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Tropas Russas em Chernobyl, radiação detectada, e agora?

Chernobyl foi vítima de mais um desastre: Russos invadiram a usina, roubaram vários objetos e a radiação na área está 30x acima do normal

2 anos atrás

Chernobyl é sede do maior desastre nuclear do Século XX, quando por pura incompetência e arrogância da União Soviética, o Reator Número 4 da Usina Nuclear de Chernobyl, perto de Pripyat, Ucrânia entrou em estado supercrítico e explodiu.

Só piora. (Crédito: HBO/MeioBit)

A nuvem radioativa se precipitou em parte na Bielorrússia, mas boa parte da Europa recebeu doses inaceitáveis de radiação, com safras inteiras sendo descartadas, milhões de litros de leite jogados fora e até hoje algumas populações tomam pílulas de iodo para evitar câncer de tireoide.

Os russos gastaram uma fortuna em planos desesperados para conter a radiação, com verdadeiros heróis passando 15 segundos no telhado do prédio do reator e recebendo uma dose de radiação equivalente a uma vida inteira.

O núcleo do reator acabou sendo envolto em um sarcófago de concreto, Pripyat foi evacuada de forma emergencial, no final foi criada uma zona de exclusão de 2600 km2 em torno da usina. Em um cenário de filme pós-apocalíptico a Natureza retomou a região, cidades abandonadas, uma cápsula do tempo deteriorando lentamente. A limpeza do reator só será concluída em 2065, a zona de exclusão permanecerá por alguns milhares de anos.

O Reator 4, ou o que restou dele. (Crédito: Agência TASS)

Com o fim da União Soviética, a batata quente radioativa caiu na mão da Ucrânia, que monitora constantemente a contaminação radioativa na região, e estava tudo razoavelmente tranquilo,  fora os peixes com três olhos e coelhos que brilhavam no escuro, mas fora um acidente nuclear Chernobyl tem outro inconveniente:

Sim, a usina é colada na fronteira. Quando era tudo União Soviética, não tinha problema. (Crédito: Google Earf)

Chernobyl fica a 11 km da fronteira com a Bielorrússia, país aliado à Rússia de Vladmir Putin e de onde partiu uma das ondas de ataque durante a invasão inicial.

Para chegar até Kiev, a 100 km dali, passa-se pela região da Usina, sendo algo estratégico o bastante para garantir um desvio. E por desvio eu digo invadir a usina, tomar os funcionários de reféns e capturar as tropas de segurança.

Foi o que aconteceu, com direito a teatrinho e tudo, mostrando russos e ucranianos colaborando na sala de monitoramento em Chernobyl. Só um detalhe: no reflexo no vidro só vemos russos na sala. O ucraniano é claramente um refém.

Notem o reflexo. Como se diz Torta de Climão em ucraniano? (Crédito: Reprodução Internet)

Agora a parte preocupante: os sensores que a Ucrânia usa para monitorar a radiação em Chernobyl começaram a apitar. Na região do Sarcófago, a radiação chegou a 92,7 millisieverts (mSV)/hora. A média normal é de 3 mSV/h.

Não é terrível, mas também não é uma boa notícia. Uma tomografia, por exemplo, dosa seu corpo com 15mSV de radiação.

Medições de radiação na região de Chernobyl (Crédito: Reprodução Internet)

Em outras áreas próximas da usina de Chernobyl também há aumento considerável na radiação ambiente. A hipótese provável é que com toda a movimentação de veículos pesados e soldados, a poeira jogada no ar tenha aumentado a contaminação ambiental.

Agora a parte realmente assustadora:

Em um comunicado oficial à Agência Internacional de Energia Atômica. O Ministério da Defesa da Ucrânia admitiu ter perdido controle da usina de Chernobyl, e que tropas russas levaram todos os objetos da usina, provavelmente laptops, manuais, telefones, servidores e similares.

Eles apontam também que há uma enorme quantidade de Plutônio-239 no Sarcófago, e que esse material pode ser usado para confeccionar armas nucleares. Também pode ser usado para criar as famigeradas bombas sujas, que são bombas convencionais com material radioativo, que quando explodem espalham o material contaminando toda uma vizinhança.

Isso, claro, é o pior cenário, e improvável de acontecer. Os russos já têm todas as armas nucleares que precisam, e se forem criar um ataque falso é mais simples explodir outra usina nuclear e botar a culpa dos ucranianos.

Por enquanto os responsáveis vão continuar monitorando, mas o aumento provavelmente temporário de radiação deve diminuir quando a quantidade de veículos na região também for reduzida. Não há ninguém mais na região fora soldados russos, e por mim eles podem receber quanta radiação quiserem.

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