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Christmas Massacre: sobre censura e violência nos games

Ao anunciar o Christmas Massacre para PlayStation, criador explica ausência no Xbox e Switch dizendo que o jogo "é muito louco" para esses consoles

20 semanas atrás

O debate sobre até que ponto a violência pode ser retrata nos jogos é antigo e quando se trata de consoles, as barreiras erguidas pelas fabricantes costumam ser impiedosas. Porém, alguns desenvolvedores acabam se beneficiando ao serem barrados e o Christmas Massacre pode ser um desses caos.

Christmas Massacre

Crédito: Divulgação/Puppet Combo

Desenvolvido pelo Puppet Combo, estúdio de um homem só, esse jogo de terror chegou ao Steam lá em 2021, por onde andou relativamente escondido até agora. O motivo? Seu criador, Benedetto Cocuzza, anunciou no X (antigo Twitter) que o Christmas Massacre está chegando ao PlayStation e dois fatores chamaram a atenção do público.

O primeiro deles foi o desenvolvedor citar apenas os consoles da Sony, o que fez com que algumas pessoas o questionassem sobre possíveis versões para os aparelhos da Microsoft e Nintendo. Numa das respostas, Cocuzza afirmou que “apenas o PlayStation permitiu [o lançamento]”, enquanto em outra ele disse que o jogo “é muito louco para o Xbox e para o Switch.”

Pois a resposta deixou alguns seguidores perplexos, com um deles chegando a dizer que achava que já tínhamos ultrapassado a época de “censura desnecessária.” Isso levou outra a pessoa a tentar explicar a situação, dizendo que os donos das plataformas tem o direito de supervisionar o que será lançado para eles, vetando assim o que considerarem inadequado.

Mas o que o Christmas Massacre teria de tão ofensivo que levou Microsoft e Nintendo a vetarem sua publicação? É aí que entra o segundo detalhe que fez com que muitas pessoas começassem a notar a produção: sua excessiva (e gratuita) violência.

Crédito: Divulgação/Puppet Combo

No jogo seremos Larry, um sujeito que certo dia recebe uma missão da sua árvore de natal (!?): “Você precisa matar, Larry. Mate todos eles.” A partir desse momento, o objetivo do jogador será se esgueirar pelas fases e assassinar todas as pessoas que encontrar pelo caminho. Isso inclui crianças numa escola, freiras, pessoas num cinema, consumidores numa loja, enfim...

Para alcançar seu objetivo e se tornar “o terror do natal”, o protagonista contará com as mais variadas armas, de uma simples faca a um potente lança-chamas. Além disso, ele poderá realizar a matança usando desde uma roupa de palhaço até uma de Papai Noel. Tudo em nome da imersão, claro.

Contando com gráficos remanescentes da época do primeiro PlayStation, na descrição do jogo é dito que ele teve como inspiração os filmes de terror slasher dos anos 80, o que serve para explicar toda a violência mostrada com poucos polígonos e as péssimas animações para os personagens.

Mas se a temática e a violência gratuita entregues pelo Christmas Massacre servem para explicar sua ausência no Xbox ou Switch, essa censura levanta outra questão: por que os outros jogos do Puppet Combo não tiveram o mesmo tratamento? Com o estúdio indie se autointitulando especialista em jogos de terror triple-B e seu portfólio contando com outros títulos controversos, o natural seria que essas produções também fossem barradas, não?

Também criados com visuais que lembram a época do primeiro PlayStation, tanto no Stay Out of the House quanto no Murder House estaremos presos em uma casa enquanto somos perseguidos por um assassino. Neles a violência também se fará presente, mas por algum motivo, nem a Microsoft, nem a Nintendo viu problema neles serem publicados em suas plataformas.

No entanto, a explicação pode estar justamente no fato que, ao contrário do que acontece no Christmas Massacre, nos seus coirmãos nós atuaremos como vítimas, não como o maníaco responsável por um banho de sangue. Além disso, também deve ter pesado contra o “jogo natalino” a presença de crianças, o que provavelmente fez com que essas empresas não quisessem que seus consoles fossem vistos como a casa de um jogo onde invadimos uma escola para causar um massacre.

Por isso, talvez o mais interessante nessa história não seja o veto imposto por Microsoft e Nintendo, mas o fato de a Sony não ter seguido pelo mesmo caminho. Pode ser que perante uma possível onda de críticas por parte do público, a fabricante do PlayStation até reveja essa aprovação, mas se isso acontecer, não tenho dúvida de que as reclamações serão até maiores que os eventuais pedidos pela não publicação.

Christmas Massacre

Crédito: Divulgação/Puppet Combo

Mas independentemente de como a Sony enfrentará essa situação, não deixa de ser curioso pensar em como as empresas parecem não ter um critério claro sobre o que elas permitem ou não em suas lojas.

Um bom exemplo disso aconteceu em 2022, quando a editora responsável pelo Chaos;Head Noah avisou que a visual novel não poderia ser publicada no Steam. O que deixou muitas pessoas confusas foi o jogo ter sido aceito no Switch, uma inversão de papéis que muitos não imaginaram que poderia acontecer. Algumas semanas depois o título até passou a ser vendido na loja da Valve, mas o caso mostrou o poder (e a arbitrariedade) daqueles que controlam as plataformas digitais.    

Quanto as empresas, consigo entender elas não quererem algo assim em seus videogames e como donas do parquinho, não me sinto em condições de questionar seu direito de escolher quem e como brincará. Já ao consumidor, cabe a liberdade de escolher em qual desses playgrounds ele colocará seu dinheiro.

Como não vejo graça nesses jogos em que o nosso objetivo é matar inocentes, apenas ser um causador do caos, não será essa proibição que me fará sentir vontade de encarar o Christmas Massacre. Mas isso pouco importa, pois nesse momento Benedetto Cocuzza deve estar aproveitando a visibilidade que a censura por parte da Microsoft e Nintendo lhe trouxe.

Fonte: PCgamesN

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