locais a estrangeiros, o que já vem prejudicando as vendas de empresas como Apple e Tesla Motors.

Funcionários de órgãos públicos, como professores e outros servidores, por exemplo, estão sendo "gentilmente" recomendados a se livrarem de seus iPhones ou celulares Android importados, e priorizarem os locais, no que a Huawei é a óbvia privilegiada, elencada como a "escolha do povo" pelo ursi- digo, premiê Xi. Com mais populares usando (e promovendo) produtos chineses, soluções estrangeiras tendem a ter cada vez menos espaço entre o público.

YouTubers e outras personalidades chinesas (em acordo com a diretriz de produção de vídeos e streaming ao vivo da China) já vêm há algum tempo promovendo desktops fabricados por empresas como a EJ Hardware, que usa as placas-mãe da Huawei equipadas com SoCs da HiSilicon. O sistema operacional é a distro Linux local baseada em Debian UOS, posicionada por Pequim como a "alternativa nacional" contra o Windows, desde 2019.

Os efeitos disso aparecem na receita: a Apple teve queda de 24% nas vendas de iPhones na China nas 6 primeiras semanas de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023, enquanto a saída de smartphones da Huawei subiu 64%; o market share da Tesla em veículos elétricos, que era de 7,9% entre janeiro e fevereiro de 2023, caiu para 6,6% no período em 2024.

O banimento da Intel e AMD de PCs governamentais irá sem dúvida afetar seus caixas; a China respondeu por respectivamente 27% e 15% das vendas globais em 2023, cujos montantes totais foram de US$ 54 bilhões e US$ 23 bilhões. Mesmo que os chips usados pelo governo representem uma fração dos consumidos, um movimento em prol do "consumo patriótico", puxado pela conversão de repartições públicas em "vitrines", tem o potencial de incomodar bastante.

Claro, a China nem cogita a ideia de banir por completo as vendas desses produtos ao consumidor final, e mesmo não podendo consumir de forma oficial os designs mais potentes de alguns fabricantes, como os da Nvidia, há sempre alternativas "extraoficiais".

Fonte: Financial Times

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