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Ainda há esperança pelo Beyond Good and Evil 2?

Anos se passaram desde a revelação do Beyond Good and Evil 2 e após Michel Ancel deixar o projeto, ainda queremos acreditar no lançamento de um bom jogo

3 anos atrás

Com o seu desenvolvimento podendo ser considerado um verdadeiro passeio de montanha-russa, seguimos sem maiores informações sobre quando o Beyond Good and Evil 2 será lançado, mas mesmo depois do projeto perder o seu criador, o alto escalão da Ubisoft segue afirmando que um dia ainda teremos a oportunidade de jogá-lo. A pergunta que continua sem resposta é: será?

Beyond Good and Evil 2

Crédito: Divulgação / Ubisoft

Lançado em 2003, o Beyond Good and Evil é um jogo que não se tornou um sucesso comercial, mas que acabou ganhando o status de clássico cult. Ambientado num universo povoado por animais antropomórficos e com o seu ótimo enredo falando sobre governos opressores, ele ainda brilhava por contar com uma jogabilidade muito divertida. Tudo isso fez com que os fãs criassem uma enorme expectativa por um continuação, mesmo porque o game designer Michel Ancel sempre deixou claro que havia imaginado a história como uma trilogia.

Pois quando em 2008 o francês disse durante uma entrevista à revista Jeuxvideo que estava trabalhando na pré-produção do Beyond Good and Evil 2 e que só precisava da aprovação da Ubisoft, o sonho pareceu estar se tornando realidade. E bastaram alguns dias para que a empolgação dos jogadores escalasse níveis bem altos, já que durante um evento a editora divulgou o trailer de novo projeto de Ancel, onde além de utilizar músicas do primeiro jogo, ainda mostrava dois personagens que pareciam os protagonista do original, Jade and Pey'j.

Desde então, o que vimos foi um show de confusões, mau gerenciamento e desinformação. De vazamentos de gameplay até mudanças drástica no enredo, passando ainda por seguidas especulações de que o projeto havia sido cancelado, houve até quem garantisse que a Nintendo estaria bancando a produção e Ancel ainda teve que dividir o seu tempo com a criação de outros dois projetos, o Rayman Legends e o Wild (que também ainda não foi lançado).

Com tantos problemas se acumulando, era difícil continuar tendo alguma esperança de que o título ainda tinha futuro, mas durante a E3 de 2017 a Ubisoft resolveu fazer o seu anúncio oficial. Mesmo sem maiores informações, aquilo mostrava que a empresa ainda acreditava no projeto, mas foi só no ano seguinte que o estúdio responsável pelo título nos deu um vislumbre de como estava ficando sua jogabilidade. Eu gostei muito do que vi, mas ainda havia uma grande reviravolta guardada para o Beyond Good and Evil 2.

O adeus de Michel Ancel

Pegando todos de surpresa, no dia 18 de setembro Michel Ancel utilizou sua conta no Instagram para avisar que, após 30 anos de carreira, estava se aposentando como game designer. O francês afirmou que a partir daquele momento passaria a focar na sua segunda paixão, que é a vida selvagem e o seu novo projeto seria “um santuário aberto dedicado à educação, amantes da natureza e… animais selvagens,” uma mudança bastante significativa.

Na ocasião Ancel disse que os fãs não precisariam se preocupar com o Beyond Good and Evil 2, já que há muitos meses as equipes responsáveis pelo desenvolvimento vinham trabalhando de maneira autônoma e com tudo correndo muito bem. Mas se o artista saiu falando coisas boas sobre aqueles com que trabalhou, pelo jeito nem todos tinham elogios a fazer sobre ele.

De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal Liberation, diversas pessoas que participaram da criação do jogo teriam classificado a gestão de Ancel como tóxica e desorganizada, com as constantes mudanças no projeto sendo única e exclusivamente de sua responsabilidade. Isso fez com que vários membros da equipe chegassem à exaustão e até entrassem em depressão.

Sempre querendo deixar sua marca e sendo capaz de elevar o ego de um profissional, para logo depois desmoralizá-lo completamente durante uma reunião, Michel Ancel supostamente ainda contava com o aval do CEO da empresa, Yves Guillemot, já que de acordo com as fontes que foram ouvidas, o executivo não queria abrir mão de ter uma “estrela da indústria”, pois isso elevava o status da companhia.

Por sua vez, o game designer admitiu que havia um clima pesado durante o desenvolvimento, mas que é preciso levar em conta o contexto, assim como o tamanho e a complexidade de um jogo como este. Além disso, ele afirmou que ficou sabendo em agosto da investigação que Guillemot estava fazendo sobre o seu comportamento e o de outros líderes de projetos da Ubisoft.

Crédito: Divulgação / Ubisoft

Para a Ubisoft, segue tudo bem

Mas e quanto ao Beyond Good and Evil 2? Estaria mesmo o seu desenvolvimento numa situação tranquila? Pois ao participar recentemente de uma conferência sobre o faturamento da empresa, Yves Guillemot se pronunciou sobre o andamento do projeto e tentou acalmar os participantes. Ele disse:

O jogo está progredindo bem. O mundo é realmente fantástico. Como vocês podem ver, a Netflix também decidiu pegar este universo e criar um filme com ele. Então há muito progresso naquela equipe e o jogo está indo muito bem.

Numa indústria em que o blefe ou a omissão de informações são atitudes tão comuns, eu sinceramente não esperava que o CEO da Ubisoft tivesse uma postura diferente. Mas a verdade é que hoje é muito difícil ter certeza sobre a quantas anda o desenvolvimento do jogo e depois de tantos desencontros, como confiar plenamente nas palavras de Guillemot?

Como alguém que gosta tanto do original e que por tanto tempo tem pacientemente esperado sua continuação, eu ainda tento me esforçado para manter alguma esperança pelo lançamento do BGE2, mas é óbvio que pouco a pouco este sentimento está sendo minado.

Fonte: Eurogamer.

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