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UE libera 8,1 € bilhões para pesquisa de semicondutores

UE libera investimento para pesquisa de semicondutores no bloco, para alcançar hegemonia e não depender de empresas externas

39 semanas atrás

A União Europeia está investindo pesado para não ficar na mão de companhias externas de semicondutores. Em 2021, uma nova Lei de fomento ao desenvolvimento local de componentes foi introduzida, para que o bloco não só se torne autossuficiente, mas também concorra com gigantes como Intel e TSMC, no cenário global.

Na última quinta-feira (8), a UE aprovou um subsídio de 8,1 € bilhões (~R$ 42,57 bilhões, cotação de 12/06/2023) para pesquisa e produção locais, com o intuito de fortalecer a cadeia de fornecimento interna, nos 27 países-membros.

Wafers de silício para impressão de semicondutores (Crédito: Shutterstock)

Wafers de silício para impressão de semicondutores (Crédito: Shutterstock)

A European Chips Act (ECA), ou Lei Europeia de Chips/Semicondutores, proposta pela presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, foi uma resposta à deficiência na cadeia de suprimentos de componentes, agravada pela pandemia da Covid, que escancarou a total dependência de manufaturas na China e Taiwan.

Como consequência, diversos governos começaram a investir para fortalecer a produção local de chips, da Coreia do Sul aos Estados Unidos, com este injetando US$ 52 bilhões para isso; 4 das 5 maiores companhias fabless, que não imprimem seus chips, e que podem passar a fazê-lo, são as americanas Qualcomm, Broadcom, Nvidia e AMD, por ordem de receita (a taiwanesa MediaTek ocupa a 4.ª posição).

A UE também sentiu o baque do desabastecimento, com o agravante de que o bloco econômico é meramente consumidor de semicondutores e tecnologias associadas, dependendo de manufaturas da China e Taiwan, e designs de companhias dos Estados Unidos e da britânica ARM, uma das perdas mais sentidas, causada pelo Brexit.

Ainda em 2020, o parlamento europeu anunciou um aporte massivo destinado a companhias de tecnologia locais, mas em setembro de 2021, os planos foram ampliados com a introdução da ECA (não confundir com Estatuto da Criança e do Adolescente), que estabelece um esforço conjunto das empresas europeias, a fim de alcançar o que von der Leyen chamou de "soberania tecnológica".

A ideia da Lei é reunir em um esforço conjunto institutos como IMEC, CEA-Leti e Fraunhofer-Gesellschaft, e as gigantes ASML, Aixtron, Meier Burger, Soitec e outras, para desenvolver planos de fomento, incrementar a produção local de chips para consumo interno, quebrando a dependência externa, e estabelecer a UE como bloco fornecedor de tecnologia de semicondutores para outros países, e não mais apenas consumidor.

Ursula von der Leyen não esconde o desejo de que, eventualmente, o continente assuma a liderança do setor, concorrendo de igual para igual com Intel, TSMC, ARM e outras, tanto no design quanto na impressão e fornecimento de chips para todo o globo.

A ASML, que fabrica máquinas impressoras de semicondutores, é a empresa mais valiosa da Europa (Crédito: Divulgação/ASML)

A ASML, que fabrica máquinas impressoras de semicondutores, é a empresa mais valiosa da Europa (Crédito: Divulgação/ASML)

Os esforços da UE para pôr os planos em prática estão ganhando momentum, na forma de um primeiro aporte gordo para a iniciativa, de mais de 8 bilhões de euros, para fomentar pesquisa e desenvolvimento. Além do subsídio governamental, a iniciativa privada injetou mais 13,7 € bilhões (~R$ 71,98 bilhões), com o montante fechando a conta em 21,8 € bilhões, ou aproximadamente R$ 114,49 bilhões, apenas para a fase de P&D.

Inicialmente, 68 projetos de 56 empresas, entre grande e médio portes, startups, institutos e universidades, em 19 países, foram elencados. ASML e Airbus estão na lista, enquanto empresas locais como Infineon e STMicroelectronics, bem como as externas Intel, GlobalFoundries, Wolfspeed e TSMC, que pretende construir uma fábrica de chips na Alemanha, investem no plano.

O subsídio será liberado via IPCEI (Projetos Importante de Interesse Comum à Europa), que facilita o acesso a fundos públicos por projetos que beneficiam a UE, e os planos são de que os primeiros produtos oriundos desse aporte cheguem ao mercado consumidor já em 2025.

No momento, um acordo entre a Comissão e o Parlamento foi fechado em maio de 2023 para a implementação da Lei Europeia de Semicondutores, que finja surpresa, já foi criticada por ser mais um mecanismo de protecionismo europeu, contra os negócios de empresas externas. De qualquer forma, a meta é para que a UE passe a produzir 20% de todos os semicondutores em uso no mundo até 2030.

Fonte: European Commission

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