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Samsung: ex-executivo preso por copiar fábrica de chips

Ex-executivo copiou fábrica da Samsung, dos designs de chips à infraestrutura, para construir rival a 1,6 km de distância da original

39 semanas atrás

Roubo e cópia de segredos industriais é uma das constantes do mercado, e o de semicondutores não é exceção. Ainda assim, o recente caso envolvendo um ex-executivo da Samsung é digno de nota.

O indivíduo copiou uma fábrica de semicondutores da gigante sul-coreana, do design dos chips à infraestrutura, e pretendia montar uma unidade rival, a apenas 1 milha (1,6 km) de distância.

Fábrica de chips da Samsung em Xi'an, China, a unidade copiada pelo ex-executivo (Crédito: Divulgação/Samsung)

Fábrica de chips da Samsung em Xi'an, China, a unidade copiada pelo ex-executivo (Crédito: Divulgação/Samsung)

O causo envolve a fábrica de chips da Samsung na cidade de Xi'an, na região central da China, e um ex-alto executivo sul-coreano da companhia de 65 anos, preso e indiciado nesta segunda-feira (12) pelas autoridades locais, por roubo de tecnologia entre agosto de 2018 e 2019.

Segundo a promotoria do distrito de Suwon, onde o caso está sendo investigado, o executivo é considerado um dos profissionais mais experientes em desenvolvimento de semicondutores, com 28 anos de experiência nas principais companhias do setor.

Os dados do processo indicam que o executivo picareta se apropriou de dados confidenciais da Samsung, tratados pelo governo de Seul como "tecnologia nacional essencial", e controlada rigorosamente para evitar roubo e cópia.

Nosso ousado meliante passou a mão nos Dados Básicos de Engenharia (BED) da unidade, um layout que trata de todos os passos para a litografia de maneira segura e limpa, de modo a evitar a contaminação por impurezas. O BED é essencialmente a planta do prédio e detalhes da infraestrutura envolvida.

Já os designs dos chips, também roubados, envolvem processos de litografia de memórias NAND e DRAM abaixo de 30 nanômetros; hoje a Samsung opera com números na casa dos 12 nm, que podem ou não ser parte dos planos copiados.

O ex-executivo tinha o audacioso objetivo de usar os dados roubados para estabelecer uma fábrica de chips rival à da Samsung, também no polo industrial de Xi'an, basicamente uma cópia exata, e já havia fechado um acordo com uma empresa de Taiwan, que investiria US$ 6,2 bilhões no projeto.

Os planos começaram a fazer água quando os taiwaneses cancelaram o acordo, e o projeto recebeu um aporte de US$ 360 milhões de investidores chineses, para a produção de chips-modelo em outra unidade, também construída nos moldes da fábrica da Samsung, na região de Chengdu.

Chips de memória DRAM (Crédito: acervo internet)

Chips de memória DRAM (Crédito: acervo internet)

Esta fábrica contava com cerca de 200 funcionários, saídos da Samsung e da SK Hynix, outra gigante na produção de semicondutores para memórias. Estes eram instruídos pelo executivo a também roubarem dados sigilosos de suas ex-companhias, para implementar os designs em seus produtos.

Ao que parece, com mais gente envolvida no esquema, foi mais fácil para as autoridades rastrearem os picaretas. Segundo a promotoria, o prejuízo causado pela quadrilha dos chips apenas à Samsung gira em torno de ₩ 300 bilhões, aproximadamente US$ 235 milhões, ou R$ 1,14 bilhão (cotação de 14/06/2023).

Além do executivo encarcerado, as autoridades da Coreia do Sul indiciaram outras seis pessoas, incluindo um funcionário terceirizado da Samsung, acusado de vazar o BED, e outros cinco que trabalhavam na fábrica de Chengdu.

Segundo a promotoria, o golpe teria causado "danos irreparáveis" à Samsung e à economia da Coreia do Sul, caso os envolvidos tivessem êxito na empreitada, mesmo considerando que os consumidores essencialmente se resumiriam a empresas da China, dadas as óbvias restrições de outros mercados.

Fonte: Korea Times

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