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Para a Qualcomm, transição dos PCs para ARM é inevitável

Qualcomm considera que mudança do x86 para ARM é um caminho sem volta, e busca se colocar à frente de Intel, AMD e Apple no mercado de PCs

2 anos atrás

A Qualcomm está entrando de cabeça na briga pelo mercado de PCs. Desde 2017, a companhia investe na área de forma tímida, com processadores voltados a equipamentos direcionados e de nicho, sendo componentes mais próximos de chips para dispositivos móveis.

Agora, a Qualcomm considera que a migração de arquitetura em desktops e laptops, do x86-64/IA-32 para ARM, é um processo irreversível, e é sua missão se tornar o principal fornecedor de chips do setor, deixando Intel, AMD e Apple para trás.

Os Snapdragon estão entre os melhores processadores ARM do mercado (Crédito: Divulgação/Qualcomm)

Os Snapdragon estão entre os melhores processadores ARM do mercado (Crédito: Divulgação/Qualcomm)

Na última terça-feira (16), durante uma apresentação pública voltada para acionistas, o brasileiro Cristiano Amon, que assumiu o cargo de CEO da Qualcomm em julho de 2021, delineou os esforços da companhia em assegurar o lugar de liderança em PCs, graças à aquisição da Nuvia meses antes. Esta startup, que nunca lançou um produto comercial, foi fundada por um ex-designer de chips da Apple, e especulava-se que estaria desenvolvendo processadores ARM para datacenters.

Amon afirma que a Nuvia será a responsável por uma nova geração de processadores da Qualcomm de alta performance, voltados para o mercado de computadores pessoais, independente do nicho em performance, se para o usuário médio que só navega e lê e-mails, para a Glorious PC Gamer Master Race, ou mesmo para ambientes de produção de alto nível, que exigem estações verdadeiramente parrudas.

Compreensivelmente, todos esses processadores usarão a arquitetura ARM, e serão posicionados como concorrentes diretos tanto das novas gerações de chips x86-64 da Intel e AMD, quanto a linha M1 Pro e Max da Apple, exclusiva dos Macs. A Qualcomm deu a entender que seus componentes são tão, ou mais, poderosos que o Apple M1 Max, e especula-se que eles serão impressos em 5 nanômetros, o mesmo processo de litografia atualmente usado pela maçã, e já empregado na linha Snapdragon mais recente, para mobile.

Acredita-se que o Snapdragon 898, o próximo chip premium para celulares da Qualcomm, que será revelado no dia 30 de novembro, seja impresso em 4 nm, mas há quem diga que a Nuvia possa chutar o balde com a linha para PCs, imprimindo-os direto em 3 nm, um processo que a companhia declarou antes que seria adotado a partir do 2º semestre de 2022.

Durante apresentação, CEO da Qualcomm Cristiano Amon fala sobre os planos futuros da empresa para PCs (Crédito: Reprodução/Cool3c.com)

Durante apresentação, CEO da Qualcomm Cristiano Amon fala sobre os planos futuros da empresa para PCs (Crédito: Reprodução/Cool3c.com)

A parcela de processadores ARM no mercado de PCs é bem tímida, com a Qualcomm sendo uma das companhias que investem no formato desde 2017, quando a Microsoft tentou emplacar o Windows 10 S para bater de frente com a linha Chromebook. A investida não foi para a frente, o SO dedicado virou um modo do Windows 10, mas o interesse da fabricante permaneceu.

Quando a Apple chutou a Intel para escanteio, não demorou muito para a ARM introduzir o novo núcleo Cortex-A78C, um design voltado para ser usado em computadores de arquitetura x86-64/IA-32, que rodam Windows e Linux, já que os da maçã são exclusivos.

Usando a arquitetura Big Core que usa apenas núcleos de alto desempenho, diferente da big.LITTLE voltada para celulares, aliada a suporte de memória cache L3 de até 8 MB e uma banda de até 60 GB/s, com foco em multithreading, a fabricante definiu um design que bate de frente em performance com processadores da Intel e AMD, e se aproxima do da Apple.

A Qualcomm, como companhia que usa os designs da ARM em seus processadores, deverá contar com a Nuvia para implementar o processo do Cortex-A78C em seus núcleos Kryo para PCs, a fim de introduzir uma linha de chips com mais performance e melhor consumo energético do que os tradicionais x86-64, sem falar que o atual avanço no processo de litografia em ARM está mais avançado.

Basta lembrar de como a Intel vem se atrapalhando para refinar seus processos, e o Alder Lake ainda está na casa dos 10 nm. O processo da AMD, por sua vez, é híbrido 7 nm/14 nm, embora haja uma certa divergência entre as medidas de 1 nm usadas pelas rivais. Empresas que implementam chips ARM, como Apple, Qualcomm, Samsung, MediaTek, Broadcom e outras, têm bem menos problemas desse tipo.

Para a Qualcomm, fica evidente que quando a Apple trocou a Intel pela ARM, deu início a um processo de migração irreversível, em que cada vez mais companhias buscarão refinar os designs para fornecer chips que vão além de equipar celulares, TVs e outros dispositivos, e sejam enfim poderosos o bastante para assumirem o lugar de destaque no mercado de PCs. Sua meta, nessa nova guerra, é ficar na frente de todas as demais, incluindo a Apple.

Essa mudança de paradigma afetará não só o mercado de processadores, mas também o de GPUs. A integrada no processador Apple M1 Max, por exemplo, consegue entregar uma performance gráfica próxima a de uma GeForce RTX 3060 da Nvidia, e mesmo ficando atrás, é preciso lembrar que esta é uma comparação feita entre uma GPU integrada e outra dedicada, com diferenças relevantes em arquitetura e SO.

Vale lembrar que como Macs não focam em jogos (algo que talvez a maçã reconsidere um dia), a Apple não tem muito mais motivos para manter a parceria com a AMD em GPUs, exceto em um futuro Mac Pro com M1 se a empresa considerar a continuidade de uso da linha Radeon Pro, com seus módulos MPX proprietários caríssimos.

Para o usuário doméstico, por sua vez, as integradas já são boas o bastante.

Enquanto Qualcomm, Samsung, MediaTek e outras empresas muito provavelmente começarão a brigar por mais espaço no mercado de PCs, Intel e AMD deverão fazer por onde a fim de se manterem no topo com seus designs. A primeira inclusive imprime hoje chips ARM e RISC-V para terceiros, e poderia muito bem dar um passo além e criar uma linha própria.

A menos que Intel e AMD prefiram ser vítimas do atropelamento mais lerdo do mundo.

Fonte: Tom's Hardware, ExtremeTech

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