Meio Bit » Games » Fallout: de um post-it até a “homenagem” à rainha

Fallout: de um post-it até a “homenagem” à rainha

Enquanto Todd Howard lembra sobre como recebeu a notícia que poderia criar um Fallout, um grupo de modders desiste de "ghoulificar" a rainha Elizabeth II

1 ano atrás

Para muitas pessoas, a franquia Fallout só se tornou conhecida após a Bethesda transformar o que era um RPG por turnos em um FPS. A mudança pode ter soado como uma heresia para os fãs mais antigos, mas ela foi uma das responsáveis por ampliar o público-alvo e quem relembrou o momento em que a empresa adquiriu os direitos sobre a marca foi Todd Howard.

Fallout 3

Crédito: Divulgação/Bethesda

Respondendo como diretor do Fallout 3, título que marcou o salto das duas para as três dimensões a mudança para primeira pessoa, ele participou de uma série de vídeos que a Bethesda tem publicado em comemoração aos 25 anos da franquia e nele falou sobre como foi receber a notícia de que poderia trabalhar em um novo jogo.

“Eu me lembro disso. Voltei à minha mesa e Todd Vaughn, nosso vice-presidente de desenvolvimento aqui na Bethesda, tinha deixado uma nota amarela no meu teclado e ela dizia ‘O Fallout é seu.’ Era tudo o que dizia. Nunca esquecerei aquilo.

Acho que gritei e corri pelo estúdio e disse algo como ‘ei, nós vamos fazer isso,’ porque todo mundo na equipe ouviu falar sobre aquilo poder ser uma possibilidade. Sabe, foi fantástico, estávamos super, super empolgados.”

Mas apesar de toda a empolgação, o game designer estava preocupado com uma pessoa, Tim Cain. Para Howard, ter a aprovação do produtor e criador da franquia era importante para o projeto e segundo o vice-presidente de marketing e comunicações da desenvolvedora, Pete Hines, eles precisavam garantir que “os caras do Fallout” gostassem do jogo que estavam criando.

Mas para o criador, a ideia de ver outras pessoas trabalhando na franquia inicialmente não foi muito bem recebida. “Eu meio que senti que o meu bebê tinha sido adotado por outra família,” declarou Cain. “Não é que eu não gostasse daquela família, era apenas que o meu bebê estava sendo criado de uma maneira diferente da que eu criaria aquele bebê.”

Felizmente, aquela impressão se desfez após a apresentação do que Todd Howard estava fazendo. “Aquilo era Fallout em primeira pessoa,” declarou Tim Cain. “Foi fascinante. Foi envolvente. Foi incrível! Adorei especialmente quando você consegue sair da Vault e a luz surge e você vê a Wasteland. Eu estava tipo, ‘estou vendo o Fallout em 3D.’ Foi uma experiência incrível para 2008.”

Para mim, esse não é somente um dos momentos mais marcantes do Fallout 3, mas de toda a história dos games. Lembro nitidamente quando passei por aquela porta pela primeira vez e do enorme mundo que se abriu a minha frente. Por mais que eu entenda o saudosismo de quem adora os primeiros capítulos da franquia, aquela experiência só foi possível graças a câmera em primeira pessoa e a modernização que a Bethesda trouxe à franquia.

Opinião a parte, Pete Hines afirmou que ter a aprovação de Cain foi um grande divisor de águas para o projeto. Para ele, “querer fazer o certo para o Fallout significava voltar aos caras que o criaram e dizer, ‘ei, aqui está o que estamos fazendo.’” E hoje podemos dizer que eles acertaram, com milhões de fãs tendo se rendido ao fascinante universo da franquia.

God Save the Queen

E boa parte dessa paixão pelo Fallout pode ser visto na criação de inúmeros mods que surgiram na internet desde o lançamento do capítulo que nos colocou naquela versão pós-apocalíptica da cidade de Washington. Pois entre as propostas feitas pelos fãs, a de nos levar para as ruas de Londres está entre as mais interessantes.

Com o seu desenvolvimento tendo iniciado em 2019, Fallout: London tem sido descrito pelos seus criadores como um mod com a proporção de uma expansão, com o seu mapa sendo aproximadamente do tamanho daquele visto no Fallout 4.

Contando com diversos locais famosos da capital inglesa, o jogo quer proporcionar a melhor experiência possível quando se trata de imaginar como seria explorar a cidade após uma guerra nucelar. Para isso, os responsáveis pela modificação chegaram a idealizar a inclusão de versões “ghoulificada” da rainha Elizabeth II e seu filho Charles.

Porém, logo após a morte da monarca os responsáveis pelo Fallout: London mencionaram que estavam desistindo da singela homenagem e agora o grupo confirmou a informação. Segundo o líder do projeto, Dean Carter, não devemos esperar nem a representação da falecida rainha, nem do agora rei, Charles III. Embora eles estejam estudando substituir a dupla por outros personagens, por enquanto nada foi decidido e que “não adianta perguntar nos comentários, não adianta reclamar. Essa é a postura oficial do mod, não vai mudar.”

Crédito: Reprodução/Tony Sart

Alguém poderá argumentar que a decisão tomada pelos modders foi exagerada, mas após ver a comoção que se formou na Inglaterra durante o funeral de Elizabeth II, consigo entender eles terem desistido. Além disso, no fim das contas se trata de uma escolha que só cabe aos envolvidos e não acho que o mod será melhor ou pior só por causa disso.

Contudo, não negarei ter gostado muito do design criado por Tony Sart e que imagino que a dupla poderia dar origem a situações bem interessantes dentro do jogo. Mas infelizmente, agora essa ghoulificação de Charles e sua mãe existirá mesmo apenas no campo do conceito.

Crédito: Reprodução/Tony Sart

Leia mais sobre: , , , .

relacionados


Comentários