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"Intel continuará à sombra da TSMC", diz ex-CEO

Após Pat Gelsinger dizer que processadores da Intel superarão TSMC e linha Apple Silicon, Morris Chang afirma que isso não vai acontecer

22 semanas atrás

A TSMC, fabricante taiwanesa de semicondutores responsável por imprimir os SoC Apple Silicon, que equipam os mais recentes Macs e iPads Pro e Air, vai continuar liderando o mercado com os chips mais potentes disponíveis. É o diz Morris Chang, fundador da empresa, ao responder a declarações recentes de Pat Gelsinger, CEO da Intel.

Este afirma que as linhas Meteor Lake e posteriores poderão igualar, e até mesmo superar, o desempenho dos chips da Apple, mas Morris afirma de forma categórica que a Intel "continuará vivendo à sombra" da manufatura, e da maçã por consequência.

O M2 Ultra, que equipa os Macs Studio e Pro (2023), é hoje o chip mais poderoso da maçã (Crédito: Reprodução/Apple)

O M2 Ultra, que equipa os Macs Studio e Pro (2023), é hoje o chip mais poderoso da maçã (Crédito: Reprodução/Apple)

Tudo começou em setembro de 2023, durante a conferência Intel Innovation, onde a companhia confirmou o lançamento dos primeiros processadores Meteor Lake para laptops em dezembro próximo, e os modelos voltados a desktops para 2024. Além desta linha, as gerações Lunar Lake (apenas laptops) e Panther Lake (desktops e laptops) deverão também ser introduzidas em 2024 e 2025, respectivamente.

A estratégia para a linha Meteor Lake, inclusive, sofreu influência da TSMC e Apple, ao adotar uma filosofia "meio que" SoC, integrando soluções de IA no chip, além de outros processos importados dos chips Xeon, para aumentar a eficiência na impressão e melhorar o desempenho final.

Para Gelsinger, estes processadores, que usarão o processo Intel 4 proprietário de 5 nanômetros, "são bastante competitivos e melhores" em potência e eficiência energética "do que qualquer outra plataforma pode oferecer, sejam Macs ou outras (leia-se AMD)", nas três categorias que usou para comparação: CPUs, GPUs e NPUs (centrais de processamento neural, para IA).

Não é segredo para ninguém que a Intel não levou na esportiva o pé na bunda que levou da Apple, quando esta migrou de arquitetura nos Macs, abandonando o CISC dos chips x86-64 em prol do RISC e ARM, com designs próprios impressos exclusivamente pela TSMC, ainda que a culpa tenha sido dela mesma, ao se atrapalhar por anos a fio com seus processos de miniaturização da litografia.

A Apple não caiu na provocação de Gelsinger, e não comentou sobre suas declarações. A TSMC igualmente não emitiu nenhum comunicado oficial, mas Morris Chang, embora não tenha nenhum vínculo com a companhia que fundou e atuou como presidente e CEO (oficialmente, com 91 anos, ele está aposentado), ainda é considerado uma espécie de "porta-voz" da manufatura, por teoricamente ter acesso a informações de dentro, talvez por cortesia.

Pat Gelsinger acredita que próximos chips da Intel baterão de frente com a linha Apple Silicon, mas tem um detalhe... (Crédito: Reprodução/Intel)

Pat Gelsinger acredita que próximos chips da Intel baterão de frente com a linha Apple Silicon, mas tem um detalhe... (Crédito: Reprodução/Intel)

No dia 14 de outubro de 2023, Morris Chang deu uma declaração pública durante o avento anual esportivo da TSMC, dizendo que mesmo que a Intel ofereça novos produtos potentes, eficientes e com preços competitivos, seus novos e futuros processadores "continuarão vivendo à sombra" das capacidades da gigante taiwanesa, e por tabela, da Apple, sua cliente mais valiosa e exclusiva.

Chang aponta que "fatores geopolíticos" que possam mudar o cenário atual (por exemplo, o temor de uma invasão iminente da China a Taiwan, levando à anexação forçada da ilha e à estatização da companhia pelo governo de Pequim) têm levado algumas parceiras menores a preferirem outras manufaturas, como meios de se resguardar em um worst case scenario, mas "o melhor que a TSMC pode fazer no momento, é continuar investindo em seus processos de impressão e capacidade de manufatura".

A declaração mostra que Chang tem plena confiança que as tensões entre China e Taiwan não devem escalar (há de se levar em conta os interesses tanto do Japão, quanto dos Estados Unidos, para que tudo continue como está), e dessa forma, a TSMC deverá continuar trabalhando tranquilamente para aprimorar sua tecnologia e capacidades; os processadores Apple M2, atualmente de 5 nm, deverão ser sucedidos pelos de 3 nm da série M3, e a empresa taiwanesa se prepara para migrar para 2 nm em 2025.

A Intel, por outro lado, tem um ponto ao dizer que seus processadores podem oferecer mais potência, é uma característica da arquitetura CISC sobre a RISC, que foca na eficiência, mas tem um detalhe que Gelsinger não mencionou: um CISC consome muito mais energia do que um RISC, e tem que lidar com o aquecimento e exigem resfriamento ativo, coisa que os chips ARM presentes em smartphones, tablets, e agora em PCs e laptops, graças à Apple e Qualcomm, dispensam.

No fim das contas, processadores RISC foram privilegiados com a evolução computacional das últimas décadas, o que lhes permitiu se tornarem extremamente poderosos, e integrarem tudo no mesmo design (CPU, GPU e RAM), e mesmo sendo marginalmente menos potentes que uma combinação CPU x86-64/GPU dedicada de ponta (nem todo mundo concorda nisso, claro), as vantagens dos chips ARM superam as dos processadores Intel e AMD.

Vale lembrar que a Qualcomm acredita que o mercado de processadores irá migrar do x86-64 para ARM, e que o movimento será inevitável, dadas as vantagens para a indústria; claro, isso não significa que o x86-64 vai sumir, mas se tornará cada vez mais um produto de nicho, onde só quem realmente precisa, ou faz questão de potência máxima e pode bancá-la, continuará os consumindo.

Para Morris Chang, Apple e TSMC continuarão liderando o mercado de processadores, sejam ARM ou x86-64 (Crédito: Shinya Sawai)

Para Morris Chang, Apple e TSMC continuarão liderando o mercado de processadores, sejam ARM ou x86-64 (Crédito: Shinya Sawai)

Como sempre, é preciso ouvir tanto as declarações de Morris Chang, quanto as de Pat Gelsinger, com os dois pés atrás, aguardar se os processadores Meteor Lake serão tudo isso que a Intel diz, e observar qual será a resposta de Apple e TSMC, caso a disputa pelos processadores mais potentes e eficientes se acirre de fato.

Fonte: Digital Trends

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