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O adeus às belas campanhas do Battlefield: Bad Company 1 e 2

EA anuncia que os Battlefield: Bad Company 1 e 2 deixarão de ser vendidos e com isso podemos lamentar o "desaparecimento" de duas ótimas campanhas

51 semanas atrás

E a Electronic Arts fez de novo! Demonstrando pouco apreço pelo próprio passado e que a parte artística da empresa teria ficado mesmo apenas no nome, a editora anunciou que mais alguns dos seus jogos deixarão de ser vendidos digitalmente e entre eles, os que mais lamento são os da série Battlefield: Bad Company.

Battlefield: Bad Company 2

Crédito: Divulgação/EA

Nascida como um spin-off da popular franquia Battlefield, o primeiro Bad Company chegou ao PlayStation 3 e ao Xbox 360 no dia 23 de junho de 2008, pegando muita gente de surpresa. Quebrando alguns paradigmas estabelecidos pela franquia (e até pelo próprio gênero), o destaque vai para um enredo carregado de humor, para os cenários destrutíveis e o fato do jogo ter sido criado especificamente para consoles. Contudo, estava na sua campanha a principal qualidade.

Se passando num futuro próximo, a história falava sobre a Primeira Guerra Russo-Americana, com o conflito acontecendo nos arredores de um fictício país chamado Serdaristan. Era neste cenário que assumíamos o papel de Preston Marlowe, um soldado que acaba sendo transferido para a B Company, situação pela qual nenhum militar gostaria de passar.

Fazendo parte do 222º batalhão do exército norte-americano, o problema é que a tal famigerada “Bad Company” é formada apenas por arruaceiros, soldados que são enviados para os campos de batalha como meras buchas de canhão. Parar ali pode ser considerado o fundo do poço, até porque, aqueles que nos acompanharão passam longe de serem exemplos.

No caso do jogo teremos a companhia de três personagens durantes as nossas missões, sendo eles o sargento Samuel D. Redford, que liderará o grupo e foi parar ali como voluntário, apenas para reduzir seu tempo no front; o soldado Terrence Sweetwater, um sujeito inteligente, mas temperamental; e ainda o piromaníaco George Gordon Haggard Jr., que servirá como alívio cômico da história.

Mas se este inusitado esquadrão já seria suficiente para gerar situações hilárias, será o objetivo deles que nos colocará num das campanhas mais interessantes já feitas para um FPS. Acontece que ao embarcarem para a primeira missão e tentarem seguir as ordens como deveriam, os quatro se deparam com um grupo de mercenários, perigosos soldados que recebem o pagamento através de barras de ouro, que como sabermos, valem mais do que dinheiro.

Battlefield: Bad Company

Battlefield e sua “Bad Company” (Crédito: Divulgação/EA)

Num determinado momento o grupo vê os mercenários carregando um caminhão com as brilhantes barras e sair em direção a Serdaristan, então um estado neutro na guerra. Enxergando ali uma boa oportunidade para ficar rico, Haggard decide tentar a sorte se escondendo no caminhão. Mas como numa obra de ficção ambientada numa guerra ninguém pode ficar para trás, o trio sai em busca do companheiro.

Pois foi com essa premissa que o Battlefield: Bad Company conseguiu conquistar muitos admiradores. Como os jogos de ação normalmente se escoram numa narrativa mais séria e até mesmo sombria, o humor presente na história daquele jogo mostrou que personagens bem construídos (embora um tanto estereotipados) podiam incrementar a imersão, tornando a campanha muito mais interessante do que termos que nos preocupar apenas em matar tudo o que cruzar o nosso caminho.

Também contribuiu para essa sensação de novidade uma engine que DICE havia desenvolvido e que no futuro se tornaria a principal ferramenta da EA. Chamada Frostbite, ela permitia que grande parte do cenário fosse destruído, o que trouxe uma camada de realismo impressionante ao gênero.

Graças ao recurso, a estratégia de nos escondermos atrás de objetos mais frágeis ou mesmo de paredes se tornava inútil. Isso também valia para os inimigos controlados pelo computador, então, se num certo trecho nos deparássemos com um sniper, por exemplo, bastaria destruir a construção em que ele estava abrigado para eliminar o problema.

Talvez a minha memória esteja me traindo, mas apesar da engine ter evoluído bastante desde então e vários títulos terem aproveitado essa ideia de podermos destruir o cenário, acredito que nenhum foi tão bem-sucedido em explorar o recurso quanto o Battlefield: Bad Company. Quer dizer, nenhum, exceto a sua continuação.

Battlefield: Bad Company 2 (Crédito: Divulgação/EA)

Lançado em março de 2010, tal jogo novamente apareceu nos videogames de 7ª geração de consoles fabricados por Sony e Microsoft, mas desta vez os jogadores de PC também foram lembrados. Usando uma versão aperfeiçoada da Frostbite, o título conseguiu melhorar muitos dos aspectos do antecessor, com a sua campanha mais uma vez nos colocando na pele do soldado Preston Marlowe.

Mesmo não tendo surpreendido tanto quanto o antecessor, Battlefield: Bad Company 2 era muito divertido e para aqueles que gostam de jogar contra outras pessoas, ele ainda trazia um modo multiplayer bem mais robusto. Porém, como sempre me interesso muito mais pelas campanhas principais dos jogos, será dela que terei uma melhor lembrança.

Na verdade, já se passaram tantos anos desde que encarei esses títulos pela última vez, que o anúncio feito pela EA me fez voltar a sentir vontade de encará-los. Eu não sei o quão estranho poderá ser revisitar especialmente o primeiro jogo, mas acho que vale a pena colocar o disco no meu Xbox One e experimentar pelo menos as primeiras fases. Talvez essa se mostre uma boa viagem ao passado.

Os abandonados pela EA

Me diverti muito jogando Battlefield 1943 (Crédito: Divulgação/EA)

Em relação ao comunicado emitido pela Electronic Arts, além dos dois Battlefield: Bad Company, outro jogo que também deixará de ser vendido é o Battlefield 1943. Segundo a editora, o motivo que os levou a tomar essa decisão está no desligamento dos servidores dos respectivos jogos, o que está previsto para acontecer em 8 de dezembro de 2023.

Assim, os interessados terão apenas até 28 de abril para garantir suas cópias do trio, mas aqui vale um aviso: embora os Bad Company continuarão com suas campanhas podendo ser aproveitadas, o outro título só possui modo multiplayer online, o que fará com que ele pare de funcionar completamente.

Outra informação importante é que, embora a EA tenha dito inicialmente que o Mirror's Edge também deixaria de ser vendido, posteriormente eles afirmaram que o anúncio estava errado, não havendo planos para que isso aconteça.

Feito o esclarecimento, o que não consigo entender é o porquê de a empresa não preferir lançar uma atualização que remova completamente o modo multiplayer dos Battlefield: Bad Company e passe a vendê-los por um preço menor. Sei que existe um custo para que algo assim seja implementado e que, no fundo, quem queria experimentar suas campanhas provavelmente já o fez. Mesmo assim, é triste ver mais dois jogos sumirem das lojas virtuais e saber que no futuro o acesso a eles será bem mais complicado.

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