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Players: falso documentário mostra o lado humano dos eSports

Usando o League of Legends como pano de fundo, mockumentary Players mostra os bastidores de uma equipe profissional de eSports

1 ano e meio atrás

Mesmo para quem não está habituado aos títulos usados nos torneiso, acompanhar o cenário dos eSports pode ser algo fascinante. Porém, apesar das competições distribuírem grandes premiações e os jogadores serem tratados como estrelas, nem tudo neste meio são flores e é isso o que tenta mostrar a série Players.

Players

Players (Crédito: Divulgação/Paramount+)

Disponível na Paramount+, a criação de Tony Yacenda e Dan Perrault funciona como um documentário falso, com seus atores desconhecidos ajudando a reforça a impressão de estarmos conhecendo uma história real. E para quem conhece o trabalho anterior da dupla, a série American Vandal (Netflix), a abordagem de Players não surpreende.

Inspirada em documentários esportivos como The Last Dance, Fórmula 1: Dirigir para Viver e Cheer, a nova série acompanha o dia a dia da Fugitive Gaming, uma equipe fictícia dedicada ao extremamente popular League of Legends.

Criada por Nutmilk (Misha Brooks), um dos jogadores mais talentosos da sua geração, a equipe tinha tudo para se tornar a maior do mundo. Porém, conforme o tempo foi passando e o tão esperado título não veio, os empresários e investidores que passaram a controlar o grupo perceberam que seria preciso reformular o time.

Essa será a brecha para que um novo fenômeno seja contratado, um garoto de apenas 17 anos e conhecido como Organizm (Da’Jour Jones). Adorado no Twitch e tendo conseguido derrotar alguns dos melhores do mundo, o introvertido (mas de personalidade forte) moleque faz com que o líder da Fugitive — agora com 28 anos e adotando o nome Creamcheese — perceba que o seu reinado pode estar chegando ao fim.

Embora seja uma série de comédia, Players não se priva de tecer algumas críticas ao mundo dos eSports, com o drama se fazendo presente em todos os episódios. Um exemplo está no próprio nome da equipe, oriunda de um evento ocorrido no passado do protagonista e que apesar de ser tratado de maneira engraçada, serve para mostrar como pode ser difícil se tornar um pro-player.

O veterano Trevor “Creamcheese” (Crédito: Divulgação/Paramount+)

Com as famílias desses jovens duvidando do futuro em que eles estão apostando, mesmo o promissor Organizm é desacreditado pelos seus pais, situação que só começa a mudar quando ele recebe uma proposta milionária para um contrato. Há ainda a guerra de egos entre os astros da Fugitive, com o técnico Kyle Braxton (Ely Henry) se desdobrando para manter os ânimos controlados.

Por não ser uma pessoa que conhece os pormenores do League of Legends, confesso que estava receoso em começar a assistir à série. Durante alguns trechos eu até fiquei perdido com os jargões utilizados pelos narradores ou sem entender muito bem porque a escolha de um personagem num campeonato seria algo tão arriscado, mas apesar de Player girar em torno da criação da Riot Games, o foco dela está muito mais nos jogadores.

Isso, no entanto, não elimina a sensação de que a série pode acabar servindo como uma grande propaganda para o jogo, com a glamorização dos jogadores profissionais sendo constante. A minha dúvida é se o público mais novo conseguirá captar as críticas nas entrelinhas ou apenas ficará deslumbrado com o fascinante mundo em que vivem os competidores de elite.

Já outra importante mensagem passada por Players é sobre como as pessoas podem mudar a partir do momento em que transformam uma paixão em profissão e amigos se tornam colegas de trabalho. Para alguns, jogar League of Legends (ou qualquer outro jogo multiplayer) pode ser a garantia de um futuro melhor, com a fama, o dinheiro e as mordomias parecendo algo tentador, mas não sem que um alto preço seja cobrado por isso.

Cena em Players (Crédito: Divulgação/Paramount+)

A série ainda conseguiu me fazer ficar pensando sobre aqueles que dedicam suas vidas a jogar um game profissionalmente. Com essas pessoas passando várias horas por dia tentando aperfeiçoar suas habilidades, será que sobra espaço para a diversão? Será que elas conseguem encarar uma partida nesses jogos ignorando a competitividade que tanto cultivam?

Apesar de ter feito deles a minha profissão, o meu objetivo com os videogames sempre foi me divertir e por isso não consigo me imaginar jogando um mesmo título ininterruptamente. Isso foi também o que acabou me afastando das partidas multiplayer, pois essa gana de ser o melhor de todos é algo que deixei de lado há bastante tempo.

Enfim, mesmo com todos os estereótipos e exageros mostrados em Players, a complexidade dos seus personagens e a narrativa fazem com que aquilo que poderia ser apenas uma comédia bobinha esteja carregada de significados. Não é uma série que mudará o mundo, mas que aborda um tema interessante e mostra que, assim como atletas de esportes tradicionais, os de videogame também possuem sentimentos, franquezas e virtudes.

Talvez eu tenha gostado da série por ter caído nela sem muitas expectativas, talvez ela apenas consiga falar sobre o universo dos eSports (e consequentemente dos games) de maneira muito melhor do que boa parte das adaptações. De qualquer forma, Players se mostrou uma grata surpresa, uma história que eu não sabia que precisava conhecer e que, mesmo sendo fictícia, fala muito mais sobre a realidade do que costumamos ver por aí em reportagens ou matérias sobre aqueles que fizeram dos jogos eletrônicos uma profissão.

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