Meio Bit » Entretenimento » Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania – mais autópsia do que resenha

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania – mais autópsia do que resenha

O quer dizer de Quantumania? Algo que podemos afirmar com certeza é que é o 3.º filme do Homem-Formiga

41 semanas atrás

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania não deu certo. Pronto, falei. Os motivos foram vários, e a principal explicação pode não ser o principal motivo. Você entenderá melhor à medida que formos destrinchando esse presunto.

Quantumania no Reino Quântico (Crédito: Marvel)

Quantumania – Sinopse

*ALERTA*

Contém spoilers, inclusive de Guardiões da Galáxia Vol. 3.

Scott Lang, o Homem-Formiga é um autor e podcaster de sucesso, depois dos eventos de Vingadores: Ultimato. Cassie, sua filha adolescente problemática e gênia da Ciência desenvolve uma tecnologia para estudar o Reino Quântico, junto com Hope Van Dyne.

Janet Van Dyne, sua avó (da Cassie, não sua) fica apavorada quando descobre, mas aí é tarde demais. Todos (Janet, Hope, Hank Pym, Scott e Cassie) são sugados para o Reino Quântico, um microverso repleto de perigos e estranhas criaturas. A mais perigosa de todas é Kang, o Conquistador. Janet foi aliada de Kang, 30 anos atrás, mas ajudou a liderar uma rebelião contra o malvado ditador.

Kang é mal bagarai, dizem, mas não mostra a que veio (Crédito: Marvel)

Depois de muitas peripécias na maior adrenalina Scott e sua turminha derrotam o vilão e voltam para o nosso mundo.

Colocando no papel assim, no estilo do ChatGPT rodando em um CP-500, parece um filme normal da Marvel, mas Quantumania, assim como Bruce, tem problemas, muitos problemas.

O primeiro deles, é, ironicamente, ser quadrinhos demais. O filme joga muitos conceitos na tela, muitos personagens, locais e situações, sem situar o espectador. Nos quadrinhos tudo tem um background, uma história prévia, e sempre cabem “balões de recordação”, aquelas caixinhas que resumem alguns fatos para situar o leitor.

No filme a Vespa original, Janet, passou 30 anos no tal Reino Quântico, conhece todo mundo, mas não explica nada. Ela interage com personagens em cenários épicos, sem que a gente tenha a menor ideia de quem é a pessoa, ou mesmo se é uma pessoa.

"Veja, não é só o James Gunn, também temos aliens esquisitos!" (Crédito: Marvel)

Separar os heróis em dois grupos, com Hank, Hope e Janet perdidos de Scott costuma funcionar, mas no caso só dobrou o estranhamento, agora temos dois grupos encontrando situações alienígenas ao mesmo tempo, sem que a história ande.

O clichê estranho em uma terra estranha desaparece imediatamente, e Scott e Cassie precisam encontrar o resto da família. Para isso, têm que ganhar a confiança dos rebeldes, o que é super-fácil, quase um inconveniente.

Hank e as moças vão parar na Cantina de Mos Eisley, onde Jan encontra um ex-peguete agora alto dignatário local, Brutus Traitor McTraírasson da Silva Judas, interpretado por Bill Murray, deliciosamente mastigando o cenário, como sempre.

Como não confiar nesse santo homem? (Crédito: Marvel)

Para surpresa de ninguém exceto Hellen-Keller, se viva fosse e não tivesse visto o filme, o personagem de Bill Murray trai o grupo, entregando para Kang a localização de Janet.

A grande briga é que Kang havia sido exilado no Reino Quântico, e Janet, depois de inicialmente ajudá-lo percebeu que um sujeito chamado Kang, o Conquistador não era boa gente, destruiu a bateria da nave, impedindo Kang de voltar para seja lá de onde ele tenha vindo.

Agora Kang quer vingança, e também que consertem a nave. Ao mesmo tempo Scott e Cassie precisam enfrentar um dos mais ridículos personagens da Marvel, M.O.D.O.K., sigla para “Mental Organism Designed Only for Killing”, um sujeito que é basicamente uma cabeça gigante em uma cadeira voadora, com braços e pernas ridiculamente pequenos (e uma bunda proporcional, mostrada no filme, mas pouparei você disso, querido leitor).

Senhoras e senhores do juri, a promotoria encerra (Crédito: Marvel)

Não entenda errado, a versão do M.O.D.O.K. em Quantumania ficou excelente. Simplificaram e criaram uma conexão com o primeiro filme. Agora Darren Cross, o Jaqueta Amarela foi achado no Reino Quântico, todo deformado por sua miniaturização descontrolada, e salvo pelos lacaios de Kang, transformado em uma perfeita máquina de matar.

O problema é que o M.O.D.O.K. é algo que a gente aceita nos quadrinhos, em um filme ele é visualmente ridículo.

Quantumania e o povo que ninguém se importa

Em Guardiões na Galáxia Vol. 3, James Gunn gastou tempo mostrando seus heróis interagindo com o povo da Contra-Terra, foi criado um laço emocional, era um grupo de seres estranhos levando uma vida completamente mundana e inofensiva em algo muito parecido com a vida de todos nós. Quando o Alto Evolucionário genocidou o planeta inteiro, todo mundo sentiu.

Já em Quantumania, bem... não há ninguém para a gente se apegar, os personagens aparecem, cumprem sua função, somem ou morrem. Sem nenhum crescimento ou desenvolvimento.

Que vilão é esse?

Kang é um dos melhores e mais complexos vilões da Marvel, como explicado neste excelente texto do Ronaldo. Ele teve seu debut no MCU no final da 1.ª temporada de Loki, na figura de Aquele que Permanece, a última variante de Kang, vencedor da guerra do Multiverso, após derrotar todas as suas outras versões.

Kang era uma entidade poderosíssima, com conhecimento absoluto de tempo e espaço, mas por algum motivo ele apanha de... formigas.

No filme Janet descreve Kang como um conquistador implacável, destruindo mundos, linhas temporais inteiras, algo que deixaria Thanos no chinelo. Ele se gaba de ter matado os Vingadores incontáveis vezes, mesmo assim toma uma piaba da 2.ª Divisão?

Convenhamos, o Homem-Formiga está longe dos pesos-pesados da equipe. A única forma que ele derrotaria Kang seria com aquela estratégia que a internet sugeriu para o Thanos, mas Kang é um estrategista, ele estaria preparado.

Assim como o Tenente Sargento Frank Drebin, Kang é um brilhante estrategista (Crédito: Paramount Pictures)

Quantumania deveria ser a grande introdução de Kang, depois do soft opening em Loki. O personagem é extremamente importante, todo o novo arco do MCU é baseado nele, mas não convenceu. Para alguém tão poderoso, Kang vive morrendo. Se eu fosse a Marvel aproveitaria as polêmicas envolvendo o Jonathan Majors e trocaria o ator pelo Sean Bean.

Michael Douglas e Michelle Pfeiffer são dois monstros sagrados dos Anos 1980, ela tem pedigree de filme de quadrinhos, sua Mulher-Gato é um ícone até hoje, cosplay preferido de 10 entre 10 periguetes, mas assim como Zack Snyder, eles não dão liga. A química é quase inexistente.

Também falta ritmo em Quantumania, Kang tem tantos monólogos intermináveis que por momentos achei que fosse uma versão Marvel de Lorde Manga Khan.

Conclusão:

Quantumania é... chato. É preciso mais do que efeitos visuais para segurar um filme de duas horas. Falta química entre os personagens, Paul Rudd tem que carregar o filme nas costas e não há nenhum perigo, nenhuma consequência. Todos os personagens apresentados serão devidamente esquecidos, é um filme que não agrega rigorosamente nada ao MCU.

Trailer:

Cotação:

2/5 Luises. Eu iria dar nota 3/5, mas não ter uma ponta do Michael Peña em Quantumania é um crime que não passará impune!

Leia mais sobre: , , , .

relacionados


Comentários