Dois anos depois, Battlefield 2042 renasce

A partir de que momento podemos dizer que um jogo está condenado ao fracasso? No caso de uma superprodução, um mau lançamento pode selar o seu destino, mas cada vez mais temos visto jogos serem corrigidos com o passar do tempo e o Battlefield 2042 pode ser apontado como um exemplo desses.

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Lançado em novembro de 2021, a criação da Dice chegou cercada de expectativa, mas nada muito diferente do que um dos principais FPSs do mercado não estivesse acostumado. Porém, bastou o jogo ser disponibilizado para sabermos que ele teria um duro caminho pela frente.

12º capítulo da franquia, ele passou a ser conhecido como aquele com a pior média no Metacritic, conseguindo apenas uma pontuação 68 na sua versão para PC (a plataforma em que foi mais bem avaliado), com um horrível 2.1 se considerarmos as notas dadas pelo público.

Entre as reclamações tínhamos desde problemas técnicos até a falta de conteúdo, passando ainda por mudanças na sua jogabilidade. Quanto as duas primeiras partes, com tempo e dedicação o estúdio poderia corrigir esses problemas, já em relação à maneira como o Battlefield 2042 funcionava... Muitos passaram a achar que não haveria salvação.

Para a Electronic Arts, as críticas foram sentidas nas vendas. Com o jogo falhando em atingir a expectativa da editora, não demorou para que o número de jogadores simultâneos no Steam caísse, fazendo com que um dos títulos mais aguardados daquele ano se tornasse menos popular do que algo como o Farming Simulator 22. Ainda no final de 2021 vimos o FPS alcançar outra marca negativa, ao ser superado em número de jogadores pelo seu antecessor.

O fim daquele título parecia ser apenas uma questão de tempo, até que em abril de 2022 ele registrou outra façanha: não chegar nem a mil jogadores simultâneos. Mesmo salientando que esses números se referem apenas ao serviço de distribuição digital da Valve, eles servem como um termômetro, uma demonstração de como o Battlefield 2042 agonizava.

Contudo, nos últimos anos a Dice vinha mostrando talento em lapidar suas criações, o que, concordo, pode não passar de um jeito mais bonito de dizer “trocar o pneu com o carro em movimento.” Enfim, se olharmos para os inícios do Battlefield 1 e do Battlefield V, veremos que, mesmo com eles não tendo sido tão problemáticos, também melhoraram bastante com o passar dos anos. Será então que o mesmo não poderia acontecer com seu irmão mais novo?

Bom, nós ainda teremos que esperar algumas semanas para termos uma melhor noção do que aconteceu nos últimos dias, mas o fato é que o jogo deu um belo sinal de recuperação. Tudo começou há pouco mais de uma semana, quando o Battlefield 2042 passou por um período gratuito. Durante aquele final de semana, sites como o Steam Charts registraram um belo aumento no número de jogadores simultâneos, o que convenhamos, não chega a ser uma surpresa.

Porém, conforme os dias foram passando e o período de gratuidade chegou a fim, o que vimos foi a quantidade de jogadores se mantendo bem acima do normal, muitas vezes perto ou até superando a casa dos 100 mil. Então, quando o dia 22 de outubro chegou, vimos algo até certo ponto incrível: com 107.006 jogadores simultâneos, o título quebrou seu recorde!

Considerando os dados fornecidos pelo Steam Charts, nos últimos 30 dias o jogo teve uma média de mais de 18 mil jogadores simultâneos, o que representa um crescimento de 254%. E novamente, nessa conta não entram aqueles que estão jogando nos consoles ou mesmo através do serviço da EA, o Origins.

Mas o que explicaria esse interesse tão grande no jogo que, para muitos, já nasceu morto? Os dias de gratuidade certamente tiveram um impacto nesse desempenho, mas há outro detalhe que precisa entrar nesta equação, que foi um belo desconto oferecido na loja da Valve.

Sim, até a próxima quinta-feira (26), quem tiver interesse em adquirir o Battlefield 2042 por lá poderá fazer isso pagando 84% menos que o preço normal. Isso quer dizer que o título está saindo por apenas R$ 39,84, já os jogadores de console precisarão gastar mais, pois neles o preço cobrado está pouco abaixo de R$ 102.

Mas o que você pode estar se perguntando é, vale a pena adquirir o jogo agora? Pois essa é uma resposta que considero bastante subjetiva e o que posso fazer é passar a rápida impressão que tive quando experimentei o FPS, logo após ele ter sido dado aos assinantes da PlayStation Plus.

Nas poucas partidas que joguei, minha experiência foi boa, sem presenciar bugs ou problemas que impedissem o progresso. Quanto a jogabilidade, gostei da maneira como o clima pode mudar as partidas e no mais, trata-se do bom e velho mata-mata. Além disso, como sempre gostei dos vastos mapas oferecidos pela franquia, nele pude encontrar alguns bem interessantes.

Aliás, um dos aspectos que achei mais legal no jogo é como ele consegue nos passar a ideia de sermos apenas uma pequena engrenagem na grande máquina da guerra. Mesmo com as partidas contando com 64 jogadores, o caos costuma estar sempre presente, nos fazendo ter que prestar atenção em tudo e poucas vezes nos dando tempo para tomar um fôlego.

Porém, se você quiser justificativas mais sólidas sobre porque a criação da Dice se encontra numa situação bem, diferente daquela vista há dois anos, elas podem ser encontradas na página do jogo. Por lá o estúdio fala sobre as conversas que mantêm com a comunidade, explicando as mudanças que foram feitas e como os jogadores estão ajudando a moldar o Battlefield 2042.

Assim, concordo que gastar R$ 100 nele ainda pode parecer muito, mas já vi sua versão física para PlayStation 5 sendo vendida pela metade deste preço e se você puder jogar no PC, o valor pedido no Steam considero muito bom. Ok, o jogo pode não ter se tornado o que muitos esperavam e acredito até que nunca se tornará. Contudo, não acho que hoje ele seja tão ruim quanto o acusaram (justamente) lá no começo.