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Bazucas Nucleares, Ficção Científica e Terrorismo

12 anos atrás

Um dos melhores filmes de ficção científica dos anos 90 foi Starship Trooper. Não só por ter a Denise Richards em seu momento de edificância máxima (diria até que mais que em Wild Things, mas não vamos polemizar) mas por ser uma deliciosa farsa sobre totalitarismo, além de efeitos especiais de primeira e sangue pra todo lado.

Uma das melhores cenas é quando resolvem exterminar um besourão alienígena usando um explosivo nuclear. Pouco maior que um melão, o negócio era disparado de um rifle modificado e fazia um senhor cabum. Na época todo mundo adorou, mas saiu do cinema com plena certeza de que aquilo era mentira, não existia nada parecido com uma bomba atômica tão pequena.

Verdade, não existia, pois foram aposentadas em 1968, 29 anos antes do filme ser feito. No caso era a bazuca nuclear M-28, conhecida como  Davy Crockett.

davicrocket

Você tem que ser uma criatura totalmente insensível e sem coração para não admitir que essa é a arma de destruição de massa mais fofinha e cuti-cuti que viu hoje.

 

Esse brinquedo, capaz de trazer o apocalipse nuclear a uma cidade (desde que beeem pequena) foi criado no final dos anos 50 para ser usada em situações táticas por soldados em campo de batalha. Exatamente o uso mostrado em Starship Troopers, mas ao invés de insetos alienígenas ele seria usado contra a origem da metáfora, soldados comunistas.

A ogiva em si era uma versão da W-54, uma bomba nuclear de pequeno porte. Pesando meros 23Kg, explodia com potência de 0,01 ou 0,002 Kilotons.  o que parece pouco mas na potência mais eraca ela era o equivalente a esta bomba convencional aqui:

moab

A bazuca nuclear tinha UM inconveniente. Dois, se contarmos ser atingido por ela. OK, o segundo inconveniente também era ser atingido por ela, pois com alcance entre 2 e 4Km, o vento fatalmente traria toda a contaminação nuclear (instantaneamente mortal num raio de 150m da explosão) na direção de quem a lançou.

Beleza, idéia idiota, volte pra gaveta junto com o Gato Espião e a Bomba Gay, certo?

Construíram 2100 unidades.

Aqui um vídeo de uma variação da bazuca sendo testada.

O fato de algo tão obviamente perigoso não só ter sido cogitado e inventado, mas produzido em massa aumenta o mistério de como conseguimos sobreviver à Guerra Fria, mas mesmo deixando isso de lado, há um outro ponto que ninguém comenta talvez por ser assustador demais:

Nós construímos uma bomba atômica funcional do tamanho de uma melancia no final dos anos 50. Cinco anos antes um trambolho do tamanho de um fusca colado com cuspe e fita crepe só explodiu em Hiroshima por milagre (ok, taaalvez não seja a escolha certa de palavras).

A tecnologia para criar armamentos nucleares É muito básica, a ciência está mais que detalhada e qualquer estudante universitário sai da faculdade apto a montar um brinquedo desses, tendo tempo e dinheiro.

Aí pergunto: Se TUDO evoluiu horrores nas últimas décadas, qual a lógica de uma tecnologia de 66 anos atrás ter permanecido a mesma? Será que atingimos mais de meio século atrás o limite da miniaturização dessas armas? Eu não me assustaria em descobrir que EUA, Rússia, China, Inglaterra possuem armas nucleares de bolso, mais potentes e confiáveis que a bazuca arcaica acima.

Também não duvido que organizações terroristas estejam de olho nessas armas, e só não as tenham utilizado por saber que a retaliação seria absolutamente terrível.

Ah sim, para alegrar seu dia de vez, a União Soviética construiu 250 Maletas Nucleares, com poder explosivo equivalente a 190 toneladas de TNT. Dessas pelo menos 100 estão desaparecidas.

Nessa hora dá pra comemorar países instáveis como Líbia, Irã e similares investirem tão pouco em ciência.

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