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X: Elon Musk quer ex-Twitter pagando menos comissão à Apple

Elon Musk quer convencer Tim Cook para que criadores do Twitter, ops, X, não paguem os 30% de comissão à Apple; claro, não vai acontecer

37 semanas atrás

X, a rede social anteriormente conhecida como Twitter, assim como todos os aplicativos, serviços e jogos presentes em dispositivos móveis, paga 30% de comissão à Apple e ao Google sobre todas as movimentações financeiras realizadas (com exceção de assinaturas recorrentes, que é 15%), uma taxa da qual ambas companhias não abrem mão.

Agora Elon Musk, dono do controverso, porém popular site de microblogs™️, acredita ser capaz de fazer o que ninguém conseguiu até agora: convencer Tim Cook, CEO da maçã, a reduzir a porcentagem da cobrança em seus dispositivos, ao abdicar da taxa sobre criadores de conteúdo.

Elon Musk defende que criadores no X não devem pagar os 30% à Apple, mas Tim Cook não abre mão da grana (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Elon Musk defende que criadores no X não devem pagar os 30% à Apple, mas Tim Cook não abre mão da grana (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

A intenção de Musk em reduzir a cobrança de taxas sobre o ex-Twitter vem desde que o bilionário comprou a rede social por US$ 44 bilhões, em outubro de 2022. De lá para cá, ele mais de uma vez mencionou que a comissão de 30% sobre transações, que todo mundo paga, seja no iOS, seja no Android, é alta demais e prejudicial aos desenvolvedores, sejam grandes ou pequenos, e favorece apenas às plataformas da Apple e Google.

Claro que Musk não é único a reclamar disso, a pressão em torno da redução da taxa é antiga e vem de todos os lados, principalmente de apps e estúdios menores, ou de desenvolvedores independentes, mas poucos são os que podem entrar em conflito com ambas gigantes, como a Epic Games, mas mesmo ela não teve sorte.

Tanto Apple quanto Google jogam com a carta do mérito: seu app estar presente no iPhone ou no Android (de forma legal, desconsiderando jailbreaking e sideloading) é um privilégio, não um direito, como a Epic Games defende para Fortnite, inclusive para que o game não pague nada e more de favor para sempre no sistema móvel da maçã. Óbvio, não vai acontecer.

Voltemos ao X. Em novembro de 2022, quando o serviço ainda se chamava Twitter, Elon Musk declarou "guerra" contra a Apple, por esta, assim como várias outras empresas, ter cortado todos os investimentos com anúncios na plataforma, além da celeuma sobre os 30%.

Não obstante, em um artigo publicado pelo The New York Times, Yoel Roth, ex-chefe de Confiança e Segurança do Twitter, afirmou que havia a possibilidade real do app ser removido tanto da Apple App Store, quanto da Google Play Store, por "deixar de oferecer um ambiente seguro" aos usuários, o que violaria ambos Termos de Serviço.

A então promessa, posteriormente cumprida, de reinstaurar contas de usuários bloqueados pelo antigo time de segurança, de Andrew Tate ao ex-presidente dos EUA Donald Trump (só Alex Jones não voltou, porque Musk não é burro), jogou mais lenha na fogueira e colocou o app na mira dos grandes órgãos reguladores; a União Europeia, por exemplo, entrou no modo Tolerância Zero com o X.

Embora muitos digam que a rede social é grande demais e lucrativa, e um banimento seria impossível, Fortnite também era extremamente popular e foi chutado de ambas lojas, quando a Epic Games tentou contornar o pagamento dos 30% dentro das plataformas.

Em dezembro, após um encontro com Tim Cook, Musk disse que a ameça de banir o Twitter do iPhone foi "um mal-entendido", e a veiculação de anúncios foi retomada, mas é fato que o dono da bola não curte ter que pagar os 30%, o que nos traz à declaração dada nesta quarta-feira (2), enquanto falava sobre usuários assinarem as contas de criadores de que gostam, recurso liberado "no mundo todo", menos no Brasil, claro:

"Super importante para apoiar os criadores!

Se você puder, por favor assine quantos criadores for possível nesta plataforma, entre os que você acha interessantes.

Pessoas de todos os cantos do mundo publicam conteúdos incríveis no X, mas muitas vezes vivem em situações difíceis, onde mesmo algumas centenas de dólares por mês mudam suas vidas.

Embora tenhamos dito anteriormente que o X não manteria nada dos pagamentos para si nos primeiros 12 meses, e depois disso recolheria 10%, estamos alterando essa política para que o X não cobre nada para sempre, até que os pagamentos excedam US$ 100.000, e só então, recolheremos os 10%. Os primeiros 12 meses ainda serão gratuitos para todos.

A Apple fica com 30%, mas falarei com Tim Cook e verei se isso pode ser ajustado, para ser apenas 30% do que X mantém para maximizar o que os criadores recebem."

A ideia de Musk diz respeito sobre o dinheiro que os usuários com o recurso de assinatura habilitado fazem na plataforma. Conforme as novas políticas, estes só passarão a pagar 10% sobre o montante ao X após ultrapassem o limiar total de US$ 100 mil, enquanto o primeiro ano continua gratuito para todo mundo.

No entanto, a Apple retira 30% sobre todas as transações realizadas em apps, com exceção de assinaturas, que cai para 15% após o primeiro ano, o que inclui o modelo de criadores do ex-Twitter e outras plataformas, como YouTube e Twitch; sempre que um usuário faz um agrado a um criador via iPhone, iPad, Apple TV ou macOS, Cupertino tira a sua parte sobre tal valor. Fora isso, o X continua pagando os 30% sobre outras movimentações financeiras realizadas em iGadgets.

A ideia de Musk não ruim, e seria uma bem-vinda mudança para os usuários. Sob seu entendimento, qualquer tostão feito por criadores importa, e não é justo que estes fiquem com apenas 70% do que recebem via dispositivos Apple, principalmente quem levanta pequenas quantias. A proposta visa fazer com que a maçã abra mão da cobrança feita sobre os criadores, e se limite a descontar os 30% costumeiros do X.

Obviamente, as chances disso acontecer são efetivamente zero.

A Apple de Tim Cook não se tornou a 1.ª companhia a atingir o valor de mercado de US$ 3 trilhões, abrindo mão de comissões; quem não quiser pagar, que saia do iPhone (Crédito: Reprodução/The Wrap) / twitter

A Apple de Tim Cook não se tornou a 1.ª companhia a atingir o valor de mercado de US$ 3 trilhões, abrindo mão de comissões; quem não quiser pagar, que saia do iPhone (Crédito: Reprodução/The Wrap)

De novo, a Apple joga com o prestígio de seu Jardim Murado, e quem quiser fazer dinheiro em suas plataformas, terá que jogar conforme as regras da casa. O Google não é muito diferente, mas a maçã é irredutível sobre a cobrança dos 30% de todo mundo, sejam de gigantes como o X, ou do criador de vídeos que recebe apenas US$ 50 por mês de seus inscritos. Todo mundo paga, e ponto final.

Além disso, há a questão do precedente e das intenções futuras de Elon Musk. O executivo afirma que quer fazer do ex-Twitter um "app de tudo", que reúne rede social e plataforma de pagamentos, com movimentações financeiras diversas, a exemplo do que ele queria para o PayPal, que ele tentou mudar de nome quando foi seu CEO, para... X.

Caso a Apple abra uma exceção para criadores agora, nada impediria Musk de tentar esticar a corda depois, buscando uma extensão da cortesia ao app como um todo para pagar menos taxas, o que se reverteria em ganhos para a X Corp., a empresa que atendia como Twitter Inc. Para Cook, àqueles que não quiserem pagar a taxa, que não lancem seus apps para o iPhone, e os que tentarem alguma gracinha serão postos para fora a pontapés, como aconteceu com Fortnite.

Musk tenta usar o argumento de que a Apple precisa do Twitter, mas para Cook, é exatamente o contrário, o mesmo pensamento que fez o game mais popular do mundo ser banido de suas plataformas. Cook dispensou várias outras críticas de desenvolvedores a respeito da taxa, mesmo que uma redução ou eliminação da cobrança dos criadores significasse um incremento de usuários, o que seria benéfico tanto para a maçã, quanto para o X.

Ambas empresas não comentaram sobre a declaração de Elon Musk, e a provável conversa entre ele e Tim Cook não tem data para ocorrer, mas todos nós sabemos qual será o resultado.

Fonte: Engadget

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