Ronaldo Gogoni 20/04/2023 às 12:10
O Predator Triton 300 SE OLED é um notebook compacto da Acer voltado a mais de um público consumidor. O produto foi desenvolvido tendo criadores de conteúdo (streamers principalmente) em mente como prioridade, mas também oferece características que apelam tanto ao gamer de PC, quanto a usuários profissionais, sejam os que usam programas pesados, ou o corporativo.
Infelizmente, uma série de decisões de design fazem deste laptop um stormtrooper: atira para todos os lados, mas não acerta um alvo sequer.
Afinal, o quão interessante é o Predator Triton 300 SE OLED? Eu o testei por duas semanas e conto o que achei dele, nos próximos parágrafos.
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Nós sempre fomos francos em nossas opiniões, e destacamos pontos positivos e negativos dos produtos de igual maneira, não importando a origem dos mesmos, como forma de manter a integridade e transparência do site.
Ninguém externo à redação do Meio Bit teve acesso a este texto de forma antecipada, bem como não houve nenhum tipo de interferência, pagamento, ou direcionamento da Acer, ou de terceiros, em relação ao seu conteúdo.
O notebook Predator Triton 300 SE OLED foi fornecido pela Acer por empréstimo; ele será devolvido à empresa após os testes.
O Acer Predator Triton 300 SE OLED possui um corpo compacto, de apenas 1,9 cm de espessura e peso de 2,5 kg., em um chassi que combina alumínio e plástico cinza. A apresentação compacta e sóbria, sem nenhum elemento chamativo típico de notebooks similares de outrora, o permitem ser usado tranquilamente em ambientes corporativos, sem que ninguém desconfie de sua suposta natureza gamer.
O uso de alumínio no corpo tornam este laptop bem robusto e resistente, sem muitas aberturas para acidentes de manuseio. A tela é ficada em um suporte de comprimento total e é igualmente sólida, não tendendo a ceder conforme movimento do produto para lá e para cá.
Nas portas, a Acer foi bastante comedida, o que é incômodo. Temos duas USB-C Type A 3.2, uma com suporte a PowerShare, uma USB-C com Thunderbolt 4 e Power Delivery, uma P2 para fone de ouvido e microfone, e uma saída HDMI 2.1 para conectar o laptop a uma TV ou monitor externo. E só.
Em se tratando de um notebook para o público gamer, a ausência de uma porta Ethernet Gigabit é imperdoável, mas, ao mesmo tempo, as poucas portas USB e a não inclusão de um leitor de cartões, também não favorecem seu uso por profissionais, dependendo do usuário. Em muitos casos, será preciso depender de hubs e adaptadores.
Como ponto positivo, o Predator Triton 300 SE OLED suporta Wi-Fi 6 e Bluetooth 5.2, mas ainda assim, ter a opção de conectá-lo à internet via cabo de rede de forma nativa seria o ideal.
Esta é, sem sombra de dúvida, sua melhor parte. A Acer equipou este laptop com um display OLED de 14 polegadas, proporção 16:10 e resolução de 2.880 x 1.800 pixels, que oferece suporte a HDR e conta com uma taxa de brilho de 500 nits, algo raro na categoria; geralmente, tal marca em outros notebooks gira entre 300 e 350 nits.
A vantagem de uma tela de LEDs orgânicos é inegável, graças ao brilho forte, cores muito definidas e o preto perfeito, entregue pelos pixels desligados, com maior definição que o LCD, como de praxe. Como nem tudo é perfeito, a taxa de atualização do display não é alta, ao ser limitada em 90 Hz.
Isso significa que, para obter uma taxa de quadros mais alta, será preciso ligar o Predator Triton 300 SE OLED em um monitor ou TV, no que ele suporta 4K a até 120 fps, mas o uso local, seja para jogar ou para consumir conteúdo, como filmes e séries, é favorecido pela alta qualidade do display em reproduzir cores e tons de preto cinza, além do brilho forte.
O som é aquilo já esperado em laptops, provido por alto-falantes comuns, dispostos na parte inferior. Porém, o suporte a DTS:X funciona bem ao ser configurado no app dedicado, que oferece pré-ajustes para jogos, música, filmes, etc. Com games, a sensação é razoavelmente imersiva, apesar da qualidade dos falantes.
Claro que, para uma melhor experiência em áudio, prefira usar fones de ouvido ou caixas de som Bluetooth externas, como sempre.
Dado o formato compacto devido à tela de 14", o teclado ocupa quase todo o espaço hábil do corpo principal, sem que as teclas fiquem próximas demais.
O truque para aproveitar toda a área, na impossibilidade de adicionar um teclado numérico, foi acomodar 4 teclas de atalho do lado direito, entre o Liga/Desliga e a seta para a direita (que também serve para mutar o som), para controles de volume e microfone, e uma exclusiva para o app PredatorSense. No mais o teclado é bem básico, not great, not terrible.
O touchpad, por sua vez, é compacto e oferece um clique sólido, e é razoavelmente preciso. O ponto de destaque é a presença de um leitor de impressões digitais, geralmente ignorado em laptops gamer, mas como este produto tenta apelar para um público mais geral, faz sentido a sua inclusão.
A webcam recebeu mais atenção, e ao invés de 720p, como fazem a maioria dos concorrentes, a presente no Predator Triton 300 SE OLED conta com 1080p, e suporte a recursos para redução de ruído. Ainda não é nenhum componente estelar, a qualidade de uma filmagem fica longe de uma câmera dedicada, mas ainda é melhor do que o que você encontra em outros laptops.
Processador Intel Core i7-12700H, com 14 cores e clock de até 4,7 GHz, placa de vídeo Nvidia GeForce RTX 3060, com 6 GB de RAM DDR6, e 16 GB de RAM DDR5, a até 5.200 MHz. Parece um conjunto decente, mas há pontos a considerar aqui.
Primeiro, a GPU incluída foi vítima da redução do fornecimento de energia, e não chega ao TGP máximo do modelo, de 130 W, e ao invés disso temos 95 W, o que limita severamente sua performance em jogos; segundo, a memória RAM vem soldada à placa-mãe, e não pode ser expandida; terceiro, só há um slot NVMe PCIe 4.0, e este não suporta capacidades além de 1 TB, segundo a Acer.
Esse "combo" limita bastante a performance do bichinho, como pudemos constatar. Nos testes de hardware*, estas foram as marcas alcançadas:
Na hora dos vamos ver, jogando localmente, alcançamos estas marcas em quadros por segundo (fps), em diversos jogos e nas seguintes configurações gráficas, com ajustes do DLSS em equilibrado:
Mesmo ignorando o limite de quadros imposto pela tela, Fortnite foi o único game capaz de romper a marca dos 90 fps, mas esse roda até em uma batata. No geral, a qualidade gráfica e a taxa de quadros não será de ponta, e forçar demais a barra implica em quedas violentas de desempenho, mesmo em jogos mais antigos.
Rodando programas profissionais, a Acer frisa que o Predato Triton 300 SE OLED é potente o bastante para rodar aplicações como Blender, Photoshop, Cinema 4D, DaVinci Resolve e outros sem problemas, e lembra que ele é um produto mais indicado a criadores de conteúdo, editores de áudio e vídeo, e também streamers de games, ao menos, os que transmitem títulos menos pesados, ou mais exigentes com ajustes comedidos, pelo menos.
Outro ponto negativo, é o aquecimento. Por ter um corpo mais compacto, era de se esperar que o sistema de refrigeração não fosse o ideal, mas como se não bastasse, a GPU fica bem embaixo das teclas WASD, e a CPU, na região das OLKÇ. O teclado chegou a atingir 50º C durante a execução de jogos, o que torna impossível usar o nativo para jogar por muito tempo. Ou você apela para um teclado externo, ou usa um joystick.
Por fim, a bateria me surpreendeu. Talvez por mirar em um público mais geral, e por limitar o consumo da RTX 3060, a inclusa de 6 células e 76 Wh deu conta de navegação, streaming de vídeo e de áudio por 6 horas e 30 minutos, quando foi de 100% a 5%, uma marca muito boa. E claro, não jogue, nem use programas pesados, fora da tomada.
A Acer, como toda OEM, pré-instalou no Predator Triton 300 SE uma série de aplicativos nativos. Um deles é o PredatorSense, que serve para monitorar as condições do laptop, ajustar a iluminação do teclado, configurar as ventoinhas, sincronizar configurações de games, e mais.
Há também o app DTS:X Ultra, que permite ajustar as configurações sonoras para perfis pré-determinados, conforme o uso. Como dito antes, o ajuste para games oferece uma sensação imersiva, e o de música consegue equalizar bem graves e agudos, embora ainda seja melhor usar fones de ouvido, ou caixas externas.
Com o Predator Triton 300 SE OLED, fica clara a intenção da Acer de agradar mais de um público-alvo: os gamers de PC, os criadores e consumidores de conteúdo, e profissionais tanto do ramo corporativo, quanto da área de vídeo, áudio, design, etc.
A execução, no entanto, não pende para nenhum dos lados, e na tentativa de apelar para todo mundo, o notebook acabou se apresentando como um pato: anda, nada e voa, mas não faz nenhum deles bem.
O preço complica ainda mais as coisas: a Acer fixou o valor sugerido em salgados R$ 12,4 mil, e ao lembrarmos que não é possível expandir a RAM, nem usar um SSD NVMe maior que 1 TB, tal etiqueta não faz sentido algum.
Com apenas R$ 100 a mais, você pode levar para casa o Alienware m15 R7 em sua configuração básica, equipado com a bem mais potente GPU RTX 3070 TI e 16 GB de memória; coloque mais R$ 800 e feche com o modelo de 32 GB, e mesmo que a RAM seja mais lenta (4.800 MHz), ao menos o laptop suporta expandi-la até 64 GB. Ah, e ele vem com um slot NVMe extra.
O único argumento a favor do Acer Predator Triton 300 SE OLED é obviamente a tela, que enche os olhos com seu preto perfeito e brilho de 500 nits, apesar de limitada a apenas 90 Hz. No entanto, ela não é suficiente para justificar a compra, enquanto há opções no mercado que entregam mais pelo mesmo preço.
Pontos fortes:
Pontos fracos:
* No futuro, testes de hardware passarão a ser executados apenas com o Geekbench 6, por este ser mais preciso com processadores recentes.