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Resenha — O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (sem spoilers)

O melhor filme desde O Julgamento Final, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio acerta onde todas as sequências erraram

4 anos atrás

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio é o terceiro filme da franquia produzido por James Cameron, que voltou para por ordem na casa, que andava meio bagunçada; com ele também retorna Linda Hamilton, a primeira e verdadeira Sarah Connor, em uma história que mais uma vez conta com o governator Arnold Schwarzenegger, todos acompanhados de novas caras em uma trama similar, mas bem diferente.

Paramount Pictures / Fox Film / O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Velhos amigos, novos inimigos

Antes de mais nada, esqueça TUDO sobre as obras lançadas após O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final. De modo a contar a história que queria, James Cameron fixou Destino Sombrio como uma sequência direta de seus dois filmes, lançados em 1984 e 1991, fechando uma trilogia.

Dessa forma, os filmes A Ascensão das Máquinas, A Salvação e Gênesis, bem como a série The Sarah Connor Chronicles foram movidos para "realidades alternativas", deixando de ser canônicos. Isso posto, sigamos em frente.

Como visto anteriormente, o futuro em que a Skynet destruiu o mundo foi evitado graças a Sarah Connor (Linda Hamilton) e seu filho John (Edward Furlong), o destinado a ser o líder da resistência humana, com a ajuda de um exterminador T-800 Modelo 101 reprogramado (Arnold Schwarzenegger). No entanto, Sarah não teve o final feliz merecido e passou as últimas décadas caçando e mandando para a vala refugos de uma linha temporal que não existe mais.

Paramount Pictures / Fox Film / O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Porém, o destino da humanidade não mudou: outro inimigo destruiu o mundo da mesma forma que a Skynet e usou o mesmo método de enviar um exterminador para o passado, de 2042 para 2019, de modo a se livrar de uma nova figura-chave para a resistência humana: uma jovem mexicana chamada Daniella "Dani" Ramos (a colombiana Natalia Reyes, protagonista da novela Lady, la vendedora de rosas).

Os humanos, por sua vez enviaram a soldado Grace (Mackenzie Davis, a Mindy Park de Perdido em Marte), que foi convertida em uma ciborgue para proteger Dani e em teoria, resistir aos ataques do mais mortífero exterminador jamais visto, o Rev-9 (Gabriel Luna, o Robbie Reyes/Piloto Fantasma de Agentes da S.H.I.E.L.D.), uma espécie de T-101 com pele de metal líquido, o que lhe permite se dividir em duas unidades autônomas igualmente letais.

Uma série de acontecimentos acaba por unir Dani, Grace e Sarah, que precisam sobreviver a todo custo (basicamente, Dani é o que Connor foi no primeiro filme) e para isso, acabam por se aliar ao último T-101 que restou, um que acabou levando uma vida humana por quase 30 anos e por causa disso, acabou encontrando um outro propósito.

Paramount Pictures / Fox Film / O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Pondo ordem na linha do tempo

A volta da trinca Cameron/Hamilton/Schwarzenegger fez um bem danado a Destino Sombrio. Embora o primeiro seja apenas produtor por continuar ocupado com quatro sequências de Avatar, ele deixou parâmetros para o diretor Tim Miller (Deadpool) seguir e usar seu estilo próprio.

A dinâmica entre Sarah Connor, a mulher que ODEIA exterminadores e o T-101, o "robô sensível" (pero no mucho, afinal é o Arnold) que quer ajudar é bem interessante. A outrora heroína da série é uma mulher velha e quebrada, que está p... da vida 24/7 e só ajuda Grace e Dani porque ela já esteve na mesma situação antes, além do fato de que se há exterminadores para destruir, ela é a melhor companhia que você pode ter.

Os quase 30 anos a mais nas costas não pesaram tanto assim para Hamilton, que continua chutando bundas e explodindo tudo como em O Julgamento Final, enquanto Grace é uma nova porradeira de primeira linha. Além de saber usar diversas armas, ela é perita em combate desarmado e dá boas surras no decorrer do filme.

Paramount Pictures / Fox Film / O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Já a pobre Dani, a personagem central da trama é uma versão latina da Sarah em O Exterminador do Futuro, mas menos gritadeira: ela passa rapidamente por aquela situação em que o seu mundo ruiu para uma mulher que chama a responsabilidade de sua própria sobrevivência para si, e tal como aconteceu em Alita: Anjo de Combate, é ela quem protagoniza o clássico momento "agora é pessoal", presente em todos os filmes de James Cameron.

O T-101 de Schwarzenegger em si é bem diferente, quando comparado ao visto em O Julgamento Final ou nas sequências não-canônicas). Assim como em Gênesis ele envelheceu (a pele que o reveste é clonada e não sintética, o que explica isso) e por ter ficado para trás, teve muito tempo para "pensar" na "vida", o que o levou a trilhar um caminho... incomum.

Mais importante, ele aparece pouco, da segunda metade do filme para o final. Um dos acertos de Miller foi focar a trama no trio feminino, que são as humanas que no fim das contas, serão a chave para resolver o conflito e virar o jogo sobre as máquinas. Schwarzenegger é destaque mas a trama funciona com ele como acessório, não como principal. Ele é como a Capitã Marvel em Vingadores: Ultimato, essencial mas não é decisivo, porque não é sua história para contar.

Já o Rev-9 mistura a determinação implacável do T-101 original e do T-1000, com uma certa dose de carisma que os exterminadores assassinos não tinham. Gabriel Luna sorri e faz piadas quando interage com humanos, algo totalmente ilógico para as máquinas da Skynet, mas que fazem sentido aqui, considerando a origem do inimigo.

Paramount Pictures / Fox Film

Essa "camaradagem" por parte do Rev-9 o torna ainda mais letal e imprevisível, pois ele pode ser uma máquina assassina implacável, que trabalha dobrado para cumprir sua missão de matar Dani, mas ele faz o tipo do vilão carismático, que você sabe que pode te matar a qualquer momento, mas chega a ser simpático. É o tipo de coisa que um Ted Bundy da vida explica.

Conclusão

Destino Sombrio foi a forma que James Cameron encontrou para arrumar a casa, bagunçada ao extremo após quase 30 anos de presepadas de diversos estúdios e distribuidoras (a marca passou por Sony/TriStar/Columbia, Warner, Paramount e Fox). Ao criar uma história que se conecta diretamente a O Julgamento Final e ignorar todo o resto, o produtor pôde amarrar pontas soltas de uma história e deixar o plano aberto para outra, similar, mas diferente.

O filme é também uma passada de tocha: esta é a última vez em que veremos Arnold Schwarzenegger como o exterminador T-800 Modelo 101, fora que Linda Hamilton age aqui como uma tutora (de saco cheio o tempo todo) da personagem de Natalia Reyes, que será a protagonista da franquia de agora em diante.

Paramount Pictures / Fox Film

O filme de Tim Miller pega o que deu certo nos dois primeiros filmes e entrega uma espécie de refilmagem d'O Exterminador do Futuro, com melhores efeitos e personagens que evoluem um tanto rápido demais (Dani pula de chorona para badass de uma forma que Sarah Connor não fez no primeiro filme), mas você se importa com eles.

Destaque para as cenas de ação com Mackenzie Davis, que está excelente como Grace e para o Rev-9 de Gabriel Luna, que chega a ser mais "amigável" entre todas as máquinas assassinas vistas na franquia, o que o torna ainda mais perigoso; além disso, a ideia de um exterminador 2 em 1 foi muito bem executada.

No mais, O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio é bem-sucedido onde as três sequências de O Julgamento Final falharam: ser um filme de ação frenético onde você se importa com os heróis, focar nos humanos e não no T-101 (menos Arnold é mais, sempre foi) e te deixar empolgado para descobrir o que o exterminador vai aprontar a seguir.

Nota:

Cinco de cinco Camerons.

Fox / Terminator: The Sarah Connor Chronicles / 5 de 5 Camerons / O Exterminador do Futuro

O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio estreia dia 31 de outubro nos cinemas de todo o Brasil.

 

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