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Fallout e o remake dos sonhos de Tim Cain

Enquanto documentos da Microsoft revelaram uma remasterização do Fallout 3, Tim Cain falou sobre como deveria ser um remake do primeiro jogo

26 semanas atrás

Nas últimas horas a internet foi sacudida pela revelação do que a Microsoft planeja para os próximos anos, fruto de um vazamento de documentos na briga jurídica entre a empresa e a Federal Trade Commission (FTC). Entre essas previsões está a ideia de lançar versões remasterizadas do The Elder Scrolls IV: Oblivion e do Fallout 3, porém, você já pensou como poderia ficar o primeiro jogo da franquia pós-apocalíptica caso fosse refeito hoje em dia?

Crédito: Reprodução/Wallpaper Flare

Lançado em 1997, Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game foi idealizado por Tim Cain e se tornou um marco na indústria. Ao nos permitir tomar diversas decisões morais e moldar a história como desejássemos, ele passava a sensação de estarmos aproveitando um RPG de mesa, experiência essa que foi responsável por conquistar muitos admiradores.

Contudo, 26 anos é muito tempo quando se trata de videogames, fazendo com que encarar aquele clássico atualmente seja algo que muitos não estão dispostos a fazer. A saída seria submeter a criação de Tim Cain a um remake e talvez não haja pessoa melhor para dizer como essa repaginada poderia ficar.

O assunto foi abordado pelo game designer ao responder uma pergunta feita por um profissional que trabalhou no controle de qualidade do primeiro Fallout. Após iniciar gareantindo que não incluiria um sistema de criação de bases, assim como temos no quarto jogo, ele continuou:

“Eu não gostaria de fazer um jogo completamente novo. Se for um remake para o Fallout, penso que deveria ser o mesmo jogo, apenas melhor e mais moderno. Livre-se dos bugs ou adicione coisas que não tivemos tempo para terminar. Livre-se de várias peças de atrito que não são considerados desafios divertidos no mundo moderno de hoje. Eu melhoraria a interface e a inteligência artificial. Há muitas maneiras de tornar a interface melhor. Torne as coisas mais fáceis de se fazer com mouse e teclado.”

Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game

Crédito: Divulgação/Interplay/Bethesda

Mas se esse conservadorismo por parte do autor pode ter desanimado algumas pessoas, adiante ele citou recursos mais ousados que implementaria nessa hipotética visita ao passado. “Um mapa explorável seria fantástico,” defendeu Cain. “Eu adicionaria algo como geração procedural... então você poderia ser largado em qualquer lugar do mapa. Eu adicionaria ruínas, cavernas e coisas ao longo de rodovias e estradas que fossem geradas proceduralmente, mais ou menos como alguns encontros já acontecem.”

Outra parte especulada por Tim foi a visual, que ele deixaria sob os cuidados dos artistas que trabalharam no original. “Não gostaria que ela [a arte] fosse diferente,” justificou. “Gostaria que fosse muito mais detalhado. Também gostaria de adicionar o reaparecimento de criaturas, que realmente fosse algo universal. Eu definitivamente adicionaria mais reatividade ao jogo. Gostaria que as pessoas reagissem mais à armadura que você estiver usando... às coisas que você disse ou às ações do passado.”

Para Tim, fazer essas mudanças exigiria bastante trabalho, mas que ao consertar algumas falhas que o original tinha e recuperar parte do conteúdo cortado, o jogo se tornaria mais amigável ao público atual.

Cain não falou sobre transportar o título para uma visão em primeira pessoa, algo que aconteceu com a série quando a Bethesda adquiriu seus diretos e criou o Fallout 3. Porém, como o game designer insistiu na ideia de que não faria mudanças drásticas, creio que essa possibilidade nem passou pela sua cabeça.

Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game

Crédito: Divulgação/Interplay/Bethesda

Assim, sou obrigado a dizer que tenho dúvida se um Fallout isométrico conseguiria chamar a atenção de um número considerável de pessoas. Contudo, em 2014 a inXile Entertainment provou que havia público para um jogo nestes moldes, quando lançou o Wasteland 2. Ele foi bem recebido e seis anos depois foi a vez de ganhar uma continuação.

Como a marca Fallout é muito mais poderosa que aquela que lhe serviu de inspiração e com todo o poderio financeiro que a Microsoft tem em mãos, o sucesso de um remake talvez até fosse provável.

No entanto, o próprio vazamento dos documentos da empresa serve para indicar que algo assim não é prioridade. Olhando o planejamento da Bethesda/ZeniMax para os próximos anos, a única referência à franquia é justamente a remasterização do Fallout 3.

O que pode ajudar os mais otimistas a terem alguma esperança é a presença de um misterioso Project Kestrel na lista, além do fato desses documentos serem de julho de 2020, logo, muito outros projetos podem ter entrado na pauta desde então. Ainda assim, sigo acreditando que uma volta do Fallout: A Post Nuclear Role Playing Game não passará disso, um mero sonho de Tim Cain e de muitos que se apaixonaram por aquele RPG na reta final da década de 90.

Se nem mesmo uma remasterização do tão adorado Fallout: New Vegas foi cogitada por aqueles que controlam o dinheiro, como esperar que tal tratamento seja dado a um título que marcou época, mas que em muitos aspectos hoje é visto como ultrapassado?

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