Sim, um remaster do Fallout: New Vegas seria fantástico!

Para vários fãs das antigas, a franquia Fallout pode ser separada entre antes e depois do terceiro jogo — e nem me refiro a apenas a mudança para uma visão em primeira pessoa. Os mais puristas defendem que a Bethesda não conseguiu manter o impacto das nossas ações de maneira tão importante quanto nos primeiros jogos e a exceção estaria justamente naquele que foi produzido externamente, o Fallout: New Vegas.

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Tendo ficado ao cuidado da Obsidian Entertainment, aquele jogo alcançou um status cult com o passar dos anos, com os elogios sendo feitos principalmente ao seu fascinante mundo, enredo aberto e a maneira como ele nos permitia interpretar o papel que quiséssemos. Contudo, isso não significa que o RPG não tenha passado por problemas.

Com uma quantidade enorme de bugs e falhas técnicas, era difícil encarar a aventura sem que tantos erros interferissem na imersão, com os 18 meses em que o Fallout: New Vegas ficou em desenvolvimento resultando em uma versão final que passou longe da excelência.

Ainda assim, o título continua sendo apontado não somente como um dos melhores da franquia, mas como um dos RPGs mais legais de todos os tempos. Algo assim certamente merecia um tratamento melhor e numa época em que tantos jogos estão sendo relançados, surpreende este não ter a mesma sorte.

Porém, se depender apenas de algumas pessoas bastante importante na Obsidian Entertainment, a criação de uma remasterização para o Fallout: New Vegas seria apenas uma questão de tempo. Ao conversar com o site TheGamer sobre a chegada do The Outer Worlds aos consoles da atual geração, o diretor de produção Eric DeMilt não escondeu sua vontade de dar uma repaginada no título lançado em 2010.

“Quando saiu, ele tinha problemas de estabilidade,” reconheceu DeMilt. “Isso foi superado e agora as pessoas conseguem voltar àquele jogo, porque aqueles personagens e histórias são simplesmente ricas, e as pessoas querem estar lá. ”

Ao ouvir a declaração do game designer, outros dois diretores do estúdio fizeram questão de concordar, com Tim Cain afirmando que embora tal decisão não caiba a ele, uma remasterização visual do Fallout: New Vegas “seria fantástico”. Logo Leonard Boyarsky concordou, usando a mesma expressão para se referir ao possível projeto.

Se tais comentários tivessem sido feitos há uns cinco anos, poderiam não passar da súplica de um estúdio independente procurando investidores. Porém, hoje a Obsidian pertence à Microsoft e por isso a palavra final deve vir da Gigante de Redmond. A grande dúvida é: até que ponto a divisão de games da empresa estaria disposta a investir na remasterização de um jogo que sofreu com tantos problemas?

Contudo, acredito que apenas um tapa no visual não seria suficiente para atrair um público que justificasse esse relançamento. Com o poderio das máquinas atuais somado ao tempo e dinheiro necessário, seria possível corrigir muitos dos problemas encontrados no original e até recuperar boa parte do conteúdo que não pôde estar presente na versão final.

O interessante é notar que mesmo com o seu início turbulento, o New Vegas conseguiu se mostrar um grande sucesso, com a estimativa de mais de cinco milhões de cópias tendo sido vendidas apenas no primeiro mês após o lançamento, o que gerou um faturamento de US$ 300 milhões!

No início de 2022, o jornalista Jeff Grubb chegou a dizer que algumas conversas foram iniciadas entre a Microsoft e a Obsidian Entertainment sobre a criação de Fallout: New Vegas 2, mas com o estúdio atualmente trabalhando na criação de um RPG chamado Avowed, o suposto projeto ainda deverá demorar bastante para ser lançado. O que também não sabemos e como esse novo capítulo poderia interferir na criação da remasterização.    

E por falar no The Outer Worlds e sua chegada à atual geração, preciso mencionar a mistura de sentimentos que me atingiu ao saber da novidade. Por um lado, fiquei muito feliz por saber que as melhorias irão muito além da parte visual, com a inteligência artificial, a aparência dos personagens e até as condições climáticas também tendo passado por mudanças. Já para quem for jogar no PlayStation 5, acredito que o aproveitamento dos gatilhos adaptáveis do DualSense tornarão a experiência bem mais interessante.

Por outro lado, a decepção se deu pela maneira como será feita esta atualização para o The Outer Worlds: Spacer's Choice Edition. Ao contrário do que temos visto acontecer com alguns títulos que foram melhorados para os atuais consoles da Sony e da Microsoft, este não saltará entre gerações gratuitamente. Para ter acesso à nova versão teremos que pagar o equivalente a US$ 9,99, o que já seria ruim, mas o problema é ainda maior.

Acontece que para "ganharmos" o direito a comprar esta atualização precisaremos ter, além do jogo principal, as duas expansões lançadas para ele. Isso quer dizer que, para quem ainda não comprou o Passe de Expansão que dá direitos aos DLCs Peril on Gorgon e Murder on Eridanos, será preciso gastar R$ 193,50 (no caso do PlayStation 4), além do valor da atualização em si. Como infelizmente me encontro nesta situação, poder jogar o excelente título da Obsidian na sua versão para PlayStation 5 é algo que ficarei impedido de fazer.

Tudo bem, os novos jogadores que adquirirem a Spacer's Choice Edition já levarão as expansões, mas é difícil não lamentar a maneira como aqueles que já possuem o jogo principal foram ignorados. Outro problema: os saves não poderão ser transferidos para a nova versão, nos obrigando a começar toda a história novamente.

Eu adoro o The Outer Worlds, principalmente por achar que ele é um ótimo “Fallout espacial” e gostaria muito de poder encará-lo com as melhorias que estão por vir, mas os sacrifícios impostos pela Obsidian me parecem alto demais para serem aceitos. O jeito então será continuar com o original, pelo menos até esta nova versão aparecer por um valor irrisório. Só não sei se ainda terei interesse nela até isso acontecer.