Emanuel Laguna 9 anos atrás
Para passar por épocas econômicas difíceis, muitas empresas acabam cortando custos de forma até paranoica. Um dos piores cortes que se pode fazer é no marketing: como convencer as pessoas a gastarem seu sofrido dinheiro em produtos com menor exposição, produtos esses que elas não conhecem?
Aí temos o Tegra, uma linha de produtos feitos com puro marketing da nVidia que só começou a virar hardware mobile de verdade no modesto e honesto Tegra 4, utilizado em quinquilharias Android como o Shield Portable. Mesmo começando a ser bom competidor ARM apenas em sua 4ª geração, as aberrações anteriores conhecidas por Tegra 1 a 3 conseguiram fazer a nVidia famosa nos smartphones e tablets, pelo menos entre os fanboys que pouco ou nada entendem de hardware e que adoram ostentar para outros leigos o quanto a compra foi boa. Pura auto-afirmação. Marketing.
Misturando marketing alienígena e hardware real, a camaleão verde de Santa Clara anunciou o Tegra K1 cujo desempenho gráfico é assustadoramente bom quando utilizado em um aparelho não-portátil. Sendo assim, não é surpresa ao vermos a nVidia superar as expectativas dos analistas com os atuais lucros, tendo a receita subido fortemente em comparação com o ano anterior da empresa.
Shield tablet, a nova quinquilharia Android com Tegra K1 (Crédito: nVidia)
O maior destaque dentre os resultados financeiros anunciados é a linha Tegra: do US$ 1,1 bilhão de receita da nVidia no último trimestre, apenas a parte mobile representou 159 milhões de dólares. Mesmo representando pouco mais de 10% da receita, a linha Tegra cresceu 200% em comparação com o mesmo período do ano anterior, principalmente graças ao crescimento do uso do Android em automóveis. O uso do terrível Tegra 2 na maioria desses carros é mero detalhe.
Bom lembrar que embora a receita tenha sido US$ 1,1 bilhão; sendo 13% maior que no respectivo trimestre do ano fiscal anterior, o lucro líquido da nVidia representa 128 milhões de dólares, um crescimento de 33 por cento. Os analistas acabaram sendo surpreendidos pois previam lucro de 20 centavos de dólar por ação e a nVidia anunciou lucro de US$ 0,22/ação no trimestre.
Sobre o uso do encalhe dos Tegra em tablets e carros, o CEO da nVidia Jen-Hsun Huang disse em entrevista que a empresa não tem mais nenhum interesse em investir nos smartphones (Apple sempre rejeitou os Tegra, p. ex.): para ele o Tegra 4 foi uma experiência, um aprendizado para evitar usar os chips em aparelhos tão “triviais e populares” como os telefones celulares (o tio Laguna nunca considerou qualquer Tegra como hardware adequado para smartphones, mas divago).
A ideia da camaleão verde é entregar novas experiências em computação visual e ajudar o Google com o Android L em outros dispositivos potencialmente orientados a jogos mais elaborados. Isso se os desenvolvedores Android conseguirem custear o desenvolvimento desses games através de free-to-play (F2P) e/ou cobrarem mais que os famigerados 99 centavos de dólar, pois a nVidia já deu a entender que não vai mais patrocinar grandes jogos exclusivos para os Tegra tão cedo.
Embora rejeite os smartphones por serem meras commodities, a nVidia não pretende abrir mão da exposição de seu hardware nos futuros tablets Nexus: os novos rumores indicariam o uso de um Tegra K1 com CPU 64 bits e 4 GB de RAM.
Quanto à tela, ela teria uma resolução de 2560 × 1600 pixels para uma diagonal de 8,9 polegadas. Essa combinação resultaria em uma densidade de pixels de 339 PPI, que embora seja alta em relação a um iPad Mini Retina seria inferior aos atuais smartphones Android como o LG G3. De qualquer forma, a tela seria portanto uma versão levemente reduzida (em tamanho) da vista no velho Nexus 10.
Mais um clone do DualShock (Crédito: PC World)
A pergunta que fica no ar: será que um Nexus 9 (ou Nexus 8, sabe-se lá a nomenclatura do Google) com o Tegra K1 concorreria com o Shield tablet ao usar configurações parecidas e o mesmo controle Bluetooth da nVidia? Ou a camaleão verde de Santa Clara vai fazer que nem a Sony e desistir de seu console/tablet dedicado a jogos?
Tudo bem que, assim como o Tegra Note, o Shield tablet da nVidia seria um design de referência que a camaleão oferece em sua loja pra meia dúzia de entusiastas comprarem, mas o Shield Portable nem chegou a ser referência de nada. 😆