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Namor: quem é vilão da Marvel de Pantera Negra 2

Namor, o Príncipe Submarino, vai enfim dar as caras no MCU; conheça a história do primeiro herói e mutante da Marvel

2 anos atrás

Namor, o Príncipe Submarino, o primeiro herói da Marvel Comics e um dos super-heróis mais antigos dos quadrinhos, está finalmente chegando ao MCU. O irascível e temperamental monarca das profundezas será um dos antagonistas de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, que estreia nos cinemas em novembro de 2022.

Namor é um dos personagens mais complexos, e temperamentais, das HQs (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Namor é um dos personagens mais complexos, e temperamentais, das HQs (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Apesar de Namor ter mais de 80 anos de história, muitos o veem apenas como uma cópia do Aquaman, da DC, o que não só é injusto, como completamente errado. Como o Meio Bit também é cultura pop, chegou a hora de trazer a vocês tudo sobre o orelhudo mais entojado da Marvel.

Namor: a origem do 1.º anti-herói das HQs

Ao contrário do que muita gente pensa, a primeira aparição de Namor não foi na Marvel Comics #1, onde surgiu o primeiro Tocha Humana, o androide que também atende por Jim Hammond. O Príncipe Submarino fez sua estreia meses antes na Motion Picture Funnies Weekly #1, de abril de 1939, a primeira publicação da Timely Comics, que não foi vendida, mas distribuída em cinemas.

Criado por Bill Everett, que décadas depois seria o "pai" de Matt Murdock, o Demolidor, Namor é apresentado não como um herói altruísta, mas como o protetor final de Atlântida, contra as agressões do povo da superfície. Já nessa história ele se revela bem cruel, ao matar violentamente dois mergulhadores investigando um naufrágio, e afundar com facilidade o navio de pesquisa do qual eles faziam parte.

Ao voltar para Atlântida, sua mãe, a princesa Fen, explica para ele sua origem: seu pai era um humano, o explorador Leonard McKenzie, que estava no rastro do Endurance de Sir Ernest Shackleton, que no universo Marvel, sumiu em 1915 enquanto buscavam por vibranium na Antártica.

A primeira história de Namor já explicava sua origem, como um híbrido humano/atlante. Arte e texto de Bill Everett (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

A primeira história de Namor já explicava sua origem, como um híbrido humano/atlante. Arte e texto de Bill Everett (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Em 1920, Fen foi enviada por sei pai, o imperador Thakorr, como uma espiã para investigar explosões na superfície, causadas pela equipe de McKenzie. Ela encontrou o explorador e ambos acabaram se apaixonando, e claro, ela engravidou. Após um confronto entre humanos e atlantes para recuperar Fen, Leonard morreu, bem como muitos compatriotas da princesa.

Posteriormente Fen deu à luz a um menino, ao qual deu o nome de Namor, "filho vingador" na linguagem atlante. O ódio e ressentimento contra os humanos da princesa passou para o jovem, que cresceu para usar seus dons únicos para proteger seu povo. E azar dos habitantes da superfície que cruzarem seu caminho.

A estética das HQs da época retratava Namor como uma ameaça, por isso não é exatamente correto classificá-lo como o primeiro herói da Marvel. Ele se adequa muito mais ao papel de supervilão, ou de um anti-herói, visto inclusive como o primeiro dos quadrinhos. Durante a Segunda Guerra Mundial ele atuou ao lado de heróis, como o Capitão América, apenas porque as nações do Eixo eram uma ameaça comum a humanos e atlantes.

Nas primeiras histórias e antes dos Estados Unidos entrarem na guerra, Namor era full vilão e inimigo do Tocha, tendo inclusive atacado e inundado Nova Iorque, em um de seus vários Atos de Vingança.

Capa da edição #9 da revista Marvel Mistery Comics, com o primeiro Tocha Humana vs. Namor (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Capa da edição #9 da revista Marvel Mistery Comics, com o primeiro Tocha Humana vs. Namor (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Namor foi publicado por vários anos, mas sumiu no início dos anos 1950. Ele ressurgiu graças a Stan Lee e Jack Kirby, e desta vez como um vilão de fato, nas páginas de Fantastic Four #4, em fevereiro de 1962.

Na história o Tocha Humana (Johnny Storm desta vez), provando mais uma vez que jovem só faz besteira, encontra um desmemoriado Namor vivendo como um mendigo no Queens na Bowery (uma rua que até os anos 1970, era o "antro das almas penadas" de Nova Iorque, povoada por moradores de rua e miseráveis em geral), e após jogá-lo no mar, o Príncipe Submarino lembra-se de quem é.

Ao voltar para Atlântida, ele encontra seu reino destruído e vestígios de radioatividade na água, no que ele conclui que a diáspora de seu povo foi desencadeada por testes nucleares. Como consequência, Namor jura se vingar do povo da superfície.

Johnny Storm, desde sempre o presepeiro-mor da Marvel (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Johnny Storm, desde sempre o presepeiro-mor da Marvel (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Desde então, Namor transita frequentemente entre os papéis de vilão e inimigo da humanidade, herói altruísta (muito raro, e depende de quem o escreve) e anti-herói, o que lhe é mais adequado.

Embora despreze humanos em geral, com poucas exceções como o Capitão América e outros aliados dos Invasores, o grupo de heróis da Marvel da Segunda Guerra, e alguns heróis e civis isolados, o monarca é extremamente zeloso para com Atlântida e seu povo, e fará de tudo para protegê-los, mesmo que isso signifique iniciar conflitos violentos com o resto do planeta, e toda a comunidade heróica da superfície.

Outro ponto fraco de Namor, frequentemente explorado, é sua queda por... loiras. Ele nutre um amor platônico por Sue Storm/Richards, a Mulher Invisível, desde que a viu pela primeira vez, e convenhamos: ela sempre deu asa para o orelhudo, já que Reed, mais preocupado com seus experimentos, segue a máxima "quem não dá atenção, gera condição".

E Namor andando para cima e para baixo só de sunga também não ajuda o Sr. Fantástico em nada.

Isto acontece com muita frequência nas HQs (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Isto acontece com muita frequência nas HQs (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Namor também já se enrabichou com Emma Frost, a Rainha Branca, quando ele foi membro dos X-Men (mais sobre isso a seguir) e ela ainda estava casada com o Ciclope. Seria o Príncipe Submarino um Super Talarico?

Poderes e habilidades

Namor possui a capacidade de respirar debaixo d'água, mas o fato de ser um híbrido humano/atlante lhe conferiu poderes e habilidades únicas, compartilhadas apenas por sua prima Namora (fato: autores da Era de Ouro não tinham muita criatividade), que é filha de pai atlante e mãe humana.

Namor também é capaz de respirar ar na superfície, e nasceu com quatro asas em seus tornozelos; embora pequenas, elas lhe conferem o dom de voar e o sustentam no ar sem dificuldade. Ele também possui super-força, resistência e reflexos ampliados, e enquanto submerso ou com o corpo molhado, todas essas características são intensificadas.

Debaixo d'água, Namor é tão ou mais forte do que o Thor, e rivaliza com o Hulk.

No seu elemento, Namor é quase imbatível (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

No seu elemento, Namor é quase imbatível (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Ao longo dos anos, Namor também demonstrou habilidades diferentes, como a capacidade de se comunicar com animais marinhos, emitir descargas de energia e hidrocinese (manipulação de águas, um poder que ele roubou do vilão Homem-Hídrico), e outras que foram abandonadas por serem ridículas, como inflar seu corpo como um baiacú (ah, a Era de Prata...).

Porém, a principal característica de Namor, e sua marca registrada, é seu temperamento. Criado para ser um rei desde a infância, o Príncipe Submarino é extremamente arrogante e cheio de si, e mesmo entre aliados, frequentemente se vangloria de sua origem nobre, de sua posição como monarca de Atlântida, e de seu domínio quase incontesto sobre 70% do território da Terra.

O que vira e mexe causa situações engraçadas:

A arrogância do Namor tem um efeito colateral: delay para entender piadas e zoações (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

A arrogância do Namor tem um efeito colateral: delay para entender piadas e zoações (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Autores tentaram explicar o gênio de Namor ao longo dos anos, sugerindo que por ser híbrido, ele teria que viver períodos equivalentes na superfície e nos mares, e qualquer desequilíbrio causaria insanidade; também já usaram a carta de manipulação mental por inimigos, e até pelo professor Charles Xavier.

Namor vs. Aquaman: quais as diferenças?

Primeiro, é injusto dizer que o Namor é uma cópia do Aquaman, até porque o Príncipe Submarino surgiu mais de dois anos antes. A primeira história de Arthur Curry foi publicada na More Fun Comics Vol. 1 #73, de novembro de 1941.

Em termos de força, ambos são bem equiparados, mas Aquaman não pode voar. Por outro lado, o poder de telepatia animal de Arthur é visivelmente superior, enquanto o de Namor só aparece esporadicamente, quando os roteiristas decidem usá-lo.

Os dois chegaram a se enfrentar nos anos 1990, durante o crossover DC vs. Marvel, em uma luta decidida por voto popular, com o Aquaman levando a melhor. Ainda assim, Namor deixou sua marca:

Isso foi bonito, admito (Crédito: Reprodução/DC Comics/Warner Bros./Marvel Comics/Disney)

Isso foi bonito, admito (Crédito: Reprodução/DC Comics/Warner Bros./Marvel Comics/Disney)

Porém, a principal diferença entre os dois é o caráter. Arthur Curry foi criado na superfície por seu pai, e se tornou rei de Atlântida por razões circunstanciais. Ele é mais benevolente (embora não muito, dependendo da fase) e tem muito mais proximidade com os humanos do que Namor, que foi ensinado desde cedo a desprezá-los.

Além disso, Namor foi criado entre nobres, para assumir o trono atlante quando tivesse idade suficiente. Ele não se vê como uma pessoa comum, e se coloca sempre acima dos demais mortais.

Isto resume bem (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Isto resume bem (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

O primeiro mutante da Marvel?

Mais ou menos.

Namor possui o gene X, assim como sua prima Namora, porém, suas mutações foram desencadeadas por serem híbridos entre o Homo sapiens e o Homo mermanus, os atlantes. Por isso seus dons são idênticos, uma forma preguiçosa de explicar o que não foi feito durante a Era de Ouro.

Quanto a ser o primeiro mutante, título que a Marvel frequentemente usa em suas revistas, funciona assim: no universo dos quadrinhos, existem inúmeros Homo superior mais velhos, de Apocalipse (+5 mil anos) à X-Eterna Selene Gallio, esta efetivamente a primeira, tendo nascido na Era Hiboriana, ou seja, é contemporânea do Conan; ela inclusive foi inimiga de Kulan Gath.

Namor já foi membro dos X-Men. E inimigo, claro (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Namor já foi membro dos X-Men. E inimigo, claro (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Namor é considerado "o primeiro mutante da Marvel" por ter surgido em 1939, e precedido a estreia dos X-Men nas HQs em mais de 20 anos (1963). Sim, é um uso clássico de retcon para fins editoriais, já que originalmente, o orelhudo sequer era chamado assim.

Como será o Namor e a Atlântida do MCU?

Com o lançamento do primeiro teaser de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, rumores passados de que Wakanda vai entrar em guerra com Namor, por motivos ainda não esclarecidos, foram confirmados; ele parece ser o vilão do filme, mas é provável que assuma seu papel corriqueiro de anti-herói, atuando para proteger Atlântida de qualquer ameaça representada pelos habitantes da superfície, não importam as consequências.

Ou melhor dizendo, esqueça Atlântida. Para distanciar Namor o máximo possível do Aquaman, a versão MCU do reino aquático não terá nenhuma conexão com o mito clássico. Tudo que remete a uma civilização próxima da Grécia antiga foi limado.

Os trajes e construções submersas vistas no teaser remetem ao Império Asteca, o que é compreensível: o ator Tenoch Huerta (Uma Noite de Crime - A Fronteira), que viverá o Príncipe Submarino nos cinemas, é mexicano de origem indígena, descendente dos povos Purépecha e Nahua, sendo este o que deu origem aos astecas e toltecas.

O Namor do MCU não deve nada a Montezuma (Crédito: Reprodução/Marvel Studios/Disney)

O Namor do MCU não deve nada a Montezuma (Crédito: Reprodução/Marvel Studios/Disney)

Até mesmo o nome mudou. Graças à Hasbro (dica: se você quer evitar tomar spoilers, NUNCA busque por brinquedos relacionados a filmes antes da estreia), todo mundo agora sabe que o reino de Namor no MCU se chama Talocan, uma referência a Tlālōcān, o paraíso descrito nos mitos astecas, governado pelo deus da chuva Tlālōc e sua consorte Chalchiuhtlicue.

O trailer também deu bastante destaque ao povo atlante talocano, que ao que tudo indica e diferente das HQs, só apresenta a pele de cor azul fora d'água, como é possível observar na cena que mostra o nascimento de Namor. Sim, ele tem as asinhas nos tornozelos, mas ainda não sabemos se ele pode voar, ou se possui os outros dons de sua versão dos quadrinhos, além da capacidade de viver acima e sob as águas sem problema algum.

Já o exército atlante talocano promete dar uma tremenda canseira nas forças de Wakanda, as Dora Milaje inclusas.

Assim como nas HQs, talocanos de sangue puro do MCU não conseguem respirar ar (Crédito: Reprodução/Marvel Studios/Disney)

Assim como nas HQs, talocanos de sangue puro do MCU não conseguem respirar ar (Crédito: Reprodução/Marvel Studios/Disney)

Ah, sim, está vendo o grandão na imagem acima? É a versão MCU do Attuma, um dos maiores rivais do Príncipe Submarino nas HQs, um atlante que sempre está tentando tomar o trono de Atlântida para si.

Por fim, caso Namor também seja confirmado como um mutante no MCU, tal qual Kamala Khan/Ms. Marvel, será mais um passo para a futura reintrodução dos X-Men no cinema.

Namor e Talocan à parte, o teaser dá a entender que a morte de Chadwick Boseman se refletiu no MCU, no que a rainha Ramonda (Angela Bassett) diz que "toda a sua família se foi", embora Shuri (Letitia Wright) possa ser vista.

Também tivemos o primeiro vislumbre da atriz Dominique Thorne (Judas e o Messias Negro) como Riri Williams, a jovem que se tornará a heroína blindada Ironheart/Coração de Ferro.

O futuro de Namor no MCU é incerto. Assim como o Hulk, seus direitos de distribuição pertencem à Universal, impedindo a produção de um filme ou uma série própria, no que ela ficaria com o grosso da grana. A concorrente nem cogita a ideia de vender ambos de volta à Marvel/Disney, da mesma forma que a Sony nunca abrirá mão do Homem-Aranha.

É bem provável que Namor acabe sendo usado da mesma forma que o Hulk, ficando relegado a um papel de suporte por não poder estrelar nada; por outro lado, com Banner, a "Pequena Sereia" emburrada e o Doutor Estranho já estabelecidos no MCU, nada impede que a Disney explore-os no grupo de heróis mais instável da Marvel:

Os Defensores originais vêm aí? (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Os Defensores originais vêm aí? (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Só falta o Surfista Prateado, o que dada a confirmação da chegada do Quarteto Fantástico ao MCU em novembro de 2024, não deve demorar muito mais.

Dica de leitura: Namor — As Profundezas

Publicada entre 2008 e 2009 pelo selo Marvel Knights, de histórias para leitores adultos, a minissérie em 5 edições Namor — As Profundezas se passa fora da cronologia oficial, em que Atlântida é tratada como um mito, bem como seu "terrível protetor", em uma autêntica HQ de Terror, quase lovecraftiana.

A história, ambientada nos anos 1950, narra uma expedição de um submarino ao fundo do mar, liderada por um cientista determinado a provar que a cidade submersa não existe, contra os medos e superstições de sua tripulação, crentes de que Namor, visto como um monstro, não só é real, como deve ser temido e evitado.

Capa da primeira edição da minissérie Namor — As Profundezas (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

Capa da primeira edição da minissérie Namor — As Profundezas (Crédito: Reprodução/Marvel Comics/Disney)

A narrativa de Peter Milligan (que vai escrever o retorno de Miracleman aos gibis), aliada à arte sensacional de Esad Ribić (Loki) compõem o clima claustrofóbico, enquanto a HQ trabalha muito bem os conflitos de Fé X Ciência e Razão X Loucura.

Na esteira do filme, a HQ voltou a ser publicada no Brasil, fazendo parte da série Marvel Essenciais; se você tiver a oportunidade, pegue-a. Não vai se arrepender.

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