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IA: Sam Altman quer US$ 7 trilhões para produzir chips

CEO da OpenAI deseja levantar fundo superior ao PIB do Brasil em 2022, para expandir a produção de chips voltados a IA nos Estados Unidos

12/02/2024 às 10:11

Sam Altman, o CEO da OpenAI, empresa responsável pelo ChatGPT e parceira da Microsoft no Copilot, deseja levantar uma enorme cifra a fim de alavancar a produção de semicondutores, destinados à Inteligência Artificial (IA):

O executivo está buscando aporte de investidores para levantar de US$ 5 trilhões a US$ 7 trilhões, um valor mais de três vezes superior ao PIB brasileiro em 2022 (R$ 10,1 trilhões, ou ~US$ 2,038 trilhões, cotação de 12/02/2024).

Não deu para evitar (Crédito: Reprodução/New Line Cinema/Warner Bros.)

Não deu para evitar (Crédito: Reprodução/New Line Cinema/Warner Bros.)

OpenAI: chips para IA, Made in USA

A quantia pantagruélica estimada por Altman parece uma piada de mau gosto, não só por superar o PIB de vários países, e alcançar quase um terço do dos EUA em 2022 (US$ 25,44 trilhões), mas também por superar o capital de todo o mercado de semicondutores global, e ficar acima do capital de Apple e Microsoft, as duas companhias mais valiosas do planeta, somadas.

A proposta insana de Altman se baseia na necessidade futura de mais semicondutores dedicados ao desenvolvimento de IAs generativas. Embora hoje apenas algumas companhias e institutos têm dinheiro suficiente para consumir os chips produzidos hoje, no que a Nvidia domina o mercado virtualmente sozinha (sendo a companhia de Santa Clara uma fabless, ela só os desenvolve, enquanto a TSMC imprime), em um cenário não tão distante, o executivo acredita que a oferta não será capaz de atender a demanda.

Nem é preciso entrar no DeLorean, clientes hoje já reclamam que a Nvidia não consegue produzir a H100, a GPU corporativa para IA mais poderosa do mercado, em uma quantidade que atenda os consumidores, e Intel e AMD ainda não desenvolveram nada que chegue perto da tecnologia CUDA, e seus produtos dependem de força bruta para entregar os mesmos resultados, com uma eficiência significativamente menor.

Os planos de Altman visam não só dar uma margem de folga para o ChatGPT e os projetos tocados com a Microsoft, mas também viabilizar seu sonho, desenvolver a primeira IA geral/forte, ou seja, consciente, algo que segundo Roger Penrose (em A Mente Nova do Rei) e Miguel Nicolelis (em O Cérebro Relativístico), é algo inalcançável, ao defenderem que a consciência opera no nível quântico, logo, não seria computável, nem possível de ser emulada em uma Máquina de Turing, algo que estudos recentes apontam ser o caso.

Mesmo sem uma IA consciente, a necessidade por novos e mais potentes semicondutores voltados especificamente para o desenvolvimento de evolução do setor se faz necessária, segundo Altman, e definitivamente ele não está falando do usuário médio, que se vira com uma GPU gamer da Nvidia para criar waifus virtuais. O executivo está mirando em produtos de larga escala, para tomadas de decisão em diversos níveis e setores, além de outras aplicações escaláveis.

Sam Altman, CEO da OpenAI, durante depoimento ao Senado dos EUA, em maio de 2023 (Crédito: Eric Lee/Bloomberg) / IA

Sam Altman, CEO da OpenAI, durante depoimento ao Senado dos EUA, em maio de 2023 (Crédito: Eric Lee/Bloomberg)

Para tornar seu plano Dr. Evil-like realidade, Altman tem se reunido com gente como Gina Raimondo, secretária do Departamento de Comércio dos EUA (que recentemente puxou a orelha de Jensen Huang, CEO da Nvidia, por este insistir em manter a China na lista de clientes de chips avançados), o sheik Tahnoun bin Zayed al Nahyan, chefe do Conselho de Segurança dos Emirados Árabes Unidos, e diversos investidores e parceiros comerciais.

A ideia do CEO da OpenAI consiste em estabelecer novas foundries nos Estados Unidos, para a produção local de componentes específicos para IA, estas sendo tocadas pelas companhias já experientes no setor (óbvio que a Nvidia encabeçaria a lista). Nesse plano, a companhia de Altman seria um cliente prioritário para a compra dos chips.

Altman não está sozinho nessa, se olharmos o déficit na produção geral de processadores, e a diminuição do protagonismo dos EUA frente a companhias da China, Taiwan e Coreia do Sul. O governo Biden, por exemplo, anunciou na última sexta-feira (9) que vai investir US$ 5 bilhões para fomentar o setor local, em P&D e mão-de-obra.

Segundo o Financial Times, a receita da OpenAI hoje é de US$ 2 bilhões, mas mesmo sendo uma das companhias de tecnologia que cresce mais rápido, podendo chegar a US$ 4 bilhões, segundo estimativas, dado o interesse crescente em IA, justificar um investimento de US$ 7 trilhões, ainda que em um plano de longo prazo (similar ao da Samsung em casa), para estimular um mercado que muita gente ainda trata como a bolha da vez, não é uma tarefa fácil.

Fonte: The Wall Street Journal

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