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Resenha: Loki - A melhor versão do Deus da Mentira (spoilers)

Loki é a nova série da Disvel, contando o que aconteceu com o filho de Odin e como ele descobriu algo além e maior que o Universo.

3 anos atrás

Loki é a nova série da Disney+ / Marvel, completamente diferente em tom e cenário de Wandavision e Falcão América e o Soldado invernal. Talvez seja a mais importante de todas as séries, e provavelmente será a mais divertida, uma história de ambições e proporções cósmicas.

Loki acha que Loki é destinado à Grandeza (Crédito: Disney/Marvel)

Loki é uma série de viagem no tempo, e eu odeio viagem no tempo. Quer dizer, odeio ter que pensar em todos os paradoxos e regras de viagens no tempo, mas dessa vez a Marvel pensou grande, muito grande.

Logo após roubar o Cubo Cósmico na cara dos Avengeiros, Loki vai parar no Deserto de Gobi, na Mongólia, mas é imediatamente detido por agentes da TVA. Não, ele não é preso por piratear TV a Cabo, a TVA, Time Variance Authority, ou Agência de Variância Temporal é uma organização que trabalha para preservar a Linha Temporal.

A AVT existe fora do tempo e do espaço. Ela foi criada pelos Guardiões do Tempo, três entidades que por sua vez foram criadas pelo último diretor da TVA, no momento em que o Tempo deixou de existir, no fim de tudo, quando um novo ciclo de Criação se iniciou. O objetivo era preservar a Linha Temporal, e assim garantir a existência do Diretor.

Nos quadrinhos a TVA é uma imensa burocracia com cronomonitores, clones sem rosto que monitoram linhas temporais. (Crédito: Marvel Comics)

Nos quadrinhos a AVT monitora o fluxo do tempo no Multiverso, localizando linhas temporais potencialmente perigosas, e eliminando-as. No MCU, ou MTU, se quisermos ser pedantes, existe uma única linha temporal, a AVT elimina todas as variações, que caso não sejam controladas pode crescer e se tornar linhas temporais alternativas.

Ao roubar o Cubo Cósmico Loki fugiu de seu destino, ser preso em Asgard e eventualmente morrer nas mãos de Thanos. Ele se tornou uma Variante Temporal, e isso a AVT não pode permitir.

Loki seria preso, se os Avengeiros não tivessem feito caca. (Crédito: Disney/Marvel)

Existindo em uma dimensão de bolso, fora do tempo e do espaço, a sede da TVA é uma deliciosa e anacrônica coleção da mais kitsch cenografia que a Marvel conseguiu achar. Ao mesmo tempo em que eles usam tecnologia indistinguível de mágica, o local parece uma imensa repartição, um cartório do final dos anos 1960, cheio de plásticos coloridos, pranchetas, cadeiras de gosto duvidoso e cartazes institucionais.

Loki imediatamente fica de saco cheio com aquele bando de burocratas que aparentemente não sabem com quem estão se metendo, mas aos poucos ele percebe que na verdade ele não tem idéia. Loki descobre que seu Universo acaba de se expandir, e ele, que se considera um deus, é subnitrato de pó de caca, estamos falando de uma Organização que destrói universos inteiros regularmente, apenas parte de um dia de trabalho.

Casey não sabe o que é o Tesseract, mas pelo nome acha bobo. (Crédito: Disney /Marvel)

Fora os momentos hilários com Loki sendo confrontado pela própria insignificância, temos uma bela discussão sobre livre arbítrio. Segundo a AVT, o Destino de cada criatura da Sagrada Linha Temporal é definido pelos Guardiões do Tempo, mas como isso afeta o Deus da Mentira, que se gaba de escolher seu próprio caminho?

O principal interlocutor de Loki é Mobius M. Mobius, um burocrata da AVT brilhantemente interpretado por Owen Wilson. Ele está decidido a ganhar Loki para a AVT, ao invés de “resetá-lo”. Aqui acontece um dos bons momentos do episódio de 1h de duração: Loki passa por um “essa é a sua vida”, com Mobius mostrando em um holoprojetor vários momentos importantes.

A AVT é um gigantesco cartório (Crédito: Disney/Marvel)

Depois de uma tentativa de fuga aonde Loki descobre que tudo que ele lutou e almejou não tinha mais nenhum significado, ele volta para a sala do projetor e acompanha o desenrolar de sua vida; sua reaproximação com Thor, o verdadeiro amor de Odin, a morte da mãe e sua própria morte nas mãos do Titã Louco.

Tom Hiddleston dá um show de interpretação, vemos o Loki de 2012, que não passou por nada daquilo, ter todo o crescimento interno que acompanhamos em vários filmes.

Mobius oferece a Loki uma chance; trabalhar para a AVT, ajudando em um caso em que uma variante temporal está matando agentes da AVT, e roubando as cargas usadas para resetar as linhas temporais alternativas.

Existe uns 102% de chance, com margem de erro de 2% desse alguém ser uma variante do Loki, e ele terá que enfrentar a si mesmo.

Owen Wilson é Mobius M. Mobius, e não está nem aí pra pretensa divindade de Loki (Crédito: Marvel/Disney)

Kevin Feige já disse que Loki será importante para definir a Fase 4 do MCU, e tudo aponta para o Multiverso, que a rigor não existe (mais), tendo sido unificado pelos Guardiões do Tempo. Em Quantumania, o próximo filme do Homem-Formiga e da Vespa, o vilão será Kang, o Conquistador.

Kang é um vilão viajante do tempo que aparece nas horas mais inconvenientes, já foi derrotado pela maioria dos heróis da Marvel. Kang é apaixonado pela princesa Ravonna Renslayer, que na série é a Juíza que julga Loki.

Também há boas possibilidades de que Dr Estranho e o Multiverso da Loucura envolva o Multiverso, então não é errado imaginar que ao final da série Loki acabe, sem-querer querendo criando o Multiverso e dando início a uma série de altas confusões na maior adrenalina.

Em Loki vemos um deus confrontado não só com a própria mortalidade, mas com a própria insignificância. Ao mesmo tempo vemos o Universo Cinematográfico Marvel ser ampliado de uma forma imensa. Esqueça tudo que aprendemos até hoje, esqueça Thanos, Celestiais, Inumanos (ok, Inumanos é até um favor esquecer aquela série pavorosa), Eternos.

Estamos entrando em uma era de entidades cósmicas além da compreensão, incluindo Wanda Maximoff, que é uma Entidade Nexus, uma criatura que é uma espécie de intercessão entre todas as Realidades, ela existe e consegue acessar todas as possibilidades e variações.

Inclusive a realidade onde há mutantes no MCU. Talvez Wanda pratique o contrário de sua frase famosa:

Wandinha é sinistra (Crédito: Marvel Comics)

Conclusão:

Loki é uma série que consegue ser engraçada e profunda. A Marvel, que morria de medo de introduzir magia em seu universo sério e racional chutou o pau da barraca, e está abraçando sem pudor os lados mais metafísicos e esotéricos dos quadrinhos,  com decisões corajosas como tornar 10 anos de MCU desimportantes como uma gaveta de quinquilharias.

Que venham mais episódios e muitos seguidores para o deus da mentira!

Trailer:

Cotação:

5/5 pesos de papel

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