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Nasce a ‘2ª geração’ de GPUs DX11 da AMD: Radeon HD 6870 e 6850 são postas à prova

Lançamento da segunda geração de processadores gráficos DirectX 11 da outrora ATi, sendo a primeira sob a marca AMD: é o início da série Radeon HD 6000. Como a nVidia reage à tal lançamento?

13 anos atrás

Melhorar no que faz daria mais lucro que retalhar as costas dos concorrentes?

Bom, a nVidia já se declarou como uma empresa de software, foi suspeita de “incentivar financeiramente” desenvolvedores de software a utilizarem o PhysX e parece A-D-O-R-A-R uma ‘treta’ com a Intel.

Laguna_AMDRadeonGPU_26out2010

Enquanto isso, a ATi completava o processo de integração com a AMD e fazia a despedida da marca com “chave de ouro”, ao deixar disponível no varejo toda a sua primeira geração de GPUs DirectX 11 (Evergreen, a série Radeon HD 5000) em placas de vídeo de diversas faixas de preço e desempenho.

A série Radeon HD 5000 mostrou-se excelente do ponto de vista do custo benefício e, com isso, a ATi obteve, pela primeira vez em sua história, a liderança no mercado de processadores gráficos dedicados: no segundo trimestre de 2010, a divisão de processadores gráficos da AMD obteve 51,1 % do mercado, ante 48,8 % da nVidia e 0,1 % da Matrox.

Quando incluímos os processadores gráficos integrados (IGP, akavídeo onboard’) na conta, o mercado ficou distribuído assim: a Intel é líder com 54,3 % dos computadores vendidos e infestados pelas GMAs; a AMD logo atrás com 24,5 % do mercado e a nVidia com 19,8 %.

Óbvio que a nVidia não deixaria isso barato, afinal fez da ‘GeForce’ um reconhecido sinônimo de placa aceleradora 3D entre leigos: a empresa tratou de lançar a décima-primeira série de suas GPUs (GeForce GTX 400) o mais rápido que pôde. Resultado: os três primeiros processadores gráficos não obtiveram bom desempenho por watt. Para contornar o desastre em potencial, a empresa refez a estrutura dos Gráficos Fermi para obter melhores resultados no segmento mid-end.

E quem foi que disse que a AMD+ATi deixaria a pobre nVidia em paz?

Laguna_AMDRadeon6k_26out2010

Só foi a nVidia lançar as GeForce GTX 460 e GTS 450, que a AMD tratou de colocar no varejo as primeiras placas de vídeo baseadas na “segunda geração” de GPUs DX11, a série Radeon HD 6000: Radeon HD 6870 e 6850.

Já é tradição que uma nova série de processadores gráficos tenha início com o lançamento daqueles voltados à placas de vídeo high-end: pela nomenclatura, as Radeon HD 6870 e 6850 deveriam substituir as atuais Radeon HD 5870 e 5850 nos quesitos preço e desempenho.

Ao invés disso, esses primeiros processadores gráficos da série 6000 pretendem preencher agora as duas lacunas de preço e desempenho entre as Radeon HD 5850 (US$ 270), Radeon HD 5830 (US$ 200) e a Radeon HD 5770 (US$ 130); ao fazerem uma transição suave para as 3 futuras GPUs da série 6000, voltadas à entusiastas.

Laguna_GPUtransDX11_28out2010

Tal transição aumentará a oferta de placas de vídeo mid-end DX11, enquanto aguardamos o lançamento das GPUs Radeon HD 6970 e 6950: estas sim serão o topo de linha da série Radeon HD 6000 (a dual-GPU chamar-se-á Radeon HD 6990). Com o lançamento das Radeon HD 6870 e 6850, a AMD colocaria novos patamares de desempenho por preços próximos às GeForce GTX 460 e GTS 450.

Embora não possa se dar ao luxo de fazer grandes descontos neste momento tão difícil, a nVidia logo tratou de anunciar descontos nos preços das placas com GeForce GTX 470 (de US$ 350 por US$ 260 agora, uma bela e ‘quente’ pechincha) e GTX 460-1GiB (de US$ 230 por US$ 200).

A GeForce GTX 460-768MiB permaneceria no patamar dos 180 dólares, o mesmo precinho da novata Radeon HD 6850, cuja microarquitetura já nos parece bem familiar…

Radeon HD 6000, uma nova microarquitetura?

Serei direto: o tio Laguna achou que as Radeon HD 6000 se tratassem de uma nova microarquitetura, mas, infelizmente, uma mudança radical na microarquitetura das GPUs da AMD+ATi provavelmente só será vista nas futuras Radeon HD 7000.

As PCBs das placas de vídeo elaboradas para as Radeon HD 5000 são até compatíveis pino-a-pino com os novos processadores gráficos Radeon HD 6000, embora a nova série pretenda incluir um conector DisplayPort adicional (serão 2 conectores físicos do tipo mini, isso no mesmo espaço de um conector de tamanho normal) em alguns modelos de placas de vídeo para incentivar o Eyefinity.

Seja como for, quero dizer que nas Radeon HD 6000 vemos poucas alterações estruturais e nessas GPUs DX11 ainda temos os mesmos Stream Processors, complexos núcleos capazes de realizar funções transcendentais como seno e cosseno, rodeados por 4 núcleos menores e mais simples que realizam basicamente funções lógicas com inteiros, algo bem mais importante na tecnologia GPGPU ATi Stream AMD Accelerated Parallel Processing (APP Compute) que na manipulação de gráficos tridimensionais.

Laguna_RadeonDX11_27out2010

Por falar nos pequeninos herdeiros da microarquitetura R600, chamo os núcleos simples das Radeon HD de ALUs para diferenciá-los em complexidade dos núcleos mais ‘parrudos’, pois tais núcleos simples ocupam uma posição no processador gráfico análoga ao homônimo dos processadores centrais.

Apenas para efeito comparativo: nos processadores gráficos da rival nVidia, os CUDA Cores são núcleos computacionais bem complexos, também capazes de realizar funções transcendentais (bom lembrar que tais funções são essenciais na construção e renderização dos ambientes tridimensionais).

Cada um desses complexos núcleos das atuais GPUs da nVidia possui a própria e única ALU, assim como os núcleos mais complexos dos Stream Processors nas Radeon HD, mas os CUDA Cores não são ALUs propriamente ditas e o tio Laguna gostaria de pedir desculpas a quem eu tiver confundido anteriormente com tal notação (tio Wallacy, tu me perdoa?).

Há algo que realmente preocupa o tio Laguna na atual (e saturada!) microarquitetura Radeon HD: toda GPU derivada (seja low, mid ou high-end) possui basicamente a mesma unidade fixa de Tessellation e que sofreu apenas alguns bons upgrades a cada geração, mas nenhuma melhoria estrutural mais brusca, embora tal unidade fixa pareça ter um desempenho muito melhor na série Radeon HD 6000, em comparação com a diretamente anterior.

E é no quesito Tessellation que a nVidia deixa a competição bem mais empolgante: ela colocou uma unidade fixa de Tessellation em cada SM do Fermi, o que fez com que uma GeForce GTX 470, por exemplo, possua 14 unidades de Tessellation. O detalhe é lembrarmos que a ATi foi a pioneira no Tessellation via hardware: será que manter apenas uma unidade dessas seria algo interessante com o aumento da demanda por tal recurso gráfico nos futuros softwares?

Bom, uma outra notável unidade fixa, que também é inclusa em todas as Radeon HD desde o R600, é o hardware unificado de decodificação de vídeo (UVD), que foi bem melhorado nas Radeon HD 6000: em sua terceira geração, o UVD3 suporta a reprodução de Blu-ray 3D sem chatear a CPU.

Esclarecidos alguns dos pontos que avançaram na transição da série 5000 para a 6000, agora vamos à ficha técnica das novatas GPUs Radeon HD 6870 e 6850:

Radeon HD 6870

  • Seu codinome é XT, Barts XT;
  • Suas placas de vídeo custam por volta dos 240 dólares;
  • São 1,7 bilhões de transístores litografados a 40 nm;
  • Temos a respectiva pastilha de silício com área por volta dos 255 mm²;
  • Seu TDP é de 151 watts (consumo elétrico máximo por volta dos 160 watts-hora);
  • 7 dos 12 Stream Clusters previstos na Radeon HD 6970 (Radeon HD 5870 possui 10);
  • 224 Stream Processors (num total de 1120 ALUs), 56 TMUs e 32 ROPs disparando a 900 MHz;
  • 1 GiB de memória a 1,05 GHz (4,2 GHz GDDR5), com interface 256 bits.

Laguna_RadeonHD68x0_27out2010

Radeon HD 6850

  • Codinome Barts Pro;
  • Equipa placas de vídeo pela pechincha de 180 dólares;
  • Os mesmos 1,7 bilhões de transístores da 6870, litografados a 40 nm;
  • Pastilha de silício com as mesmas dimensões da Radeon HD 6870, 255 mm²;
  • O TDP nesta é de meros 127 W (consumo máximo de 130 Wh);
  • Um aglomerado computacional a menos, 6 Stream Clusters (metade da futura Radeon HD 6970);
  • São 192 Stream Processors (num total de 960 ALUs), 48 TMUs e 32 ROPs correndo a 775 MHz;
  • 1 GiB de memória a 1 GHz (4 GHz GDDR5), com interface 256 bits.

Mas a quem as novas placas de vídeo tentarão bater? Vejamos uma tabela com os candidatos ao cargo de “saco de pancadas”:

Laguna_DX11GPUtable_27out2010

E que resultados teríamos com todos esses dados na prática?

Laguna_HAWXanand_27out2010Laguna_DiRT2Canucks_28out2010

No teste do Anandtech com o Tom Clancy's H.A.W.X (DX10) a 1920x1200, vemos a Radeon HD 6850 em um curioso empate técnico com a veterana Radeon HD 5850, 90 dólares mais cara.

Já a Radeon HD 6870 consegue, na mesma resolução, uma média de quase 66 fotogramas por segundo, no Colin McRae DiRT 2 (DX11) do Hardware Canucks: a taxa de atualização da imagem vai a ‘apenas’ 57 fps nos momentos mais críticos. Ela vence a Radeon HD 5870 na situação geral e esta é 30 dólares mais cara.

Laguna_MassEffect2_28out2010Laguna_BadCompany2_28out2010

Podemos notar que no teste do TechSpot com o jogo Mass Effect 2 (DX10), a Radeon HD 6870 fica lado a lado com o peso-pesado conhecido como GeForce GTX 480: algo bastante impressionante se considerarmos que a novata custa metade do preço!

A Radeon HD 6850 também não fez feio lá no teste do Guru 3D: no jogo Battlefield Bad Company 2 (DX11), a Radeon HD 6850 conseguiu melhor resultado que a GeForce GTX 460-1GiB, esta sendo 20 dólares mais cara.

Esses bons resultados, das novas placas de vídeo, parecem consolidar a marca AMD sobre o legado que a marca ATi estabeleceu no mercado de processadores gráficos?

Algumas considerações finais…

Ainda é cedo para dizer alguma coisa sobre o sucesso da AMD, contando com apenas dois novos produtos da série Radeon HD 6000, mas é bom notar que a nVidia terá de suar bastante a camisa: o último lançamento da camaleão verde no varejo é uma modesta GeForce GT 430 (GF108), que equipará placas de vídeo DX11 na faixa dos 80 dólares e concorrerá contra as Radeon HD 5570 e Radeon HD 5550 em desempenho e preço. A empresa também lançou uma GeForce GT 440 (GF106, concorreria contra a Radeon HD 5750), só que voltada à integradores sob o regime OEM, sem venda direta ao consumidor.

Tal situação só expõe o grande problema da nVidia na geração DX11: a AMD pôde se dar ao luxo de lançar novos produtos high e mid-end no varejo sem que a nVidia possa reagir à altura, pois esta não possui produtos low-end o suficiente e necessita resolver tal questão antes de partir para a peleja lá no topo.

O tio Laguna acha que a nVidia precisa reagir em todas as frentes, se quiser manter-se competitiva ante à AMD, mas a camaleão verde parece só possuir recursos para investir ou no segmento topo de linha ou no segmento popular este ano.

A nVidia conseguirá alcançar a liderança nas vendas novamente?

Pelo bem do meu bolso, espero que sim, embora os caros leitores do Meio Bit já desconfiem sobre minha preferência pela Ruby. 😉

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