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Barrado no Steam, Chaos;Head Noah sairá para Switch

Por não se encaixar em política de conteúdo do Steam, Chaos;Head Noah foi rejeitado pela loja. Já a Nintendo não vê problema no visual novel estar no Switch

1 ano atrás

Pela maneira draconiana que censurava os jogos publicados nos seus videogames nas décadas de 80 e 90, até hoje existe a noção de que a Nintendo é uma empresa que está sempre disposta a proibir títulos que ousem abordar certos assuntos. Contudo, após o Steam virar as costas para um jogo chamado Chaos;Head Noah, foi no Switch que ele encontrou uma nova casa.

Chaos;Head Noah

Crédito: Divulgação/Spike Chunsoft

Lançado em 2008 para PC e no ano seguinte tendo chegado ao Xbox 360, o visual novel distribuído pela Spike Chunsoft permanecia exclusivo do Japão e quando surgiu a notícia de que ele estava sendo localizado para inglês, os fãs comemoraram. Mas se a previsão inicial era de o Chaos;Head Noah chegar ao Steam em 7 de outubro, agora sabemos que isso não acontecerá.

Segundo um comunicado publicado pela editora, o que os impediu de lançar o jogo no serviço da Valve seria a diretrizes de conteúdo imposta pelo Steam. Com isso, a única maneira do jogo ser aceito por lá seria com mudanças, o que a empresa acredita que impactaria a história que eles gostariam de contar.

A nota ainda fala sobre a empresa continuar buscando alternativas para disponibilizar o jogo na plataforma e encerra garantindo que no caso do Nintendo Switch, a data de lançamento será mantida. Mas o que teria levado a Valve a não aceitar o jogo como ele foi criado?

Tendo recebido originalmente uma classificação Z pelo CERO, que é o órgão de classificação etária do Japão, isso seria equivalente ao selo Adult Only dado pelo ESRB. Assim, o jogo não deveria ser vendido para menores de 18 anos, algo que acende um sinal de alerta principalmente entre as fabricantes de consoles.

Então, quando o Chaos;Head Noah recebeu adaptações para o PlayStation 3, PSP e dispositivo mobile, ele teve boa parte do seu conteúdo editado, com várias cenas e descrições de violência sendo removidas. Aquilo garantiu uma classificação equivalente ao “M for Mature” do ESRB e a versão que seria lançado no Steam (e que aparecerá no Switch) seria baseada nela.

Mesmo assim, quando o jogo chegou ao videogame da Nintendo no Japão há alguns meses, ele novamente recebeu a classificação Z do CERO. Já nos Estados Unidos foi mantida a indicação para maiores de 17 anos, com indicação de que a história abordará palavrões, temas sexuais, gore e violência intensa.

Crédito: Divulgação/Spike Chunsoft

Para o chefe da PQube Games, empresa que ficou responsável pela localização de outro título da franquia, o Steins;Gate, o que temos no Chaos;Head Noah não seria muito pior do que qualquer coisa que já existe no Steam. Segundo Andrew Hodgson, embora algumas cenas possam ser bastante horríveis, elas estão longe de serem “adultas”.

Ainda assim, entendo quando um jogo como esse chama a atenção dos mais conservadores. Com sua história girando em torno de vários assassinatos e suicídios ocorridos na região de Shibuya, as decisões tomadas pelos jogadores poderão resultar em situações grotescas — explicitas ou apenas sugeridas, — incluindo aí violência sexual.

No entanto, o caso volta a levantar o debate sobre o que deveria ou não ser aceito pelo Steam, já que a loja tem utilizado medidas diferentes para avaliar o que tem sido vendido por lá e um exemplo é o Chaos;Child, que funciona como uma continuação para o Chaos;Head Noah. Mesmo tratando de temas semelhantes, ele está disponível no serviço da Valve desde 2019.

A especulação é de que a implicância da empresa não estaria na violência em si ou nos temas delicados abordados por esses jogos, mas no local em que eles ocorrem e nos personagens que retratam. Como em 2019 a censura também ocorreu com o Taimanin Asagi, jogo que se passava numa escola, aparentemente alguns avaliadores da Valve estariam barrando nesse tipo de ambientação.

Crédito: Divulgação/Spike Chunsoft

“Definitivamente há um problema com o Steam habitualmente rejeitar jogos que possuem uma estética ‘anime’ e ambientados em escolas, mesmo jogos que não são remotamente lascivos,” defendeu Andrew Hodgson. “[...] É como se alguém na equipe deles visse certas estéticas, visse a ambientação escolar, prematuramente somasse dois com dois e então os rejeitassem.”

O tradutor ainda afirmou que tem visto isso se repetir consistentemente desde pelo menos 2019 e como não é dado às editoras e desenvolvedoras nenhuma explicação sobre o que levou tais jogos a serem rejeitados, eles continuam sem saber muito bem como resolver o problema.

E enquanto o mistério persiste, um grupo conhecido como Committee of Zero anunciou estar disposto a trabalhar numa adaptação do Chaos;Head Noah para PC, assim como em criar um patch para Switch que para restaurar todo o conteúdo original removido para que a classificação etária fosse mais branda.

Do lado do Steam, que pese contra a loja a falta de transparência em relação a essas proibições, mas acredito que eles estejam no direito de decidir o que pode ou não ser publicado por lá. O curioso é notar como o jogo virou nos últimos anos, com os computadores, tão defendidos por serem plataformas livres, ficarão sem o lançamento de um jogo, enquanto a Nintendo não vê problema em abraçá-lo. Se alguém me dissesse na década de 90 que um dia isso aconteceria, eu certamente duvidaria da previsão.

Fonte: ComicBook

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