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TSMC vai cobrar mais caro por chips impressos nos EUA

TSMC alerta: chips impressos fora de Taiwan serão mais caros para produzir, e custos extras serão repassados a seus clientes diretos

22/04/2024 às 8:27

A TSMC vem sendo cortejada há tempos pelo governo dos Estados Unidos, para produzir seus chips de ponta fora de Taiwan, o que não deverá acontecer tão cedo. Embora ela esteja construindo uma grande fábrica de semicondutores no país, esta só deverá ter acesso aos processos de 2 nm no fim da década.

Um dos motivos da relutância para produzir componentes fora de Taiwan é o custo, e agora C. C. Wei, CEO da companhia, deu um recado bem claro a todo mundo: quem quiser chips Made in USA, vai ter que gastar mais grana.

Sede da TSMC em Hsinchu, Taiwan (Crédito: Lam Yik Fei/Bloomberg/Getty Images)

Sede da TSMC em Hsinchu, Taiwan (Crédito: Lam Yik Fei/Bloomberg/Getty Images)

 

TSMC vai dividir custos extras com clientes

Na última quinta-feira (18), a TSMC realizou seu balanço comercial referente ao primeiro trimestre de 2024, e durante a conferência, seu executivo-chefe deu um alerta bem claro aos acionistas, sem medir palavras: segundo Wei, a manufatura taiwanesa terá que atender a demanda global crescente por cada vez mais chips, cada vez mais poderosos, graças ao advento da IA, que evolui em velocidade exponencial.

Todos os seus principais clientes, que incluem Intel, AMD e Nvidia, além da Apple, a quem a empresa dedica total prioridade em seus designs mais novos e potentes (maçã paga muito bem pela preferência e exclusividade), entraram de cabeça na onda das soluções generativas, e das 4 grandes, apenas a Intel imprime seus designs e terceiriza uma parte para os taiwaneses; as demais são fabless, não possuem fábricas integradas de semi componentes, só desenham os esquemas e os repassam para as manufaturas.

A TSMC, assim como a Samsung, preparam-se para entrar com tudo na produção de chips impressos na litografia de 2 nanômetros, algo que os governos dos EUA e Índia querem que seja feito em seus territórios agora. A empresa já avisou, com todas as letras, que isso não vai acontecer tão cedo, as novas fábricas em construção no solo norte-americano, respectivamente nos estados de Arizona e Texas, deverão começar os trabalhos com processos mais antigos e fáceis de serem implementados fora de seus quintais.

Os taiwaneses, por exemplo, já avisaram que sua unidade dos EUA começará a operar em 2025, produzindo chips de 4 nm, no melhor cenário possível; o processo de 3 nm será iniciado em 2028, e o de 2 nm, apenas em 2030. E não adianta o presidente Joe Biden bater o pé, dizendo que quer os chips mais modernos produzidos em casa para ontem, os planos não serão revistos.

Um dos motivos pelos quais TSMC, Samsung e seus clientes relutaram por anos a produzir chips e outros produtos de tecnologia nos EUA, é o custo. Suas linhas de produção em Taiwan e na Coreia do Sul já são devidamente azeitadas, e contam com uma rede ancilar muito bem estabelecida. Olhando para a Apple, esta depende de outros componentes fornecidos por companhias como a Foxconn, instaladas na China, onde o custo hora-homem do trabalhador chinês é bem inferior quando comparado ao do americano, because of reasons.

Nos EUA, as disputas entre a TSMC e o governo Biden complicaram as coisas. Washington, sempre no modo "fritas acompanham?", quer tudo e quer agora, leia-se processadores de última geração e com preços competitivos, para fomentar a competição local e internacional, colocando o país na liderança global do setor (sendo justo, a administração Trump também botou bastante pressão na empreitada). A Apple já disse que pretende comprar componentes feitos em casa, para usar em seus produtos.

Porém, Wei tratou de jogar um balde de água gelada em todo mundo: não só a produção de chips não será alinhada com o desenvolvimento em Taiwan, como o preço final de componentes impressos em outros países será mais alto, e devidamente repassado para seus clientes. E adivinha quem vai pagar a conta no final? O consumidor, claro.

Fábrica da TSMC em construção no Arizona; 2 nm só em 2030, e vai sair mais caro (Crédito: divulgação/TSMC)

Fábrica da TSMC em construção no Arizona; 2 nm só em 2030, e vai sair mais caro (Crédito: divulgação/TSMC)

Os motivos dados pelo CEO da TSMC são mais simples do que alguns podem pensar, entretanto. Wei explicou, na conferência com acionistas, que os custos envolvendo gastos com energia elétrica, além da inflação, variam conforme o país, e essa flutuação será devidamente reajustada nos preços dos componentes praticados.

Como os clientes diretos da TSMC vão pagar mais caro pelos chips impressos nos EUA (Wei disse que era o que eles queriam para início de conversa, então que arquem com as consequências), o preço final dos produtos usando esses componentes será inevitavelmente maior, pois ninguém gosta de perder dinheiro.

Segundo a transcrição da conferência, publicada pelo site The Motley Fool, o CEO disse o seguinte:

"Nós esperamos que nossos clientes dividam uma parte do custo maior (para produzir chips fora de Taiwan) conosco, e já estamos negociando com eles a respeito (...). De modo a implementar nossas fábricas no exterior, nós queremos que os custos sejam compartilhados, o que também inclui a flexibilidade da localização geopolítica, ou algo assim.

Se um cliente nosso pede que nós nos instalemos em uma determinada localidade, então a TSMC e o cliente têm que definitivamente compartilhar os custos adicionais."

Wei disse que cada país em que a TSMC se instalar terá sua própria estratégia de preços, alinhados com a realidade de cada região e baseando-se também na concessão (ou não) de subsídios pelos governos locais. A companhia não informou de quanto será esse aumento, mas com base em conversas realizadas em 2023 no mesmo tema, o incremento nos custos pode chegar a uma média de 30%, que definitivamente impactará nos preços dos produtos finais, tão logo eles comecem a chegar à rede varejista.

O governo dos EUA recentemente concedeu subsídios à TSMC no valor de US$ 11,6 bilhões, o que poderá amortizar os custos extras; além deste e da Índia, a TSMC abriu uma fábrica no Japão, e pretende instalar outra na Alemanha.

Fonte: ExtremeTech

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