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Seemless HD: remasterizando a trilogia Resident Evil

Conheça o Seemless HD, projeto que remasteriza a trilogia Resident Evil do PS1. Bônus: o futuro da Frictional Games, longe dos jogos de terror

39 semanas atrás

O primeiro PlayStation foi um videogame fantástico, certamente um dos melhores de todos os tempos, mas como ele estava nos primórdios dos gráficos poligonais, boa parte dos seus jogos não envelheceram muito bem. Felizmente alguns daqueles clássicos já foram refeitos, o que inclui a trilogia Resident Evil, mas se você procura uma experiência mais fiel à original, uma boa opção é o projeto Seemless HD.

Resident Evil

Crédito: Reprodução/Capcom

Valendo-se de inteligência artificial, um grupo de modders conseguiu melhorar texturas, modelos, cenários, interface, arquivos de textos e até mesmo as cenas não-interativas que foram filmadas com atores reais. O resultado são três jogos que obviamente não se equiparam visualmente aos remakes recentes, mas muito mais bonitos que aqueles oferecidos pelo console de estreia da Sony.

“O upscaling com redes neurais não é mágica,” esclarecem os autores no site oficial do Resident Evil Seemless HD Project. “O algoritmo tem uma dificuldade especial com as áreas escuras e os RE claramente não são jogos com os cenários mais brilhantes e coloridos. Espere ver muitos artefatos ‘derretendo’ nos cantos mais escuros e partes distantes dos cenários.”

Tal problema também podia ser visto nos textos menores espalhados pelo jogo, o que obrigou a equipe a ter que refazê-los manualmente. O processo de “limpeza” também teve que ser aplicado a muitas das máscaras de texturas, já que elas não se alinhavam corretamente com as texturas dos cenários. Isso já acontecia no original, mas devido à baixa resolução e as telas CRT, a falha passava despercebida.

Resident Evil Seemless HD Project

Crédito: Divulgação/Resident Evil Seemless HD Project

Para corrigir todos os problemas e deixar os três jogos os mais bonitos possíveis, o grupo recorreu a várias artimanhas. Da criação de uma ferramenta para evitar as máscaras de texturas desalinhadas até a comparação com as versões dos jogos para o GameCube, eles ainda analisaram uma enorme quantidade de dados, fizeram upscaling em texturas e recriaram muitas delas.

Tanto o trailer abaixo quanto algumas comparações disponíveis no site oficial do Resident Evil Seemless HD Project mostram o quanto esses jogos se beneficiaram do trabalho fantástico dessas pessoas. Com esses mods a trilogia se torna visualmente muito mais agradável e como a estrutura não será alterada, é possível que os fãs mais puristas prefiram encará-la assim.

Infelizmente o processo de instalação (que pode ser visto aqui) não é dos mais simples, exigindo a utilização de vários outros mods para que funcione tudo de acordo. Além disso, os interessados precisão ter cópias dos três Resident Evil e como eles não estão disponíveis para a venda digitalmente no PC... bom, você já deve imaginar.

Deixando essas barreiras de lado, é impossível não elogiar o que algumas pessoas têm feito para tornar os jogos antigos mais acessíveis. Com um pouco de paciência e a sorte de alguém ter se dedicado a revitalizar um clássico que tanto gostamos, hoje é possível ter experiências até melhores que aquelas do passado e é por isso que devemos valorizar os modders.

Ultimamente tenho visto muitos desses projetos de ressuscitação de jogos que adorava antigamente, inclusive com algumas dessas “remasterizações” podendo ser aproveitadas nos consoles de origem. Como sempre defendo, não há época melhor para gostar de videogames do que agora e muito disso se deve aos próprios jogadores/fãs.

Esquecendo o terror

Amnesia: Rebirth (Crédito: Divulgação/Frictional Games)

Mudando um pouco de assunto, mas permanecendo nos jogos de terror, aqueles que gostam de tremer de medo enquanto estão jogando provavelmente ficarão um pouco decepcionados com uma recente entrevista concedida pelo cofundador da Frictional Games

Na ativa desde 2007, o estúdio se tornou conhecido pelos ótimos jogos de terror que produz, começando pela série Penumbra, mas principalmente pela Amnesia. Foi com esta que os suecos mostraram como um protagonista extremamente vulnerável poderia aumentar a imersão, fazendo com que o Amnesia: The Dark Descent fosse apontado por muitas pessoas como o jogo mais aterrorizante de todos os tempos.

Dado o enorme sucesso que eles conseguiram com o gênero, era de se esperar que os próximos projetos seguissem pelo mesmo caminho. Porém, em conversa com o site 80 Level, Thomas Grip revelou que eles estão experimentando temas diferentes.

“Os jogos de terror são naturalmente onde as emoções estão na frente e no centro,” explicou o também diretor criativo da Frictional Games. “Também estamos explorando temas além de fazer coisas assustadoras. O [Amnesia] Rebirth é sobre cuidar de um feto e o SOMA é sobre questões filosóficas em torno da consciência. Entregamos esses temas em um contexto de terror, mas essas histórias poderiam ser contadas em outro gênero. Não se trata do medo, se trata da fantasia holística que entregamos em cada uma das nossas histórias.”

Penumbra: Black Plague (Crédito: Divulgação/Frictional Games)

Ainda segundo Grip, com os próximos jogos eles pretendem tirar um pouco do terror e dar maior atenção a outras qualidades emocionais. Para ele, tais jogos ainda passarão a sensação de ser algo criado pela Frictional Games, o que inclui o que considera características do estúdio: “a imersão, a jornada pessoal e a visão holística.”

Imagino que esse será um desafio e tanto, afinal o estúdio conquistou muitos admiradores justamente pelas atmosferas pesadas criadas para seus títulos. Por outro lado, o terror é um gênero que costuma ser visto como de nicho e ao partir para abordagens mais “calmas”, é possível que o público dos futuros jogos aumente consideravelmente.

Criar ambientações imersivas e histórias envolventes é algo que a Frictional Games mostrou ser plenamente capaz e se eles partirem para uma experiência em primeira pessoa com um bom enredo e quebra-cabeças interessantes, possivelmente terão sucesso. O mercado já mostrou haver espaço para obras amplamente focadas na narrativa, como Firewatch, What Remains of Edith Finch, Gone Home ou Everybody's Gone to the Rapture e como acredito que os suecos seguirão por esse estilo, como duvidar da qualidade do que entregarão?

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