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Os improváveis retornos de Banjo-Kazooie e F-Zero

Profissionais que trabalharam na criação das séries Banjo-Kazooie e F-Zero explicam porque não devemos ter muita esperança na criação de novos jogos

38 semanas atrás

Enquanto muitas franquias seguem recebendo novos capítulos até anualmente, outras bastante adoradas costumam ficar esquecidas pelos seus proprietários. Entre elas podemos citar a Banjo-Kazooie e a F-Zero, e para a tristeza dos seus fãs, seus retornos podem estar muito mais distantes do que poderíamos imaginar.

Banjo-Kazooie

Banjo e Kazooie no Super Smash Bros. Ultimate (Crédito: Divulgação/Nintendo)

Começando pela Banjo-Kazooie, quem falou sobre a possibilidade do desenvolvimento de um novo jogo foi Grant Kirkhope. Em entrevista concedida ao site Video Games Chronicle, o compositor do jogo criado pela Rare explicou porque considera difícil que o urso e seu amigo pássaro estrelarem uma nova aventura.

“Sinto que você precisa ter uma equipe com o humor que tínhamos na época e aquilo é difícil de replicar. Acho que a Rare estaria aberta a alguém caso encontrasse a equipe correta, mas não sinto que esta equipe exista. Além disso, não estou convencido de que também exista um público... não sinto que haja tantos fãs do Banjo por aí.

Toda a coisa do Smash Bros. foi espetacular... realmente foi. Acho que toda a equipe que trabalhou naquele jogo ficou com lágrimas nos olhos quando o Banjo apareceu no Smash Bros. ... Foi uma inacreditável liberação de emoções. Ver todos [os fãs] chorando nos vídeos foi emocionante e todos nós sentimos isso. Foi um evento único quando aquilo aconteceu. Mas eu ainda sinto que existe aquela coisa multimilionária com o Banjo-Kazooie? Não estou convencido disso.”

Pode ser que Kirkhope esteja sendo muito pessimista ao especular sobre o interesse do público em relação à franquia Banjo-Kazooie e algo que reforça esse sentimento é outro jogo em que ele trabalhou, o Yooka-Laylee. Servindo como uma espécie de sucessor espiritual para o clássico do Nintendo 64, o título conseguiu mais de US$ 3 milhões num financiamento coletivo no Kickstarter, tendo vendido mais de um milhão de cópias.

Banjo-Kazooie: Nuts & Bolts

Crédito: Divulgação/Rare

Porém, caso hoje a Microsoft aprovasse a criação de uma continuação para a sua franquia, certamente o projeto precisaria de um orçamento muito maior que aquele conseguido pela Playtonic Games. Com isso, o questionamento feito pelo compositor passa a fazer sentido e se considerarmos que as estimativas falam sobre o último capítulo, o Banjo-Kazooie: Nuts & Bolts, ter vendido apenas cerca de 760 mil cópias, essa realmente seria uma aposta bastante arriscada.

“Às vezes sinto que existe uma espécie de bolha do Banjo-Kazooie, que soa como um grande barulho, mas o quão grande é esta bolha, eu não sei,” disse Grant Kirkhope. “Fora desta bolha, o quão grande é o público?”

Pois essa opinião é compartilhada pelo programador Chris Sutherland. Para ele, é difícil mensurar se existem pessoas suficientes por aí que justifiquem a criação de um jogo de grande porte assim por parte de uma desenvolvedora interna. “Obviamente, a Nintendo se sai bem com seus jogos de plataforma, mas é a Nintendo e eles costumam ser a exceção à regra,” defendeu.

Banjo-Kazooie

Crédito: Divulgação/Rare

Sutherland foi outro a citar o sucesso que a franquia fez ao aparecer no Super Smash Bros. Ultimate, mas logo depois ele levantou uma questão interessante: as pessoas adoram os personagens, mas será que elas também gostam tanto dos seus jogos? Logo, se a Rare os aproveitar num jogo com estilo diferente, será que agradará os fãs? Pois o fracasso comercial do Nuts & Bolts pode ajudar a responder essa dúvida.

Como sugerido por outro profissional que trabalhou na série, o designer de personagens Steve Mayles, uma saída seria remasterizar o original. Isso reduziria bastante o custo de produção e poderia apresentar a franquia a um novo público, servindo como uma maneira de testar o interesse pela marca. Porém, ele acredita que seria importante tal jogo ser lançado também para um console da Nintendo.

O problema então seria escolher quem ficaria responsável por um projeto relacionado a franquia Banjo-Kazooie. Para Grant Kirkhope, uma opção seria a Ubisoft Milan, que criou a série Mario + Rabbid. Já eu daria a tarefa para um estúdio interno, a Double Fine Productions. Tim Schafer provou ser extremamente competente em criar jogos de plataformas e lidar com o humor não deverá ser um problema para ele. Será que daria certo?

F-Zero vs. Mario kart

Crédito: Divulgação/Nintendo

Mas se um novo Banjo-Kazooie parece algo distante, talvez a situação seja ainda pior para outra série que também nasceu num console da Nintendo. Com quase 20 anos desde o lançamento do seu último capítulo, o F-Zero Climax para Game Boy Advance, um veterano da empresa e agora aposentado deu sua opinião sobre porque um retorno tem demorado tanto para acontecer.

Responsável pela criação de personagens como Captain Falcon e Fox McCloud, Takaya Imamura foi questionado sobre o motivo para a franquia ter recebido menos atenção que a Star Fox nos últimos anos, quando ele respondeu:

“Acho que é porque o Mario Kart é o jogo de corrida mais popular da Nintendo e um novo F-Zero custaria uma fortuna [para ser produzido]. A minha impressão é que o Miyamoto tem muito carinho pelo Star Fox.”

Segundo este raciocínio, a aprovação de um novo F-Zero precisaria encarar dois desafios quase intransponíveis: o poder de Shigeru Miyamoto na Nintendo e um jogo que já vendeu mais de 53 milhões de unidades — e considerando só a versão para Switch.

Quanto a possibilidade de deixar tal criação sob os cuidados de um estúdio ocidental, como aconteceu com o Metroid, Imamura mostrou um certo receio. Para ele, embora reviver uma franquia seja algo fácil, é preciso tomar muito cuidado para entregar algo que realmente satisfaça os fãs e encontrar a desenvolvedora ideal seria uma tarefa complicada.

“Considerando os custos, muitas pessoas não poderiam trabalhar em franquias como F-Zero, porque elas têm jogos mais importantes sendo lançados,” explicou o designer de personagens. “É difícil gerenciar tudo com os desenvolvedores internos da Nintendo. Isso dito, há muitas pessoas que querem criar títulos da Nintendo, então, se a Nintendo tiver a confiança de que elas podem criar jogos da Nintendo, deve passar isso para essas pessoas. Veja como o Donkey Kong Country ficou!”

Caso opte por seguir este caminho, não seria a primeira vez que a série ficaria sob a responsabilidade de um estúdio externo. Isso aconteceu, por exemplo, com o F-Zero GX, produzido pelo Amusement Vision da Sega e se for para sonhar, eu adoraria ver a série retornar pelas mãos da Sumo Digital ou indo um pouco mais longe, sendo desenvolvida pela Codemasters.

Porém, ao que tudo indica, tanto o jogo de corrida da Nintendo quanto o de plataforma da Rare ainda continuarão adormecidos por um bom tempo.

Fonte: NME e NintendoLife

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