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IA: EUA corta de vez acesso da China a chips da Nvidia

Governo Biden endurece restrições e fecha "loops" que permitiam China continuar comprando chips de IA; ações da Nvidia e AMD caíram

49 semanas atrás

Nvidia, AMD, Intel e outras companhias que fabricam chips de IA (inteligência artificial) terão, mais uma vez, que repensar seus planos de negócios: o governo dos Estados Unidos anunciou um plano para restringir ainda mais o acesso da China aos componentes, desde fechar "loops" de descaminho, a impedir a comercialização legal de produtos desenvolvidos especificamente para o país, que atendiam sanções anteriores.

No cenário atual, a Nvidia fica completamente impedida de vender chips de IA corporativos a empresas do País do Meio, o que teve efeito negativo e imediato nas ações da empresa; AMD e Intel também sentiram a bordoada.

Nova rodada de restrições impede empresas da China de adquirirem chips de IA com tecnologia dos EUA de qualquer espécie, mesmo os mais "burros" (Crédito: Getty Images)

Nova rodada de restrições impede empresas da China de adquirirem chips de IA com tecnologia dos EUA de qualquer espécie, mesmo os mais "burros" (Crédito: Getty Images)

A administração do presidente Joe Biden revelou a nova rodada de sanções nesta terça-feira (17), e devem entrar em vigor 30 dias depois, por volta de 17 de novembro de 2023. As novas regras visam impedir que chips de IA sejam usados em aplicações militares, e foram estendidas a todos os países que possuam bloqueios comerciais e de armamentos.

A lista inclui, além da China, suspeitos habituais como Cuba, Irã, Coreia do Norte e Venezuela, entre outros; a Rússia entrou na lista graças à invasão da Ucrânia. Duas companhias chinesas de semicondutores, Biren Technology e Moore Threads, foram incluídas na "lista negra" de empresas que não podem adquirir tecnologias norte-americanas, o que as colocam na mesma situação que a Huawei.

A primeira já havia se envolvido em uma saia justa com a TSMC, companhia taiwanesa que imprime chips para várias gigantes do ocidente, como Apple, Nvidia e AMD, quando anunciou em 2022 ter desenvolvido uma nova GPU que faria frente à poderosa Nvidia A100, o que em tese significava que a manufatura, responsável pela produção da placa, estava imprimindo processos de litografia que os chineses não podiam, por força das sanções, terem acesso.

A Moore Threads, por sua vez, afirma ter desenvolvido processos de impressão de chips que lhe permite desenvolver GPUs "100% nacionais", tão potentes quanto as da Nvidia e AMD, o que levantou suspeitas de espionagem industrial e descaminho. Do ponto de vista do governo Biden, ambas empresas não poderiam atingir tais níveis de excelência sem copiar designs americanos.

As novas medidas do governo dos EUA para restringir o acesso de Pequim a chips avançados de IA afeta outros mais de 40 países, que não sofrem sanções, mas por manterem laços comerciais com a China, poderiam servir como rotas de descaminho. Clientes nessas nações serão submetidos a novos requerimentos e licenças antes de comprar componentes, de modo a garantir que eles não serão despachados para China, Macau, ou qualquer outro país na lista de embargo.

Não obstante, empresas instaladas em qualquer lugar do mundo, mas cujas matrizes sejam localizadas em qualquer nação na lista de sanções, serão proibidas de comprar chips de IA, não importa o argumento usado, mesmo que para uso exclusivamente local.

Essas medidas foram tomadas, segundo o anúncio, para fechar os "loops" que permitiam ao governo de Pequim continuar adquirindo componentes de ponta via terceiros, especificamente filiais de empresas espalhadas pelo globo, ou por outras situadas nas mais de 40 nações amigas do ursi-, digo, premiê Xi Jinping.

A Nvidia desenvolveu a A800 (acima, na versão PCIe) e a H800 para o mercado chinês, conforme sanções anteriores; agora, não poderá mais vendê-las no país (Crédito: Divulgação/Nvidia)

A Nvidia desenvolveu a A800 (acima, na versão PCIe) e a H800 para o mercado chinês, conforme sanções anteriores; agora, não poderá mais vendê-las no país (Crédito: Divulgação/Nvidia)

As sanções afetaram diretamente os negócios de grandes companhias de semicondutores, como Nvidia, AMD e Intel, no que todas fecharam esta terça-feira (17) com queda nas ações, respectivamente -4,7%, -1,2% e -1,4%.

A gigante de Santa Clara levou a maior das pancadas, por ter se comprometido a continuar a servir o mercado chinês com produtos propositalmente limitados, impressos em processos de litografia e usando tecnologias depreciadas e obsoletas. As GPUs corporativas A800 e H800 são o resultado, voltadas para atender as necessidades de seus clientes chineses, enquanto a empresa continuava a atender as sanções estabelecidas anteriormente.

Agora, com a nova rodada de restrições de Washington, a Nvidia não pode mais vender nenhum dos dois modelos para a China; a empresa está efetivamente impedida de continuar fazendo negócios com o país, por não ter nada no momento que atenda empresas locais que se enquadrem nas novas limitações de Joe Biden. Outros produtos, como "uma GPUs gamer de ponta" (provavelmente a GeForce RTX 4090), e o chip L40S para datacenters, também não poderão ser comercializados.

Só para dar uma ideia, a Nvidia havia fechado, em agosto de 2023, pedidos da A800 com as gigantes locais Alibaba, Baidu, ByteDance e Tencent, no valor somado de US$ 5 bilhões; com as novas sanções em vigor, o negócio foi para o vinagre por completo, pois as entregas foram agendadas para 2024.

Claro que as companhias americanas não curtiram a nova onda de restrições. A Nvidia anunciou que considera até mesmo sair dos países considerados pontos de descaminho, o que prejudicará sua capacidade de atender clientes dos produtos atuais, e desenvolver novos, mas ainda pretende manter uma linha de comércio com a China.

A Intel, que desenvolveu o chip de IA Gaudi2, com grande procura por companhias chinesas, comentou apenas que cumprirá com as determinações do governo dos EUA, e não elaborou como as mudanças afetarão seus negócios, visto que este produto também será restrito; a AMD, que se encontra em posição similar com o Instinct MI250, não se manifestou a respeito.

Fonte: Reuters

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