Emanuel Laguna 11 anos e meio atrás
Um dos melhores consoles que o tio Laguna já teve fez aniversário ontem: era o Nintendo 64, que há exatos 15 anos seria lançado no mercado norte-americano.
Tal console debutante da Nintendo foi o último grande console cuja mídia física dos jogos eram os cartuchos, também chamados de “fitas”: se o jogo não ‘pegava’, sempre tinha um que soprava os contatos e hoje sabemos que tal atitude poderia piorar a situação!
Utilizar cartuchos no Nintendo 64 foi basicamente o calcanhar de Aquiles da empresa na quinta geração de consoles: o belo hardware Ultra 64 bits infelizmente representou a queda da Nintendo daquele posto de maior empresa no ramo dos jogos eletrônicos, conquistado com o NES e o Super Nintendo…
Os cartuchos custavam muito mais caros que os CDs para serem produzidos, mesmo em larga escala: se o tio Laguna não estiver enganado pelas revistas à época, cada CD prensado custava 100 vezes menos para ser produzido que o cartucho. As “fitas” tinham como vantagem serem mais difíceis de piratear e conseguiam manter taxas de transferência de dados bem maiores (2 MB/s) que os leitores dos discos ópticos utilizados nos concorrentes Saturn e PlayStation (300 kB/s).
Outra desvantagem dos cartuchos: a maior capacidade dos chips ROM disponíveis com a tecnologia da época era de 64 megabytes (ou 512 megabits), enquanto o CD do PlayStation oferecia até 624 MiB.
Tal limitação tecnológica obrigou muitas desenvolvedoras de jogos a retirarem bastante conteúdo de jogos multiplataforma: nos cartuchos, a maioria das trilhas sonoras eram baseadas no formato MIDI e as cutscenes tinham que ser elaboradas com a própria engine do jogo pois os codecs de áudio e vídeo, que gastavam muito espaço na ROM, eram evitados a todo custo!
Por conta dos altos custos e limites de desenvolvimento não tão presentes na concorrência, algumas editoras de jogos preferiram nem investir no Nintendo 64: a partir de então, os consoles Nintendo ganharam a má fama de serem ecossistemas fechados, um nocivo estereótipo onde somente a Nintendo obteria maiores lucros como editora de jogos…
Embora com tantas limitações técnicas relacionadas ao uso do cartucho, o adolescente Nintendo 64 foi o responsável por introduzir e popularizar duas tecnologias que ainda hoje permanecem nos controladores de jogos:
A proposta do console eram os ambientes imersivos em três dimensões (com um z-buffering pouco mais competente que os competidores), tanto que foram raros os jogos com jogabilidade bidimensional: basta tentarmos esquecer o que aconteceu com a franquia Castlevania no 64 bits da Nintendo… Poxa, Konami: depois de um belo Dracula X, o Symphony of the Nightvirou exclusivo da concorrência!
Boas vibrações!
Aliás, gostaria de compartilhar melhores lembranças do N64:
Por falar em aniversários: sexta-feira passada, dia 23 de setembro, a Nintendo completou 122 anos como empresa. Infelizmente, o momento atual da Big N não tem sido tão confortável: as vendas do atual console portátil, o Nintendo 3DS, estão abaixo do esperado para um console sucessor do Nintendo DS.
Para termos uma boa idéia da situação, o Nintendo 3DS chegou ao primeiro milhão de consoles no Japão em junho, logo após a E3 2011 e 13 semanas depois do lançamento: é um tempo muito longo para bater tal marco pois o Nintendo DS vendeu quase 1,5 milhão no Japão no primeiro mês de vida.
Foi com essa base instalada de um milhão de consoles que o Nintendo 3DS recebeu o remake do Ocarina of Time em 16 de junho, no Japão: um mês depois, tal Zelda seria o terceiro título do console a passar do milhão de cópias vendidas no mundo, ou seja, antes o console receber o brutal desconto no preço, um a cada quatro 3DS estavam a jogar a pérola vinda do N64.
Mesmo tendo esse clássico Zelda do Nintendo 64, as vendas do portátil 3DS em si estavam bem abaixo do esperado, tanto que um press-release da Nintendo of America revelou que as vendas yankees do Nintendo 3DS cresceram 260% após o desconto camarada: apostar no 3D estereoscópico sem óculos talvez tenha sido má idéia! Principalmente se levarmos em conta que o Nintendo 3DS não teve um jogo inicial que justificasse tanto a compra do novo console portátil quanto o Super Mario 64 no falecido 64 bits.
Digo isso pois para um portátil sucessor do Nintendo DS, o Nintendo 3DS está sendo um fracasso ao alcançar as 5 milhões de unidades vendidas do console no mundo só agora, após seis meses do lançamento japonês. O interessante é notar que as vendas dele têm se comportado como um console de mesa: se o tio Laguna não estiver enganado, o PS3 yankee também teve um corte de preço, passando de 299 para 249 dólares, só que o PS3 ficou atrás do Nintendo 3DS pós-desconto e ambos ainda ficam atrás do XBox 360 lá nos Estados Unidos.
Má idéia mesmo foi a Big N colocar um segundo disco analógico no Nintendo 3DS através do acessório Circle Pad: o tio Laguna acha que a segunda tela do Nintendo 3DS poderia muito bem substituir uma segunda alavanca analógica, mas, para agradar às desenvolvedoras que querem economizar custos ao portar jogos de outras plataformas, lá vai a Nintendo reconhecer que o console ainda não estava totalmente pronto e passar a horrível impressão de que o Nintendo 3DS veio ao mercado para antecipar-se ao PlayStation Vita.
Para terminar o mês de setembro, dêem uma boa olhada no vídeo abaixo:
É uma demonstração técnica do Gamecube, um console cujo lançamento japonês comemorou dez anos… Essa demonstração técnica do Gamecube é emulada/renderizada com hardware atual e veio de uma ROM beta que foi apresentada durante a Space World 2000, apresentada logo depois daquela demonstração de Zelda que deu lugar ao cartunesco Wind Waker.