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Poseidon, o Torpedo Nuclear Nuclear russo que está tirando o sono dos americanos

Que os russos gostam de ser exagerados a gente sabe, mas agora eles exageraram; criaram um torpedo que é maior que a maioria dos submarinos.

5 anos atrás

Em 1962, no auge da Crise dos Mísseis de Cuba o mundo esteve à beira de uma guerra termonuclear, e por muito tempo pouca gente soube o quão perto a gente chegou disso, inclusive muitos envolvidos diretamente, como os marinheiros da frota americana. Um submarino soviético com um torpedo nuclear  acompanhava a Força-Tarefa do USS Essex quando foi descoberto e atacado com cargas e profundidade.

Achando que a Terceira Guerra Mundial havia começado, o Capitão pediu autorização para usar sua arma secreta:

Um torpedo equipado com uma ogiva nuclear.

Era uma decisão que o Vasili Arkhipov, comandante da flotilha soviética da pesou bastante, não só pela idéia desagradável de chegar em casa de noite a mulher perguntar como foi o dia e ele ter que responder que iniciou uma guerra termonuclear que matou bilhões de pessoas e destruiu a civilização. Imaginando o inferno que seria ouvir a mulher reclamar a noite inteira que ele destruiu o mundo, o comandante se recusou a autorizar o lançamento do torpedo, mandou o submarino emergir e aguardar ordens.

Sem dar muitos spoilers, ele não lançou o torpedo, que entrou para a História como mais uma das armas insanas criadas durante a Guera Fria, como a Bazuca Nuclear Davy Crockett, o Canhão Nuclear Atomic Annie e a mina terrestre nuclear aquecida com galinhas.

Também temos o Nike-Hercules, um míssil anti-aéreo que detonaria uma ogiva nuclear no meio de formações de bombardeiros inimigos.

Com o fim da Guerra Fria (adivinhe quem ganhou) o dinheiro pra essas idéias mirabolantes, como a Bomba Gay se tornou escasso, mas quando Putin começou a botar as manguinhas de fora, as idéias esquisitas começaram a reaparecer, e os russos, dramáticos como só eles chutaram o pau da barraca, botaram o volume no 11, com o Poseidon.

T-15

A idéia em si não é nova, no começo da década de 1950 os soviéticos já estavam de olho na idéia de equipar torpedos com ogivas nucleares, mas as bombas eram grandes, muito grandes e o que conseguiram foi o T-15, um torpedo com 23 metros de comprimento, 1,5 metros de diâmetro e 40 toneladas, ele tinha 23% do comprimento do submarino que teria que ser construído especialmente para lançá-lo. Depois de muito dinheiro e tempo os russos desistiram e preferiram miniaturizar as ogivas, e criaram o T-5, um torpedo de tamanho convencional, 533mm de diâmetro, com uma ogiva de 5 kilotons, que já dá pra estragar o dia de alguém.

A idéia do Torpedo Nuclear era tanto destruir frotas inimigas como, no caso dos modelos armados com ogivas grandes, de 20 ou 50 Megatons, criar tsunamis monstruosos que destruiriam portos, bases navais e cidades costeiras. Um cenário apocalíptico que a própria marinha soviética não conseguia engolir, mas as ordens vieram dos políticos.

Entra o Poseidon

Nem dá pra chamar o Poseidon de torpedo, é o mesmo que chamar o Kid Bengala de bem-dotado, não contempla a imensidão da coisa. Ele tem 24 metros de comprimento, 2 metros de diâmetro e sua ogiva comporta uma Tsar Bomba, que em 1961 explodiu com energia de 50 Megatons (mas poderia ir até 100).

Com a tecnologia atual os russos podem enfiar no Poseidon uma ogiva de Cobalto com potência de 200 Megatons, que detonada próxima a uma cidade costeira a destruiria com a força de um tsunami dos grandes, e pior de tudo, um tsunami radioativo, pra piorar só se fosse um tsunami radioativo vegan crossfiteiro.

Detalhe: O Poseidon não é viagem na cabeça do Putin, ele está sendo construído e já foi mostrado em fotos e vídeos.

Agora a parte assustadora: O Poseidon não é um torpedo (na verdade é o nome de uma família de veículos). Ele é... um drone.

O Poseidon pode ser lançado de águas neutras, se mover a mais de 100Km/h até o território inimigo, então entrar em modo stealth, navegando a mais de 100m de profundidade, movendo-se a 2 ou 3km/h, até se posicionar próximo ao alvo, e então... aguardar.

Quanto tempo? Quanto for necessário. O Poseidon não usa motores elétricos como a maioria dos torpedos (ok, tecnicamente usa). Ele é alimentado por um reator nuclear, ao invés de baterias. Isso significa que ele pode funcionar por uns 10 ou 20 anos, e tem alcance ilimitado. Pode, em teoria, ser lançado de Polyarny, atravessar todo o oceano ártico, por baixo do pólo, e descer tanto para a costa do Atlântico como a do Pacífico.

Em um cenário totalmente Dr Fantástico, o drone pode esperar comandos específicos para atacar, ou pode ser usado como arma do Juízo Final, uma espécie de Botão do Homem Morto, e caso não receba comunicações da base por um determinado tempo, entenderá que a Rússia não existe mais, foi dizimada pelos americanos em um ataque-surpresa, e agora é hora de se vingar dos porcos imperialistas, afogando Los Angeles.

O Poseidon deverá estar operacional entre 2025 e 2027, mas os russos já lançaram ontem o Belgorod, um submarino nuclear classe Oscar-2 (a mesma do Kursk), originalmente criado para lançar mísseis nucleares mas que passou por uma reforma completa e agora leva até seis drones Poseidon.

Os militares americanos dizem que não se preocupam com o Poseidon, e que os russos já tem meios, mísseis e bombardeiros de tentar atingir suas bases, então não faz diferença. Traduzindo: Estão apavorados pois não têm nada no arsenal capaz de neutralizar uma arma como o Poseidon, uma arma tão terrível que causa efeito mesmo sem você saber se ela está realmente onde o inimigo diz que ela está.

Se você acha a idéia como um todo assustadora, parabéns, você é normal.

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