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Nvidia e AMD estariam desenvolvendo chips ARM para PCs

Chips ARM da AMD e Nvidia podem chegar ao mercado em 2025, com apoio da Microsoft, para frear domínio da Qualcomm

20 semanas atrás

A disputa pelo mercado de processadores para computadores pessoais estaria prestes a se tornar um pouco mais interessante: segundo fontes apuradas pela agência Reuters, tanto a Nvidia quanto a AMD estariam desenvolvendo chips baseados na arquitetura ARM voltados a PCs, a primeira com apoio da Microsoft.

O interesse da gigante de Redmond em dar uma forcinha à Nvidia visa benefício próprio, que é não depender de um único fornecedor de chips caso o mercado de ARM para PCs de fato deslanche; no momento, a Qualcomm é hoje a única fabricantes de processadores compatíveis com Windows, e a Microsoft já aprendeu a lição quando esteve amarrada à Intel, muito tempo atrás.

Nvidia e AMD podem virar competidores da Qualcomm, no mercado de chips ARM para PCs (Crédito: Divulgação/Nvidia)

Nvidia e AMD podem virar competidores da Qualcomm, no mercado de chips ARM para PCs (Crédito: Divulgação/Nvidia)

Segundo informações, o alvo principal da Microsoft e o motivo para esta investir no desenvolvimento de processadores ARM compatíveis com Windows, para variar, é a Apple. A companhia de Tim Cook conseguiu duplicar seu valor de mercado entre 2020 e 2023, desde o anúncio dos chips Silicon impressos pela TSMC, e hoje a família M1 e M2 equipam Macs e iPads das linhas Pro e Air.

Ao mesmo tempo, Redmond não quer repetir a experiência que teve com a Intel nos anos 1990, que tanto por força de contratos quanto por compatibilidade, se tornou a única fornecedora de processadores x86 capazes de rodar Windows, até a AMD quebrar a barreira com os primeiros chips AMD64.

Segundo Jay Goldberg, CEO da empresa de consultoria D2D Advisory, "a Microsoft aprendeu nos anos 1990 que não deve nunca mais se tornar dependente da Intel, ou de um único fornecedor", que é o caso atual. Em 2016, a empresa elencou a Qualcomm como parceira para levar o Windows a processadores ARM, através de um contrato de exclusividade que expira em 2024.

Agora, com o acordo chegando ao fim, a Microsoft estaria estimulando outras empresas a entrarem no mercado de chips para desktops e laptops, todos compatíveis com Windows 11 e Linux por tabela, para evitar que, caso a Apple estimule uma virada completa no mercado, levando à depreciação em massa do x86-64 junto ao usuário final (que pode vir a se tornar um produto de nicho), a Qualcomm não se torne a única empresa fornecedora a sistemas que não os de Cupertino.

Embora as fontes apuradas pela Reuters indiquem uma aproximação formal entre a Microsoft e a Nvidia, fica evidente que o mesmo se estende à AMD. A Qualcomm já possui alguns produtos disponíveis no mercado consumidor, inicialmente voltado a desenvolvedores, enquanto prepara novas versões de seus chips para PCs direcionados ao usuário final. A companhia acredita que a migração do x86-64 para ARM é inevitável, e busca desde já dominar o setor.

Esta é a última coisa que a Microsoft deseja que aconteça. Assim, prover os meios e suporte para que tanto Nvidia quanto AMD possam concorrer com a Qualcomm, será benéfico ao mercado (mais concorrência, preços melhores) e permitirá à companhia contar com mais de um fornecedor de chips, que disputarão o cliente entre si.

Conceito de núcleo Cortex de arquitetura ARM (Crédito: Divulgação/ARM)

Conceito de núcleo Cortex de arquitetura ARM (Crédito: Divulgação/ARM)

Hoje, a Nvidia domina o mercado de componentes para IA, graças à tecnologia de núcleos CUDA, e este deve ser um diferencial para seus futuros SoCs frente aos desenvolvidos pela rival AMD; de qualquer forma, as projeções indicam que ambas companhias apresentarão seus produtos já em 2025, pouco depois do poderoso Snapdragon X Elite, que a companhia promete ser mais potente que o Apple M2 Max, presente nos MacBooks Pro mais recentes, e o Core i9-13980HX, o topo de linha da Intel para laptops.

Do lado da AMD, o movimento lhe permitirá ter mais flexibilidade ao atender o mercado consumidor, seja com chips ARM ou x86-64, que não deverão ser abandonados. A Intel, por outro lado, aposta na arquitetura continuada e novas abordagens, com a linha Meteor Lake e sucessores, e ao menos por enquanto, não demonstra interesse em abraçar o ARM de vez.

Claro que o ARMtem suas vantagens e desvantagens: o RISC evoluiu para designs compactos e menos comilões de energia, sem comprometer o desempenho, mas, por outro lado, a arquitetura integrada diminui em muito as possibilidades de customização, aos trazer no mesmo chip CPU, GPU e memória RAM. Foi assim que AMD perdeu sua parceria com a Apple, no fornecimento de placas de vídeo aos Macs.

No entanto, o plano da Microsoft tem um ponto fraco, que são os softwares que hoje rodam em Windows, compatíveis exclusivamente com x86-64. É essencial que a companhia ofereça os meios para que os desenvolvedores adaptem seus programas para funcionar em chips ARM, de forma melhor que a Apple, dado o market share de seu sistema operacional. E as chances de um "divórcio litigioso", como a maçã fez com o x86-64, ao migrar de forma traumática, são muito menores de acontecer do outro lado do rio.

Talvez este seja o motivo principal que leva a Intel continuar apostando em seus designs tradicionais, mas veremos quanto tempo o x86-64 irá durar.

Fonte: Reuters

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