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Alienware m15 R7: esquentadinho, mas aguenta o tranco

Notebook gamer Alienware m15 R7 entrega um desempenho de ponta em jogos, mas apresenta problemas com aquecimento

1 ano atrás

O Alienware m15 R7 é a versão 2022 da linha de notebooks gamer intermediária da Dell, que fica entre os de entrada (para os padrões da empresa) da linha G, e a topo de linha x17. A nova geração vem equipada com processador Intel Core 17 de 12.ª geração, GPU RTX 3070 Ti da Nvidia, um excelente upgrade na tela, e teclado ABNT2 (finalmente).

A Dell corrigiu uma série de caveats da geração anterior, no que a versão brasileira hoje não deve em nada à norte-americana, mas como nem tudo são flores, o m15 R7 continua sendo um notebook que sofre no gerenciamento energético.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Com preços a partir de R$ 13 mil, o Alienware m15 R7 é uma boa pedida de notebook gamer? Eu o testei por duas semanas e conto o que achei dele a seguir.

Nota de transparência

Fundado em 2004, o Meio Bit publica análises opinativas com o intuito de ajudar os leitores a tomarem sua própria decisão de compra, seja de um gadget, um game, ou um serviço/software/app.

Nós sempre fomos francos em nossas opiniões, e destacamos pontos positivos e negativos dos produtos de igual maneira, não importando a origem dos mesmos, como forma de manter a integridade e transparência do site.

Ninguém externo à redação do Meio Bit teve acesso a este texto de forma antecipada, bem como não houve nenhum tipo de interferência, pagamento, ou direcionamento da Dell, ou de terceiros, em relação ao seu conteúdo.

O notebook Alienware m15 R7 foi fornecido pela Dell por empréstimo; ele será devolvido à empresa após os testes.

Design e conectividade

Olhando de longe, o m15 R7 é exatamente igual ao R6, sem tirar nem por. Como forma de atender não apenas a comunidade gamer, mas também profissionais que buscam notebooks potentes para tarefas pesadas, o estilo angulado e os LEDs para todo lado deram adeus na geração anterior, e o que temos hoje é um case discreto, até certo ponto.

Embora ainda hajam luzes aqui e ali, elas podem ser desligadas através do software proprietário, bem como é possível ajustar a retroiluminação do teclado para tons mais comedidos. O único elemento chamativo permanece sendo a cabeça do alienígena, na tampa e no botão Liga/Desliga. Mesmo o "15" estilizado passa batido.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Um usuário corporativo, uma vez que desligue todas as luzes RGB, pode muito bem levar o M15 R7 para um escritório, e ninguém perceber que se trata de um notebook gamer, graças ao corpo básico em cinza-fosco, cor que a Dell chama de Dark Side of the Moon.

Por outro lado, é engraçado dizer isso, mas a fim de abarcar um público maior, a linha Alienware perdeu aquilo que a tornava diferente dos demais notebooks gamer, o design agressivo que os faziam parecer naves espaciais. Claro, não se pode ter tudo na vida.

A tela se apresenta fixada da mesma forma que o R6, com um suporte mais estreito, porém sólido, e as saídas de ar na parte superior, nas laterais e na parte traseira, são parte do conjunto de resfriamento para manter as temperaturas controladas, quando possível (mais a seguir).

Na parte das portas, a Dell manteve a lógica menos é mais do m15 R6, e o R7 traz as mesmas disponíveis no modelo anterior. Nas laterais, temos duas USB-A 3.2 (uma com PowerShare), uma Ethernet Gigabit, e uma P2 para fone de ouvido/microfone.

Na traseira, encontramos uma HDMI 2.1 (4K a 120 fps) com suporte a HDCP 2.3, outra USB-A 3.2, e uma USB-C 3.2 compatível com Thunderbolt 4, DisplayPort 1.4, e Power Delivery de 15 W (5 V e 3 A), além do conector de energia.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Em comparação, seu "irmão" maior x17 possui mais portas, como um leitor de cartões microSD, ausente aqui, uma DisplayPort dedicada, e uma USB-C extra (mas uma USB-A a menos), mas tanto lá como cá, a antiga porta proprietária para placas de vídeo externas (eGPU) morreu de vez.

No mais, o Alienware m15 R7 possui dimensões bem próximas às do R6, com peso de 2,42 kg (mínimo) e quase 36 cm de largura, fazendo dele um notebook relativamente portátil.

Tela e som

A tela recebeu um muito bem-vindo upgrade. O Alienware m15 R7 conta com um display IPS de 15,6 polegadas, com resolução de 2.560 x 1.440 pixels (2K, ou Quad HD), uma suculenta taxa de atualização de 240 Hz, e tempo de resposta de 2 ms. O R6 era limitado a 1080p, 165 Hz e 3 ms, respectivamente.

Embora uma atualização tão alta não faça muita diferença para vídeos e produção, ela é excelente para quem joga títulos competitivos, onde uma grande taxa de quadros é muito importante. Já a alta definição, as cores vibrantes e o amplo ângulo de visão garantem o entretenimento de outras formas.

Temos também compatibilidade com o G-Sync, a tecnologia anti-quebra de quadros da Nvidia, o que é sempre bem-vindo.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Já o som, como em todo notebook, está aqui para cumprir tabela. São 5 W RMS, divididos entre dois alto-falantes de 2,5 W, compatíveis com Dolby Atmos e, embora um pouco acima do padrão, não provêm uma boa qualidade de áudio, ao menos para quem preza pela qualidade sonora.

Para esse público, a dica padrão se mantêm: prefiram usar fones de ouvido, ou caixas de som externas.

Teclado, touchpad e câmera

A Dell finalmente se tocou de que atua no Brasil, e por mais que o público de notebooks gamer não se importe, é preciso seguir o padrão do mercado. Assim, o Alienware m15 R7 vem finalmente equipado com um teclado ABNT2, e a norma de acentuação que usamos aqui.

De novo, o design compacto poderia ser melhor aproveitado com a inclusão de um pad numérico, uma preferência pessoal, mas o teclado aqui presente é bem construído, com teclas espaçadas e retroiluminação customizável. Infelizmente, a opção de customização para um teclado mecânico Cherry MX, disponível nos EUA, outra vez não é oferecida no Brasil.

O touchpad, embora compacto, é preciso e sólido, oferecendo boa resistência e resposta aos comandos. Not great, not terrible.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

E de novo, a câmera embutida. Assim como no m15 R6, o R7 vem equipado com um modelo HD (720p), com sensores infravermelhos para facilitar o reconhecimento fácil, e assim, é compatível com o sistema Windows Hello de autenticação.

De novo, embora muitos não liguem para a webcam, eu considero que em tempos de COVID-19, trabalho remoto cada vez mais presente, e isolamento social ainda praticado por muitos, 1080p se tornou hoje o mínimo aceitável para a realização de chamadas de vídeo com qualidade.

A Dell joga com o básico aqui, apenas para viabilizar o recurso de login com o rosto.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Claro, quem faz questão de usar uma câmera decente, terá que se virar com modelos dedicados, o que também vale para quem usa notebooks conectados a monitores externos, através da porta HDMI.

Desempenho e autonomia

Processador Intel Core i7-12700H, com 14 núcleos e clock de até 4,7 GHz, placa de vídeo Nvidia GeForce RTX 3070 Ti, com 6 GB de RAM GDDR6, e 32 GB de RAM DDR5, a 4.800 MHz. Aliada a um SSD NVMe M.2 de 1 TB, esta configuração suporta rodar qualquer game em qualidade altíssima.

De novo, a Dell corrigiu algumas gafes em relação às diferenças entre o R6 brasileiro e o norte-americano, e agora temos sob o capô acesso a dois slots de RAM DDR5, que suportam expansão até 64 GB, e dois slots PCIe 4.0.

Nos testes com o Geekbench 4, o Core i7-12700H alcançou 7.634 pontos em tarefas single-core, e 49.260 no multi-core, uma pontuação estelar. Mas como isso se traduz em desempenho real?

Pontuação do Alienware m15 R7 no Geekbench 4.4.4 (Créditos: Reprodução/Primate Labs)

Pontuação do Alienware m15 R7 no Geekbench 4.4.4 (Créditos: Reprodução/Primate Labs)

De maneira excelente, na verdade. O Alienware m15 R7 é o primeiro notebook da Dell Brasil compatível com o recurso Nvidia Advanced Optimus, que resolve um antigo problema operacional: a incapacidade do sistema em definir corretamente quando usar a GPU dedicada (jogos, processamento pesado), e quando dar preferência à integrada (demais tarefas).

O Advanced Optimus consegue detectar quando o usuário está usando um recurso que exige mais ou menos capacidade, e ativa o chip gráfico mais adequado para cada situação. E ele não errou uma vez sequer.

Tirando este problema da frente, foi hora de testar o poder de fogo do bichinho. Estes foram os resultados em alguns games, sempre com as configurações gráficas no máximo suportadas pelo laptop, DLSS no modo Qualidade, e taxa de quadros ilimitada:

  • Forza Horizon 5 (Extremo): 75 fps (média), 80 fps (pico);
  • Battlefield V (Ultra): 100 fps (média), 115 fps (pico);
  • Grand Theft Auto V (configuração máxima): 120 fps (média), 130 fps (pico);
  • Overwatch 2 (Épico): 150 fps (média);
  • Fortnite (Épico): 80 fps (média), 95 fps (pico).

Claro que para quem prefere framerate a gráficos, diminuir a fidelidade visual aumentará a taxa de quadros; com especificações mais comportadas, eu consegui picos de 330 fps em Fortnite, entregues pela 3070 Ti, apesar de a tela limitá-los a 240 fps.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Claro, nem tudo são flores. A melhoria nas especificações de hardware da linha m15, aliada ao mesmo design do R6, que é bem mais compacto em relação a gerações passadas, cobram seu preço, e a temperatura escala violentamente. A GPU cravou um máximo de 76 ºC, mas alguns núcleos da CPU chegaram ao limite teórico de 100 ºC.

Nessas condições, o sistema reduz o fornecimento de energia à CPU, limitando sua performance, a fim de evitar que danos sejam causados ao componente; embora não chegue a ser estrangulamento térmico (thermal throttling), é fato que um design compacto, e um sistema de refrigeração insuficiente, não dão conta de manter o laptop de cuca fresca.

Chega a ser irônico admitir que, embora feiosos, os "OVNIs" de outrora gerenciavam melhor as temperaturas.

Já a autonomia continua ruim, ou sendo mais direto, piorou. Em meus testes, com o Windows configurado em modo de eficiência energética, brilho da tela a 50%, volume a 25%, conexão via Wi-Fi, e uso gráfico restrito à GPU integrada Iris Xe de 1,4 GHz, a bateria foi de 100% a 38% em 2 horas de streaming de vídeo, 1 hora de streaming de áudio, e 1 hora de navegação e redes sociais.

Claro que ninguém é louco de jogar sem uma tomada por perto, mas a bateria do Alienware m15 R7, a mesma de 86 Wh e 6 células do R6, também não aguenta tarefas mundanas por muito tempo, ainda mais porque o hardware (CPU, GPU, tela) é mais exigente.

A fonte, ainda um tijolo de 240 W, ajuda no peso contra a portabilidade deste notebook, ainda que ele não seja um "deskbook" como o x17. De qualquer forma, nem pense em usá-lo fora da tomada por longos períodos.

Software e extras

O m15 R7 sai da caixa com o Windows 11 Home, e vem com ferramentas de gerenciamento da Alienware para monitoramento de desempenho, e customização das luzes RGB. Uma novidade interessante, o Alienware Command Center permite escolher cores diferentes para cada tecla, assim, você pode por exemplo selecionar uma para as teclas WASD, e outras para comandos usados em jogos.

Alienware Command Center (Crédito: Reprodução/Dell)

O software também permite controlar as ventoinhas, que coo de costume, entram em modo de decolagem quando um jogo estiver rodando, mas sendo sincero, nem dava para esperar algo diferente disso. No fim das contas, os softwares da Dell não são completamente dispensáveis.

Conclusão

O Alienware m15 R7 segue sendo um dos melhores notebooks gamer de sua categoria, ainda mais agora, que corrigiu gafes cometidas em relação ao modelo norte-americano, na geração do R6. Temos uma tela excelente, memória RAM de última geração, dois slots M.2 PCIe 4.0, e um kit CPU/GPU de respeito.

Como nem tudo é perfeito, o design sóbrio e compacto, feito para atrair usuários fora do nicho games (em especial, profissionais), cobra seu preço em altas temperaturas, que em situações de estresse, podem limitar o desempenho final, ainda que casos assim sejam raros.

Alienware m15 R7 (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

O mais curioso é notar que, em tempos de real tendo virado confete, e os preços de tudo relativo à tecnologia no Brasil terem enlouquecido nos últimos anos, o Alienware m15 R7 é uma opção viável em termos de custo. O modelo de entrada, com 16 GB de RAM, custa R$ 13 mil, enquanto o testado, com 32 GB, sai por R$ 14,3 mil.

Na mesma categoria, a Acer possui o Predator Triton 300 SE, com as mesmas CPU, RAM (apenas 32 GB), GPU e SSD de 1 TB, mas uma tela ligeiramente maior, de 16" e resolução de 2.560 x 1.600 pixels, por R$ 18 mil.

Já a Avell conta com o A72 HYB, quase exatamente igual ao m15 R7, por R$ 14 mil na configuração com 16 GB de RAM, ou R$ 14,9 mil na com 32 GB. A diferença? Teclado numérico.

Hoje, com os preços das GPUs para desktop voltando a um patamar mais gerenciável, é possível que muitos voltem a optar por montar suas próprias torres, fugindo dos problemas de aquecimento que afligem laptops potentes.

No entanto, para quem tem como arcar com os custos, e precisa de mobilidade, o Alienware m15 R7 é uma opção interessante tanto para jogar, quanto para trabalhar.

Notebook Alienware m15 R7 — Ficha Técnica

  • Processador: Intel Core i7-12700H, 14-core Alder Lake com clock de até 4,7 GHz (TurboBoost) e 24 MB de memória cache;
  • Placa de vídeo: nVidia GeForce RTX 3070 Ti, com 8 GB de RAM GDDR6;
  • Memória: 32 GB de RAM DDR5 a 4.800 MHz (expansível até 64 GB);
  • Armazenamento: SSD de 1 TB NVMe M.2 (slot PCIe 4.0), segundo slot NVMe M.2 PCIe 4.0 livre;
  • Tela: LCD IPS de 15,6 polegadas;
  • Resolução: 2.560 x 1.440 pixels;
  • Taxa de atualização: 240 Hz;
  • Tempo de resposta: 2 ms;
  • Teclado: Padrão ABNT2, retroiluminado;
  • Câmera: 720p, com infravermelho para reconhecimento facial;
  • Conectividade: Wi-Fi 802.11 ax e Bluetooth 5.2;
  • Portas: 1x HDMI 2.1 com suporte a HDCP 2.3, 3x USB-A 3.2 (uma com PowerShare), 1x USB-C 3.2 com Thunderbolt 4, DisplayPort 1.4 e Power Delivery de 15 W (5 V/3 A), 1x Ethernet, 1x P2 para fone de ouvido/microfone;
  • Bateria: 86 Wh e 6 células;
  • Alimentação: Adaptador CA de 240 W;
  • Dimensões: 35,6 x 27,2 x 2,39 cm;
  • Peso: 2,42 kg;
  • Sistema operacional: Windows 11 Home.

Pontos fortes:

  • Potência a rodo;
  • Tela excelente, com alta resolução e taxa de atualização;
  • Finalmente, teclado ABNT2;
  • Nvidia Advanced Optimus sabe quando usar a GPU dedicada, ou a integrada.

Pontos fracos:

  • Autonomia continua ruim;
  • Aquece bastante.

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