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Samsung e LG voltam a discutir acordo em painéis de TVs OLED

Samsung e LG estariam retomando negociações para a primeira comprar telas OLED da segunda, a fim de lançar novas TVs em 2024

48 semanas atrás

Samsung e LG, as duas maiores companhias sul-coreanas de tecnologia, são rivais históricas em diversos segmentos, de entretenimento à linha branca, semicondutores, componentes e infraestrutura, ainda que a primeira atue em alguns pouco conhecidos do grande público, como construção civil e até naval de grande porte, sem contar que por um tempo, ela fabricou veículos de combate.

A LG, por sua vez, é bem forte nas áreas de óptica e química, que lhe permitiram atingir excelência no desenvolvimento de telas OLED. Ela fornece displays para todo mundo, no que a Apple é uma das suas principais clientes (isso não vai durar muito mais, entretanto), e reserva a nata para suas TVs.

TV Samsung Neo QLED QN90B (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

TV Samsung Neo QLED QN90B (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

A Samsung corre atrás com tecnologias como QLED e microLED, além do AMOLED parta smartphones e tablets, mas hoje ela ainda é a última grande companhia que fabrica TVs "ignorando" o OLED, a tecnologia que mesmo com alguns probleminhas conceituais (burn-in), ainda entrega a melhor e mais perfeita relação de cores, além do graal do "preto perfeito".

Nesse sentido, telas de LCD possuem melhor controle de brilho (OLED tende a ser mais escuro), ainda que contando com iluminação acessória. O QLED, que usa pontos quânticos, é um meio-termo entre a tecnologia de cristal líquido e a de pontos orgânicos, e mais fácil de produzir, ainda que os resultados ainda não se aproximem de uma tela OLED.

O grande problema, no entanto, é que tanto a LG quanto a Samsung estão pulando fora do barco do LCD. A primeira reduziu bastante a produção, enquanto a segunda abandonou completamente a tecnologia, porque ambas não conseguem competir com a chinesa BOE, que está fornecendo componentes de cristal líquido para todo mundo com preços lá embaixo. A qualidade também é satisfatória, a ponto da Apple preferir fechar com ela, deixando ambos antigos desafetos de fora.

Para complicar, a BOE também começou a produzir displays em OLED, e a maçã não vê a hora de, finalmente, chutar LG e Samsung para fora de sua folha de pagamento, principalmente a primeira, após anos de litígios por uma copiando os recursos da outra, a fim de implementá-los em seus respectivos dispositivos.

O crescimento dos chineses afetou ambas companhias sul-coreanas. A divisão LG Display está sangrando loucamente, pois está perdendo clientes de LCD e OLED à direita e à esquerda; a Samsung, por sua vez, não consegue competir em preços de TVs com as concorrentes que usam as telas da BOE, principalmente com as OLEDs delas melhores e menos caras que os modelos QLED e microLED.

A concorrência da BOE foi tão voraz, que o governo da Coreia do Sul se mexeu para promover um acordo inédito entre as rivais; a LG forneceria suas telas orgânicas para a Samsung, que finalmente entraria no mercado com televisores usando a tecnologia de ponta em displays, enquanto a primeira passaria a contar com um cliente valiosíssimo, mantendo assim as contas em dia.

TV 4K LG A1 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

TV 4K LG A1 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

As conversas entre as partes teriam se iniciado em abril de 2021. Na época, a Samsung pretendia comprar 1 milhão de painéis OLED da LG até o fim daquele ano, e mais 4 milhões no ano seguinte, mas as negociações progrediram lentamente, e foram posteriormente abandonadas, sem as companhias chegassem a um acordo sobre o preço; aparentemente, a Samsung não estava disposta a pagar o que a LG estava pedindo.

Só que o mercado não espera, e a BOE continua comendo o espaço da LG no fornecimento de telas, e a Samsung estaria tendo problemas com sua tecnologia QD-OLED, que é mais suscetível ao burn-in. Assim, ambas voltaram a conversar sobre o acordo de fornecimento de componentes, segundo fontes que reportaram ao site The ELEC, especializado no cenário sul-coreano de tecnologia.

As negociações seriam mais modestas, com a Sammy disposta a adquirir 200 mil displays WOLED, que a LG emprega nos seus modelos de TVs mais atuais. Esta usa pixels brancos e subfiltros para emitir o padrão RGB, fornecendo uma iluminação maior e mais uniforme; curiosamente, a Samsung dizia que esse formato entregava resultados piores que o QD-OLED, o que foi notado por usuários em alguns testes.

Segundo os informes, a Samsung estaria se preparando para introduzir sua primeira linha de TVs com OLED puro em 2024, e o que parece um início modesto de uma parceria com a LG tem um motivo: a companhia ainda não desistiu do microLED, que conceitualmente une a qualidade estelar das telas orgânicas, com emissão individual de luz e cor, à total imunidade ao temido burn-in, como nos displays LCD.

O grande problema para a Samsung é a escala. O microLED ainda é um processo muito caro, no que os televisores equipados com a tecnologia custam os olhos da cara; a gigante ainda não conseguiu estabelecer uma linha de produção eficiente, ao ponto de baratear sua produção e implementar a tecnologia em toda a sua linha.

Assim, é preferível para a Samsung fechar acordos com sua rival histórica, ao menos para continuar no mercado de TVs, concorrendo com as rivais de igual para igual em tecnologia de telas; a LG enquanto isso conta a grana e agradece, em nome de uma parceria com o potencial de manter suas contas controladas.

Fonte: The ELEC

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