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Adaptações de games encontram sucesso nas séries para TV

Após anos sofrendo no cinema, os videogames estão encontrando nas séries para TV um ótimo espaço para adaptações e sucessos começam a surgir

22/04/2024 às 10:04

Durante muito tempo eu ouvi as pessoas defenderem que os videogames nunca poderiam ser bem adaptados para o cinema e as várias péssimas produções que se arriscaram a fazer isso justificavam essa opinião. Porém, após perceber o sucesso que as histórias em quadrinho fizeram na telona e nas séries para TV, alguns estúdios perceberam que essa mudança seria possível mesmo partindo de uma mídia interativa e os últimos meses mostraram que a aposta valia a pena.

Fallout - Séries para TV

Crédito: Divulgação/prime Video

Ao contrário do que acontece com filmes, nas séries para TV os roteiristas contam com muito mais tempo para desenvolver personagens e o próprio enredo, e com o maior investimento feito pelos estúdios, a qualidade dessas produções tem alcançado um nível que muitos consideravam impossível.

Sucessos como as séries baseadas em The Last of Us e Fallout estão fazendo com que muitas pessoas envolvidas com a indústria de games olhem com mais carinho para a TV e uma delas é Rod Fergusson, atual responsável pela franquia Diablo, na Blizzard.

Com os rumores sobre uma adaptação correndo a indústria há mais de seis anos, o executivo foi questionado sobre a possibilidade de o Diablo aproveitar esse crescente interesse tanto do público quanto das produtoras e respondeu o seguinte:

“Sim, eu definitivamente penso que pode funcionar. Essa é uma das coisas que eu realmente gosto sobre o Diablo como uma propriedade intelectual, que é ele ter temas muito relacionáveis por ser o Céu contra o Inferno e a ideia de bem contra o mal. Acho que isso é algo que pode ser transcrito muito bem para algo assim. Você sabe, gostaria de ter algo que pudesse te falar sobre, mas em termos de apenas uma ideia geral, se acho que pode funcionar? Definitivamente acho.”

Fergusson então afirmou que “existem várias ótimas séries recentemente” e ao falar que gostou de Cyberpunk: Mercenários, citou um detalhe importante: a animação fez com que ele voltasse ao jogo da CD Projekt Red.

Cyberpunk: Mercenários (Crédito: Divulgação/CD Projekt Red)

Esse despertar de interesse é algo comum quando uma pessoa gosta de uma adaptação e o Fallout 4 é um ótimo exemplo disso. Mesmo tendo se passado nove anos desde o lançamento do jogo, há muito tempo a criação da Bethesda não atraia tantos jogadores, a ponto do RPG ter alcançado o topo da lista de vendas na Europa, mesmo com ele estando disponível para os assinantes do Xbox Game Pass e do PlayStation Plus Extra.

Isso se deve ao fato de, lá no Velho Continente, as vendas terem aumentado 7500%, mas não pense que foi apenas esse o capítulo que se beneficiou do sucesso da série do Prime Video. Além dele, o Fallout 76 alcançou a 8ª colocação na lista, já o Fallout New Vegas ficou na 9ª, seguido pelo Fallout 3, na 10ª. Mesmo o Fallout Classic Collection (que traz o primeiro e o segundo jogo, além do Fallout Tactics: Brotherhood of Steel) se beneficiou, ocupando a 43ª posição, já o Fallout 2 ficou na 57ª e o título que deu início à franquia, na 70ª.

Ou seja, mesmo não duvidando do desejo de alguns desenvolvedores em ver os universos que ajudaram a criar sendo expandido, não há como ignorar que no fim das contas tudo não passa de negócios. Se bem executada, a adaptação de um jogo em uma série para TV tem o potencial de aumentar as vendas, o que consequentemente pode atrair um público para essas produções, num círculo virtuoso que sem dúvida é o sonho de qualquer empresa com uma propriedade intelectual nas mãos.

Twisted metal - Séries para TV

Twisted Metal é legalzinha (Crédito: Divulgação/Sony Pictures Television)

Por isso, com melhor ou pior desempenho, não surpreende vermos tantas franquias tendo feito esse salto para outra mídia ou se preparando para navegar pelos novos mares. Entre aquelas que surgiram nos últimos anos, podemos citar The Witcher, Halo, Twisted Metal e Resident Evil, só para ficarmos nas que se arriscaram por produções com atores reais.

Já quando se trata de animações, Dragon's Dogma, Castlevania, Arcane e Cyberpunk: Mercenários estão entre as mais bem sucedidas recentemente. Mas seja com live-action, seja com desenhos animados, o fato é que a enxurrada de adaptações mal começou.

Entre as animações que estão despertando a curiosidade de muitas pessoas, temos a Devil May Cry e a Tomb Raider: The Legend of Lara Croft, ambas previstas para estrearem ainda em 2024. Outras bastante promissoras, mas ainda sem data para estreia, são a Dead Cells - The Animated Series, uma baseada no Hyper Light Drifter e outra em Watch Dogs. Porém, a que mais chama minha atenção é a adaptação do fantástico Final Fantasy IX.

Passando para as produções com atores reais, a lista é imensa, então mencionarei apenas aquelas que só não lhes darei uma chance caso as opiniões iniciais sejam muito negativas. São séries para TV baseadas em jogos que tanto adorei, como Alan Wake, Driver, God of War, Horizon, Mass Effect e Final Fantasy.

Alan Wake 2 (Crédito: Divulgação/Remedy Entertainment)

Eu ainda tenho algum interesse pelas adaptações de Brothers in Arms, apesar do medo de ela não passar de um Band of Brother de baixa qualidade; Disco Elysium, mesmo desconfiando que poderá ser apenas um variação de True Detective; Child of Light, que na minha opinião, ficaria melhor como uma animação; ou System Shock, que pode dar uma ótima série de ficção científica, ainda mais numa época em que a inteligência artificial é tão debatida, mas que não conheço tanto o material original.

Mas como sempre, o grande perigo aqui está em como essas séries baseadas em videogames serão produzidas. Para serem bem-sucedidas, essas adaptações precisam optar por dois caminhos: ser o mais fiél possível ao material em que se inspirou ou partir para histórias inéditas, mas que respeitem os jogos.

E é justamente por isso que a The last of Us e a Fallout agradaram tantas pessoas. Enquanto a primeira se preocupou em recontar a história que vimos no jogo da Naughty Dog sem fazer grandes mudanças em seu universo, a segunda aproveitou a tábula rasa que nos é entregue no início de cada aventura e contou a história não de um, mas de três personagens que qualquer um poderia ter criado ao se jogar nos Ermos.

Por isso, quando um estúdio nos entregar uma série como God of War, Alan Wake ou Horizon, eu não espero que ela se distancie muito do que vimos nos jogos. Já um Brothers in Arms, um Driver e até um Final Fantasy, acho que é possível aproveitar uma maior liberdade. Talvez o mais complicado aí seja como tratar o Mass Effect.

Enfim, os próximos anos deverão ser bem interessantes para quem gosta de consumir seus jogos em outras mídias e enquanto o mercado não ficar saturado com tantas adaptações, assim como aconteceu com os filmes baseados em quadrinhos, é bom se preparar para ver muitos jogos serem transformados em séries. Goste ou não dessa estratégia.

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