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TSMC e Samsung: chips de 2 nm impressos só em casa

Mesmo com fábricas nos EUA e outros países, TSMC e Samsung produzirão chips de 2 nm apenas em Taiwan e Coreia do Sul, respectivamente

06/02/2024 às 10:27

A TSMC e a Samsung se preparam para iniciar a produção em larga escala de seus semicondutores no processo de impressão de 2 nanômetros. A previsão é de que os primeiros chips cheguem ao mercado consumidor entre 2025 e 2026, mas ambas gigantes já decidiram manter o novo limiar em casa.

As duas companhias abriram fábricas em outros países, da Índia aos Estados Unidos, mas ao menos por enquanto, os chips de 2 nm sairão apenas das sedes, sendo Taiwan para a TSMC, e Coreia do Sul para a Samsung.

Detalhe de wafer de chips de silício (Crédito: Shutterstock)

Detalhe de wafer de chips de silício (Crédito: Shutterstock)

A informação veio do jornal sul-coreano publicado em inglês The Korea Times, e esta foi confirmada e repassada pelo South China Morning Post. As empresas do oriente, assim como a Intel, estão correndo para aprimorar seus processos de litografia, e entregar os primeiros processadores em 2 nm quanto antes.

Em tese, as três manufaturas prometem apresentar as soluções para parceiros e consumidores em 2025, a Intel com processadores Core para laptops e desktops, a Samsung com chips em seus smartphones Galaxy de ponta, e a TSMC com a (provável, via compra do lote inteiro) exclusividade dos chips AX da Apple, nos iPhones Pro e Pro Max de 2026.

A questão principal, seria onde esses semicondutores poderiam ser impressos. Há uma pressão mais do que conhecida do governo dos Estados Unidos, iniciada na gestão Trump e mantida na Biden, para que foundries instalem suas linhas de produção no território norte-americano, e produzam seus chips mais avançados lá.

Além da América, o governo da Índia também está estimulando Samsung e TSMC a abrirem fábricas no país, mas uma empreitada do tipo é muito cara, dada a complexidade. A gigante sul-coreana, por exemplo, calcula que irá gastar ₩ 300 trilhões (~US$ 225,84 bilhões, cotação de 06/02/2024) com um novo complexo já em construção, mas em casa.

TSMC e Samsung possuem fábricas de chips nos EUA, respectivamente em Phoenix, Arizona e Taylor, Texas, mas ambas adiaram o início de suas atividades para 2025, e olhe lá; de qualquer forma, e ao contrário do desejo da Casa Branca, nenhuma produzirá os chips de ponta e mais avançados.

Ao invés disso, as duas empresas direcionarão as linhas de produção norte-americanas para designs a partir de 4 nm, com a TSMC passando aos 3 nm no futuro, talvez em 2026.

Mark Liu (de perfil), presidente da TSMC, conversa com Joe Biden durante visita deste à construção da fábrica de chips no Arizona, em foto de dez/2022 (Crédito: Jonathan Ernst/Reuters)

Mark Liu (de perfil), presidente da TSMC, conversa com Joe Biden durante visita deste à construção da fábrica de chips no Arizona, em foto de dez/2022 (Crédito: Jonathan Ernst/Reuters)

Segundo as informações apuradas, a Samsung irá investir adicionais ₩ 500 trilhões (~US$ 376,49 bilhões) em outro novo complexo em sua "cidade digital", nas cercanias de Seul, com 13 linhas de produção de chips avançados, e dois centros de Pesquisa e Desenvolvimento, que de deverá estar concluído até 2047. Não obstante, as unidades já em funcionamento começarão a imprimir em massa, no processo de 2 nm, em 2025. E só lá.

Da mesma forma, a TSMC elegeu as unidades de Hsinchu e Kaohsiung, em Taiwan, como as exclusivas para a produção de seus componentes de mesma litografia, ainda que haja algumas diferenças nos processos entre as empresas (sempre há). Ao mesmo tempo, a empresa aguarda aval do governo para a construção de um novo complexo em Taichung, também para semicondutores de ponta. Para o exterior, apenas processos devidamente "maturados".

O motivo é bem simples, na verdade: introduzir uma nova litografia é um processo trabalhoso, complexo e muito custoso, e tanto a Samsung quanto a TSMC não estão propensas a gastar de forma desnecessária para implementar linhas de ponta, que dependem de instalações pristinas e toda uma cadeia ancilar, fora de seu quintal, onde tudo está devidamente encaminhado e azeitado, e mais importante, com as despesas controladas.

Isso não quer dizer que Samsung e TSMC estão cortando investimentos para aumentar o raio de sua cadeia de produção de chips, muito pelo contrário. O estabelecimento de novas fábricas nos EUA vai gerar empregos, agradando políticos locais, o que se reverte em subsídios e novas oportunidades de negócio, mas ambas o farão produzindo semicondutores em litografias mais altas, no que suas linhas de produção são mais fáceis de instalar; para 2 nm, na fase final de refinamento, implica em trazer P&D também, o que encarece em muito a empreitada.

Por razões geopolíticas, Biden e outros líderes mundiais querem que TSMC e Samsung tragam as linhas de produção de seus chips mais poderosos para seus territórios, mas ao que tudo indica, isso não deverá acontecer. Os 2 nm só deverão desembarcar nos EUA, quando ambas já estiverem dentro do 1 nm em casa, se tanto.

Fonte: The Korea Times

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