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Hades, Hugo Awards e a importância dos indies

Após ser reconhecido em diversas premiações importantes, o ótimo Hades da Supergiant Games foi escolhido como o primeiro jogo a faturar o Hugo Awards

2 anos atrás

Quando em 2009 Amir Rao e Gavin Simon fundaram a Supergiant Games, talvez eles não tivessem muita noção disso, mas a desenvolvedora iria entrar para a história. Conhecido por produzir jogos de alta qualidade, o estúdio lançou apenas quatro título até agora (Bastion, Transistor, Pyre e Hades) e foi o último deles que recentemente conquistou uma façanha e tanto: ser reconhecido pelo Hugo Awards.

Hades

Crédito: Divulgação/Supergiant Games

Criado em 1953 com o intuito de premiar as obras de ficção científica ou fantasia, o evento que é realizado anualmente pela World Science Fiction Society acabou se tornando a principal premiação para este tipo material. Isso obviamente faz com que os vencedores se orgulhem por terem sido escolhidos e depois de quase sete décadas, os videogames finalmente tiveram o prazer de concorrer em uma categoria específica.

Escolhendo sempre as criações que foram lançadas no ano anterior, para concorrer o trabalho poderia ser tanto um jogo quanto uma modificação substancial que estivesse disponível em alguma das principais plataformas do mercado. Então, além do Hades esta categoria do Hugo Awards ainda contava com outros cinco títulos: Animal Crossing: New Horizons, Blaseball, Final Fantasy VII Remake, The Last of Us Part 2 e Spiritfarer.

De acordo com os organizadores da World Science Fiction Convention (DisCon III), ainda não existe um veredito sobre tornar definitiva uma categoria que premie o melhor jogo ou experiência interativa, mas ao lermos as palavras da co-presidente do evento, Colette Fozard, essa é uma tendência que tem tudo para se confirmar:

Desde 2020, muitos de nós gastamos mais tempo jogando do que esperávamos. Este prêmio dará aos fãs a oportunidade de celebrar os jogos que foram significativos, divertidos e excepcionais ao longo do ano passado.

Contando com premiações para fanzines e podcasts, muitas pessoas sempre estranharam a ausência dos games no Hugo Awards. Porém, se considerarmos que as graphic novels só passaram a ser premiadas nele em 2009, esta indiferença aos jogos eletrônicos não chega a ser uma grande surpresa.

Crédito: Divulgação/Supergiant Games

Além da bela direção artística e da trilha sonora acima da média, Hades costuma ser elogiado pela sua narrativa e por isso o escolhido para falar em nome da Supergiant Games foi Greg Kasavin, roteirista e diretor de criação do jogo. Pelo Twitter ele agradeceu o prêmio e desejou que o Hugo Awards “continue reconhecendo o trabalho incrível que está sendo feito na área dos videogames.

Com isso, agora o Hades conta com alguns dos principais prêmios do mundo. Só para citar alguns, no ano passado ele faturou as categorias de melhor jogo indie tanto no Golden Joystick Awards quanto no The Game Awards, já em 2021 foi a vez de levar o troféu de melhor jogo no BAFTA e no Game Developers Choice Awards, da GDC.

Tudo isso para um título que ousou explorar um gênero que anda um tanto saturado, que é o dos roguelite. Particularmente não considero que esta criação da Supergiant Games tenha trazido algo de muito inovador, mas isso não o impediu de cair no gosto do público e não foram poucas as pessoas que vi falarem que adoraram o jogo, mesmo nunca tendo curtido essa mecânica de “jogue-morra-comece tudo outra vez”.

Crédito: Divulgação/Supergiant Games

O que fico me perguntando é se um jogo como este existiria se não fosse pela independência dos seus criadores. Caso não saiba, Amir Rao e Gavin Simon foram funcionários da Electronic Arts, onde trabalharam principalmente na série Command & Conquer. Frustrado com o caminho que a franquia estava trilhando, a dupla fez o que muitos desenvolvedores fizeram por volta do final dos anos 2000, que foi pedir demissão e apostar no seu próprio estúdio.

Isso posto, mesmo com a editora norte-americana investindo ultimamente em títulos de menor porte através do selo EA Originals, será que Rao e Simon teriam a liberdade de chegar até o Hades se tivessem permanecido em seus antigos empregos? Muitas vezes um jogo é consequência daquilo que seu estúdio produziu anteriormente, mesmo não sendo uma continuação e o portfólio da Supergiant mostra claramente como eles gostam de seguir um estilo.

O triste é pensar que provavelmente um dia veremos a notícia de que essa tão adorada desenvolvedora foi adquirida por alguma gigantes e na verdade, até me surpreende isso ainda não ter acontecido.  Mas até que este negócio aconteça, vamos aproveitar para desfrutar da liberdade criativa com que esse pessoal conta e agradecer aos indies por trazerem tantos ótimos jogos à uma indústria tão criticada pela falta de originalidade.

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