Ronaldo Gogoni 8 anos atrás
A gente dificilmente vai esquecer da grande comédia de erros que foi o lançamento do BlackBerry PlayBook em 2011: lançado de forma completamente amadora e às pressas, o tal “iPad Killer” não tinha nem E-MAIL (ela sugeriu que usassem webmail na época), muito menos acesso ao serviço de mensagens da própria BlackBerry.
O mesmo tablet que teve um recall de 1.000 unidades que não deixavam o usuário aceitar os Termos de Uso, teve um corte de preço absurdo e mesmo assim não saiu, obrigando a BlackBerry a oferecê-lo no esquema leve três pague dois… teve de tudo com aquela coisa, até roubo de 5.000 unidades por ladrões que obviamente não sabiam o problema que arranjaram.
A lógica diz que a companhia canadense jamais tentaria de novo, porque o fiasco do PlayBook só não foi pior que o naufrágio do Touchpad da HP, morto em 49 dias. Só que o CEO John S. Chen está disposto a arriscar, mas com uma condição.
Em entrevista o executivo deixou claro que a BlackBerry não está disposta a lançar um novo tablet apenas para dizer que tem um, o que é compreensível: a companhia está vagarosamente se recuperando da crise em que ela mesma se meteu, concentrando seus esforços onde ela sempre se destacou que é o mercado corporativo. Muita gordura teve que ser cortada (incluindo funcionários para permitir a compra de um jato, mas divago) e ao que tudo indica as coisas agora estão entrando nos trilhos, com a empresa se permitindo lançar alguns produtos mobile como o Leap.
Caso a empresa venha a cometer um novo tablet ele deverá ser icônico ou como diz Chen, “icônico”. Isso é algo difícil de aceitar considerando o histórico da BlackBerry, que passou anos olhando pro céu e não viu a água bater na bunda, mas pode ser que a crise tenha ensinado algo à cúpula da empresa. Só que daí a querer lançar um tablet memorável é um pouco difícil. A concorrência é desleal, o hardware de referência é o iPad e todo mundo se pauta nele. Mesmo dispositivos Android excelentes como os Nexus não conseguem ofuscar o brilho do aparelho da maçã.
É direito de Chen querer lançar um produto memorável, embora eu não acredite que algo vindo de uma empresa cujo ex-CEO disse que tablets não são um modelo de negócios interessante venha a ser revolucionário. Ainda mais quando o executivo-chefe considera a sério que o futuro tablet poderia sim se chamar... PlayBook 2.
Fonte: C.