Emanuel Laguna 10 anos atrás
Semana passada a nVidia lançou na CES 2014 o seu novo chip mobile, o Tegra K1. Com um aparentemente impressionante número de 192 núcleos CUDA constituindo sua GPU, tal SoC ARM parecia indicar que 2014 seria finalmente o “Ano do Tegra” (bem antes de ser o Ano do Linux), com um hardware mobile da nVidia que finalmente cumpriria as promessas de ser competitivo frente aos chips da Qualcomm e Apple, deixando de ser mero hype anual de marketing.
Bom, o Tom's Hardware pôs as mãos num hardware real com o Tegra K1 e acabou fazendo os devidos benchmarks.
O aparelho testado é o Lenovo ThinkVision 28, um belo produto apresentado na CES 2014 que é posicionado como um monitor profissional, tendo resolução 4K (3840×2160) em suas belas 28 polegadas e que internamente roda Android. Tal monitor será lançado comercialmente em julho na faixa dos US$ 1.000,00. Embora seja vendido como um simples monitor, ele faz parte da tendência de mercado “PC Plus”, que pretende popularizar cada monitor como uma Smart TV em potencial (e uma mínima diferença de preço), daí o uso de um SoC ARM barato de 32 bits.
Vamos ao que interessa, aos benchmarks:
O teste no 3DMark foi feito forçando uma resolução 720p em todos os quatro dispositivos envolvidos, assim temos um mesmo parâmetro em comum (a pontuação) sem depender da resolução nativa de cada aparelho.
De acordo com a figura que abre o presente texto, a versão 32 bits do Tegra K1 estaria operando aos 2,0 GHz; o que é 300 MHz abaixo do máximo suportado então isso explica o porquê de o desempenho em física ser semelhante ao Tegra 4 (contido no Tegra Note 7) pois este SoC usa basicamente os mesmos quatro núcleos Cortex-A15. De qualquer forma, o Tegra K1 vence o Snapdragon 800 (que roda a até 2,26 GHz no Nexus 5) e o Apple A7 (iPhone 5S) por grande vantagem.
Aqui temos o teste no GFX Bench, que seria um benchmark mais próximo de um jogo tridimensional, com vários efeitos gráficos pesados incluindo física e iluminação em tempo real. No caso, temos todos os aparelhos rodando o GFX Bench em Full HD para termos um mesmo parâmetro em comum (taxa de frames por segundo) sem depender da resolução nativa de cada dispositivo. Lembrando que todos os aparelhos estão rodando a versão 2.7 do GFX Bench (a mais recente é a versão 3.0) pois era a que estava instalada no Lenovo ThinkVision.
O outro teste no GFX Bench roda na resolução nativa do aparelho e podemos perceber que o Apple A7 leva boa vantagem pois é justamente o dispositivo cuja tela possui resolução menor (640×1136). Lembrando que a GPU do Apple A7 (PowerVR G6430) possui apenas 128 núcleos.
Como o AnTuTu é um benchmark que avalia o uso geral do sistema e a maioria dos dispositivos aqui são Android, não faria sentido incluir o iPhone 5S na comparação. De qualquer forma, o Tegra K1 acaba perdendo do Tegra 4 por leve margem mas isso apenas indica que a CPU do Tegra K1 está em freqüência abaixo do máximo suportado.
Considerações finais, o que realmente importa
Supondo que os valores das freqüências do Tegra K1 contido no monitor 4K da Lenovo estejam corretas, ou seja, 2,0 GHz para a CPU quadcore 32 bits e 800 MHz para a GPU (com 192 núcleos CUDA) teríamos realmente um formidável chip mobile para um futuro Shield 2, cujo desempenho seria muitíssimo maior que o PlayStation Vita.
Só que o tio Laguna duvida muito que tais resultados se mantenham num smartphone equipado com o Tegra K1: o Lenovo ThinkVision viverá sempre ligado à tomada e tablets contam com baterias enormes.
No lançamento do Tegra K1, avisei que o chip chegando próximo às suas freqüências máximas (5 watts-hora) esgotaria a bateria normal de um smartphone em pouco mais de um hora. Detalhe: isso é somente o SoC. Não estamos levando em conta a tela do aparelho, câmeras e conectividade 2G/3G/LTE/Wi-Fi/Bluetooth.
Estimo que um iPhone 5S todo talvez consuma uns 2,4 Wh em situação de estresse máximo, que seria jogando um game tridimensional online de realidade aumentada via 3G com a tela no brilho máximo usando joystick Bluetooth.
O grande problema dos Tegra 1 a 3 era que a nVidia disponibilizava hardware de referência para os benchmarks e depois o povo se animava, correndo comprar a “GeForce de bolso” achando que seu smartphone ou tablet teria um desempenho semelhante ao dos consoles. Pena que o pessoal acabava esquecendo que hardware de referência não tem compromisso algum com um produto real.
O Lenovo ThinkVision é um produto real que não é portátil e nem depende de uma bateria, mas teve a CPU colocada abaixo da freqüência máxima. Seria por causa da dissipação térmica ou o rendimento de chips da nVidia que atinjam a freqüência máxima ainda é baixo neste momento?
O Tegra K1 de 32 bits venceu Apple A7 e Snapdragon 800 com todas as condições favoráveis para tal, mas o tio Laguna prefere aguardar pelos benchmarks da versão 64 bits do Tegra K1 bem como o Snapdragon 805, ambos em smartphones e tablets comerciais.