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Rússia quer dominar ranking de supercomputadores até 2030

Rússia quer usar GPUs H100 da Nvidia para construir "vários" supercomputadores, de modo a dominar ranking dos 10 mais potentes do mundo

22 semanas atrás

Desde a invasão à Ucrânia, a Rússia amarga uma série de sanções comerciais nos mais diversos setores, essenciais e críticos. No que tange a TI, o país não pode mais fazer negócios com companhias fabricantes de componentes para processadores, e isolada de quase todos os mercados.

Independente desses "empecilhos", o governo russo está reforçando seus planos para recuperar o tempo perdido no desenvolvimento de supercomputadores. Um novo programa de fomento tem como meta a construção até 2030 de 10 unidades, para dominarem o ranking dos mais poderosos do mundo. O problema: cada um deve usar até 15 mil GPUs H100 Tensor Core da Nvidia, que os russos não podem comprar... legalmente.

Supercomputador Chervonenkis, da Yandex, é o mais poderoso da Rússia, e o 27.º do mundo (Crédito: Divulgação/Yandex)

Supercomputador Chervonenkis, da Yandex, é o mais poderoso da Rússia, e o 27.º do mundo (Crédito: Divulgação/Yandex)

O plano por trás do programa de desenvolvimento da Rússia, para ampliar o seu parque de supercomputadores, é assumir a dianteira do desenvolvimento de soluções de Inteligência Artificial. Cada unidade teorizada, equipada com 10 mil e 15 mil GPUs aproximadamente, seria capaz de entregar em torno de 450 Tflop/s em FP64, aproximadamente meio exaflop/s, uma unidade que apenas o norte-americano Frontier, hoje o mais poderoso do mundo, ultrapassou (1,102 Eflop/s; 1 exaflop = 1 quintilhão de operações de ponto flutuante por segundo).

A Rússia hoje conta com sete supercomputadores na lista dos 500 mais potentes, mas o topo da lista local, o Chervonenkis, construído pela gigante local Yandex, ocupa a 27.ª posição do ranking geral. O Top 10 conta com 5 unidades americanas, duas chinesas, duas da União Europeia, e uma do Japão. No geral, os EUA têm 150 supercomputadores na lista, e a China, 134.

O Chervonenkis utiliza 1.592 GPUs A100 da Nvidia, que entregam 23,53 Pflop/s. É um número alto, mas muito aqúem dos grandes números alcançados pelos supercomputadores mais modernos, com acesso aos mais recentes componentes das empresas de tecnologia. O Frontier, que realiza pesquisas para o Departamento de Energia dos EUA, usa tenologia AMD, tanto nas CPUs (9.472 Epyc 7453s "Trento", 64-cores a 2 GHz, totalizando 606.208 cores) quanto nas GPUs (37.888 Radeon Instinct MI250X, mais 8.335.360 cores ao todo).

O plano da Rússia para não apenas competir, mas dominar completamente o pódio dos supercomputadores, é impraticável do ponto de vista lógico. Primeiro, o país não tem nada minimamente compatível em termos de desenvolvimento de componentes especializados quando comparado aos EUA, UE, Japão e China (esta com sua própria casta de sanções). Segundo, suas companhias não podem comprar insumos de quase nenhuma empresa externa, por conta das sanções impostas após a invasão da Ucrânia.

Quer dizer, através dos canais oficiais. Via mercado cinza, a coisa muda de figura.

Nvidia H100 Tensor Core, a GPU mais potente e cara do mundo (Crédito: Divulgação/Nvidia)

Nvidia H100 Tensor Core, a GPU mais potente e cara do mundo (Crédito: Divulgação/Nvidia)

Um relatório recente revelou que a Rússia continua se abastecendo de tecnologias que não pode comprar diretamente, como semicondutores e chips usados em smartphones e laptops, e os está invariavelmente direcionando para alimentar aplicações militares. China, Turquia e Emirados Árabes, entre outros países aliados, seriam usados como rotas para desvio desses componentes para Moscou.

Segundo análise de equipamentos verificados pelas forças ucranianas, 2 em cada 3 equipamentos russos capturados usam componentes de empresas dos EUA, Japão e Alemanha; como a venda é controlada (na medida do possível), á única opção restante é o contrabando.

Claro, a Rússia conseguir colocar a mão em 15 mil GPUs Nvidia H100, hoje a mais poderosa do mundo, para construir um único supercomputador, é uma história completamente diferente. Ao custo individual de US$ 30 mil, o custo final de apenas uma unidade pronta, focando apenas nas placas de vídeo, ficaria em US$ 450 milhões. Considerando que são 10 projetados, e o ágio ineitável na compra via mercado cinza, o governo de Moscou teria que desembolsar cerca de US$ 7 bilhões até 2030.

Isso não quer dizer que o plano em si seja impossível, mas realisticamente falando, o estado russo está gastando todas as moedas que encontra atrás do sofá com a invasão à Ucrânia, e a esperança é que o avanço acelerado nas tecnologias para IA amortizem rapidamente os custos; é possível que daqui a 7 anos, o custo final do projeto gire em torno de mais gerenciáveis US$ 500 milhões a US$ 700 milhões.

Claro, o maior empecilho é conseguir botar as mãos nas GPUs e outros componentes, e muitos não acreditam que a Rússia tem como direcionar tamanha verba agora, enquanto mantém a guerra na Ucrânia.

Fonte: Tom's Hardware

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