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Mario Bros.: Miyamoto quer distância do mobile (e da violência)

Aproveitando o lançamento do Super Mario Bros. - O Filme, Shigeru Miyamoto revela que personagem não voltará ao mobile e que não estará em jogos violentos

1 ano atrás

De tempos em tempos a história se repete: um bravo encanador precisa fazer o possível para resgatar uma princesa em perigo e milhões de pessoas param suas vidas para participar da aventura. A diferença é que agora isso não acontecerá em um jogo, mas no aguardado Super Mario Bros. - O Filme.

Super Mario Bros. - O Filme

Crédito: Divulgação/Nintendo/Illumination

Preste a estrear nos cinemas, essa nova investida da Nintendo na sétima arte parece longe de ser revolucionária, mas muito melhor que aquele acidente de trem em forma de filme lançado em 1993 e estrelado por Dennis Hopper, Bob Hoskins e John Leguizamo — o que convenhamos, não seria muito difícil de ser alcançado.

O que também já esperávamos era que os holofotes fossem apontados para o criador de uma das marcas mais conhecidas dos videogames, Shigeru Miyamoto. Entrevistar o game designer certamente está na pauta de muitos veículos de comunicação e um que já conseguiu fazer isso foi o site Variety.

Pois foi durante a conversa que teve com Ethan Shanfeld e Brent Lang que o lendário desenvolvedor revelou para onde o personagem poderá rumar no futuro quando se trata de novos jogos. E isso quer dizer longe dos dispositivos mobile.

“Em primeiro lugar, a principal estratégia da Nintendo é uma experiência de jogo integrada entre hardware e software,” explicou Miyamoto. “A intuitividade do controle faz parte da experiência de jogo. Quando exploramos a oportunidade de fazer jogos do Mario para celulares — que são dispositivos mais comuns, genéricos — foi desafiador determinar como os jogos deveriam ser. Foi por isso que desempenhei o papel de diretor no Super Mario Run, para poder traduzir a experiência de hardware da Nintendo nestes dispositivos inteligentes.”

Contudo, mesmo com o game designer admitindo que a aposta da Nintendo nos dispositivos mobile permitiu que um público novo tivesse contato com a franquia Mario Bros. e até expandiu a experiência, “os aplicativos móveis não serão o caminho principal para os jogos do Mario.”

Crédito: Divulgação/Nintendo

E manter neste mercado deve ter sido algo bastante tentador, principalmente para os acionistas. Isso porque até junho de 2022 o Super Mario Run conseguiu faturar US$ 87 milhões e quando olhamos para o outro título criado para mobile e estrelado pelo personagem, o Mario Kart Tour, o desempenho foi ainda melhor, com ele colocando US$ 282 milhões nos cofres da Nintendo. Mesmo tendo faturamentos muito inferiores ao registrado pelo Fire Emblem Heroes e seu mais de US$ 1 bilhão, não são quantias que devam ser menosprezadas.

Mas essa medida não chega a surpreender. Tanto a Nintendo quanto Miyamoto sempre primaram pela melhor e mais divertida jogabilidade possível e se ambos acreditam que dispositivos mobile não são ideais para isso, que não se produza mais para eles. O japonês até chegou a dizer que quando estão começando a desenvolver um novo Mario Bros., eles “definem o que será a jogabilidade, qual será o método e então definem em quais dispositivos seguirão.”

Ainda durante a entrevista, um ponto que Shigeru Miyamoto fez questão de abordar foi a violência nos jogos. Apesar de normalmente ser associado a títulos mais lúdicos e algumas pessoas acreditarem que é contra jogos violentos, não é bem isso o que ele defende.

“Quero deixar claro que não sou contra jogos de tiro e jogos violentos,” disse o pai, ou melhor, a mãe-do-Mario, como ele se autointitula. “Há muitos meios que entretêm as pessoas, mas acho que é minha missão encontrar outras maneiras de fazer um jogo interessante e divertido. Disse a mim mesmo que o Mario é um personagem que nunca machuca outras pessoas, então queria encontrar uma maneira diferente de expressar o Mario.”

Aqui podemos entrar numa questão filosófica-conceitual, já que muitas pessoas gostam de brincar com a ideia de que os Mario Bros. podem até não ser jogos violentos, desde que você não seja uma tartaruga cujo casco é constantemente pisoteado. Também podemos citar a série Mario + Rabbids para discordar do criador da franquia, afinal, nela os personagens se enfrentam usando armas de fogo.

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Porém, eu entendo a dedicação que o Miyamoto tem ao tentar desassociar sua criação da violência. Por mais que o mascote da Nintendo tenha se aventurado por inúmeros gêneros e espancado uma infinidade de inimigos pelo caminho, não consigo imaginá-lo estrelando um jogo de tiro em primeira pessoa ou fazendo parte de um universo mais sombrio como num Metroid.

Para mim, o Mario sempre estará mais próximo de um Mickey Mouse, um personagem cheio de carisma e que consegue fazer brilhar os olhos tantos de adultos quanto de crianças. Até por isso considero acertada a ideia de fazer do Super Mario Bros. - O Filme uma animação. Desta forma, mesmo se o longa não fosse muito bom, pelo menos não ficaria a sensação de que os envolvidos cometeram um crime, com a animação apelando ao público, mas sem ignorar os antigos fãs.

Eu realmente entendo quando alguém diz não gostar da Nintendo ou do próprio Shigeru Miyamoto, mas se tem uma coisa que eles raramente dão motivos para serem criticados, é por não se manterem fiéis as suas convicções. E aparentemente, o game designer e a empresa pretendem continuar agindo desta maneira.

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