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Gylt — Uma nova chance ao terror

Após passar um período como exclusivo do Google Stadia, Gylt chega às outras plataformas trazendo um “terror bonitinho”

40 semanas atrás

Por mais que eu considere que os exclusivos sejam o principal chamariz para um console, reconheço que manter um jogo em apenas uma plataforma é péssimo para os consumidores. Isso faz com que a acessibilidade a tais títulos seja muito comprometida e uma produção que sofreu com isso atende pelo nome Gylt.

Gylt

Crédito: Divulgação/Tequila Works

Desenvolvido pela Tequila Works, aquele jogou foi lançado em novembro de 2019 e apenas para o Google Stadia. Visto por alguns como uma demonstração de que o serviço pela nuvem podia rodar jogos com ritmos mais acelerados, ele chamou a atenção dos apaixonados por jogos de terror, mas por estar preso a uma plataforma que não vingou, acabou sendo esquecido.

Para piorar, com o término do Stadia em janeiro deste ano, o Gylt simplesmente se tornou indisponível, parecendo que um título tão promissor seria levado para o túmulo com as más escolhas feitas pelo Google. Porém, o que poderia ter sido o fim daquela história, na verdade, se tornou um recomeço, dessa vez no PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC.

Em Gylt seremos Sally, uma garotinha que tem sofrido com o desaparecimento de sua prima mais nova, Emily. Dedicada a encontrar a menina, a protagonista tem dedicado seu tempo livre a espalhar cartazes pela cidade com a foto da desaparecida.

Crédito: Divulgação/Tequila Works

Aquela era uma tarefa que a protagonista vinha realizando sem muitos problemas, até que num certo dia ela passou a ser perseguida por alguns valentões da escola. Tentando fugir dos bullies, Sally acaba caindo de sua bicicleta e por estar longe de casa, decide cortar caminho usando um teleférico que atravessa a cidade.

O que aquela garota jamais poderia imaginar era no quanto sua vida mudaria por causa daquela decisão. Ao descer do teleférico, ela percebe que Bethelwood está diferente, sem pessoas caminhando pelas ruas e com uma atmosfera misteriosa pairando sobre a pequena cidade mineradora.

Mas aquilo que parecia ruim rapidamente se torna muito pior. Conforme avança pelas ruas, Sally descobre que não está sozinha. Estranhas figuras negras estão patrulhando a região, obrigando a menina a fazer aquilo que qualquer pessoa da sua idade faria: se esconder!

Use as sombras, adote a luz!

Gylt

Crédito: Divulgação/Tequila Works

Assim como vários jogos de terror que tem sido lançado nos últimos anos, Gylt também se escora bastante na ideia de passarmos desapercebidos. Sem contar com muito poder de fogo — pelo menos não inicialmente —, Sally terá que fazer o possível para que os monstros não a vejam.

Para isso poderemos recorrer a algumas artimanhas para desviar a atenção, como, por exemplo, latinhas de refrigerantes que ao serem atiradas, farão com que os inimigos se dirijam a elas para investigar. Então, com o caminho livre, bastará prosseguir até que outra ameaça apareça.

Porém, em determinado momento a personagem encontrará uma lanterna, item que se mostrará um poderoso aliado. Assim como acontece no jogo Alan Wake, aqui os monstros também serão vulneráveis a luz, bastando mirar em pústulas espalhadas pelos seus corpos para os derrotarmos, algo que pode parecer simples, mas que, na prática, gerará algumas situações um tanto desesperadoras.

Some a isso o consumo de bateria sempre que a lanterna é utilizada e os vários monstros que costumam estar presente nos ambientes e escolher entre partir para o confronto ou se esconder será uma dúvida constante durante a campanha. Contudo, tanto as pilhas quanto as bombinhas de asmas — que servem para recuperar nossa energia e foi uma bela ideia do estúdio — podem ser encontrados com certa facilidade pelos cenários.

Gylt

Crédito: Reprodução/Dori Prata/Meio Bit

Mais tarde nós ainda teremos acesso a uma arma mais forte, mas com ela virão inimigos mais poderosos e a tranquilidade é algo que só encontraremos no caso de eliminarmos todas as ameaças próximas.

Isso feito, teremos uma maior liberdade para solucionar os quebra-cabeças pouco elaborados que encontraremos pelo caminho ou explorar os cenários de . Por falar nisso, a construção de Bethelwood é possivelmente um dos pontos mais altos do título, com a cidade parecendo muito bonita e o design das áreas/construções sendo agradáveis, embora bastante lineares.

A propósito, essa parte me fez lembrar outra série de terror que adoro, a Silent Hill. Ao chegarmos na escola em que Sally estuda, é fácil perceber como a franquia da Konami inspirou esse projeto, inclusive no mapa que mostra os lugares. Porém, não espere que nesta aventura você se deparará com figuras tão grotescas quanto as criadas por Masahiro Ito, sob o risco de ter uma grande decepção.

O terror em seu estado mais... brando

Crédito: Divulgação/Tequila Works

Servindo como uma bela analogia ao bully sofrido pelos jovens, a história de Gylt serve para mostrar como as pessoas podem atormentar a vida dos outros, com a maldade no mundo real podendo dar origem a um triste, melancólico e assustador mundo paralelo.

Muitos gostam de classificar essa criação dos profissionais da Tequila Works como “um jogo de terror para um público mais novo”. Isso até pode ser verdade, mas acredito que o relegar apenas a esse rótulo pode passar a impressão de estarmos falando de uma experiência que deveria ser ignorada pelos mais velhos.

Sim, Gylt possui um estilo visual que lembra as animações da Disney, conta com uma protagonista fofinha e não será capaz de assustar muito, pelo menos não aqueles habituados a jogos de terror. Ainda assim, ele consegue entregar uma mensagem bacana e diverte com sua jogabilidade simples, mas sólida.

Embora o jogo possa ser criticado por não entregar muita originalidade ou pelo seu enredo ser demasiadamente simples, se você estiver procurando um passatempo descompromissado e que seja capaz de proporcionar alguma tensão, Gylt pode ser uma boa pedida.

 

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