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Monopoly Go: quanto custa para criar uma mina de ouro

Tendo faturado US$ 2 bilhões em apenas dez meses, Monopoly Go foi o maior sucesso mobile de 2023, mas para isso, estúdio investiu uma fortuna em marketing

20/03/2024 às 9:45

A aposta de algumas gigantes dos games no mercado mobile pode ter passado a impressão de que é simples ganhar dinheiro com jogos para tablets e smartphones. Na teoria, bastaria lançar um ou outro título e torcer para que eles caíssem no gosto do público, mas apesar de situações assim até acontecerem, o caso do Monopoly Go serve para termos um melhor entendimento deste cenário.

Monopoly Go

Crédito: Divulgação/Scopely

Lançado em abril de 2023, a criação da Scopely se tornou um sucesso imediato. Alcançando o título de principal lançamento casual do ano, Monopoly Go arrecadou US$ 1 bilhão em apenas sete meses, mas o interesse inicial por parte do público não pararia por aí.

Segundo uma publicação feita recentemente pelo cofundador do estúdio, Javier Ferreira, nos dez meses após o lançamento do jogo, o valor alcançado por eles foi muito maior que o divulgado inicialmente, chegando a US$ 2 bilhões!

“O engajamento dos nossos jogadores tem sido, e continua sendo, excepcional — embora a retenção inicial tenha superado nossas expectativas, a notável permanência de experiência a longo prazo desafiou o que pensávamos ser possível em jogos casuais, com mais de oito milhões de pessoas jogando todos os dias da semana — representando mais de 70% dos nossos mais de dez milhões de jogadores totais diários,” contou Ferreira. “Esse profundo engajamento é um testamento verdadeiro à nossa equipe de criadores de jogos e à maneira como eles inspiram o jogo, todos os dias.”

Crédito: Divulgação/Scopely

Seria esse mais um caso de algo que simplesmente caiu no gosto do povo, um sucesso que se valeu de uma marca poderosa e uma jogabilidade viciante? Em parte, pode ser, mas a verdade é que as pessoas envolvidas não pouparam na hora de investir na divulgação do Monopoly Go.

Em entrevista concedida ao site Game File, o vice-presidente de publicações da Scopely, Eric Wood, fez uma revelação que tem repercutido na imprensa. Nela, o executivo garantiu que o estúdio gastou um quarto do valor arrecado com o jogo em marketing e aquisição de novos jogadores, o que daria algo em torno de US$ 500 milhões!

Isolado, esse número pode assustar pela grandiosidade, mas é ao colocarmos ele ao lado de outros títulos que conseguimos ter uma melhor noção do tamanho desse investimento. Admitindo que o número seja esse, ele representa mais do que a Sony gastou para produzir o The Last of Us Part II (US$ 220 milhões) e o Horizon Forbidden West (US$ 212 milhões), juntos!

Monopoly Go

Crédito: Divulgação/Scopely

Outro bom exemplo é o Marvel's Spider-Man 2, cujo vazamentos dos arquivos de desenvolvimento revelou que o jogo custou US$ 300 milhões aos cofres da fabricante do PlayStation 5. Quer outro projeto imenso que também foi mais barato que a campanha de divulgação do Monopoly Go? Então olhe para o Cyberpunk 2077. Mesmo se considerarmos a produção do jogo, da sua expansão e da campanha de marketing, o total chegaria a “apenas” cerca de US$ 442.

Pois todo esse investimento na versão digital do tradicional jogo de tabuleiro pode ser visto na adesão de jogadores. De acordo com a desenvolvedora, o título já foi baixado mais de 150 milhões de vezes, com os jogadores tendo passado pela casa Go mais de 40 bilhões de vezes e mandados para a prisão mais de seis bilhões de vezes. Outro detalhe interessante está no número de convites enviados a amigos, 450 milhões.

“O nosso objetivo com o Monopoly Go sempre foi otimizar nossos gastos — o que significa que estávamos apenas investindo nosso lucro líquido em atividades incrementais de marketing,” explicou Javier Ferreira. “Não pretendíamos criar uma campanha blitz, mas à medida que o jogo crescia rapidamente, nossos esforços em marketing também cresciam. Durante grande parte dos primeiros seis meses do título, recuperamos totalmente nossos gastos em questão de semanas, algo que não é visto com frequência nos jogos de hoje.”

Marvel Strike Force (Crédito: Divulgação/Scopely)

Tendo em seu portifólio outros jogos licenciados, como Marvel Strike Force, Star Trek Fleet Command e The Walking Dead: Road to Survival, a Scopely pode não ser tão conhecida do público sem o hábito de jogar no celular. Porém, a sua venda há cerca de um ano é um bom indicativo da importância desse estúdio e dos jogos mobile.

Adquirida pelo fundo saudita Savvy Games Group, o negócio custou US$ 4,9 bilhões, fazendo dessa a sexta maior aquisição da indústria de games, atrás apenas das seguintes compras:

  1. Activision Blizzard pela Microsoft – US$ 68,7 bilhões;
  2. Zynga pela Take-Two – US$ 12,7 bilhões;
  3. Supercell pela Tencent – US$ 8,6 bilhões;
  4. ZeniMax pela Microsoft – US$ 8,1 bilhões;
  5. King pela Activision Blizzard – US$ 5,9 bilhões.

Reparou como dessas compras, quase todas envolvem estúdios dedicados à produção de jogos para dispositivos mobile? Mesmo o interessa da Microsoft na Activision Blizzard tinha como um dos principais motivos garantir uma maior presença neste mercado, através da King e seu Candy Crush Saga. A Electronic Arts é outra que também colocou a mão no bolso para entrar nessa festa, gastando US$ 2,1 bilhões para adquirir a Glu Mobile.

Conseguir o retorno para investimentos tão grandes talvez não aconteça para todos e a ideia de que títulos para esses dispositivos podem ser criados rapidamente e sem muito gasto é algo que provavelmente ficará no passado. Ainda assim, como criticar uma empresa por olhar para um mercado tão promissor e também querer uma fatia?

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