GTA 3 e sua misteriosa lua que mudava de tamanho

Uma das principais qualidades da série Grand Theft Auto é a maneira como ela nos permite curtir seus jogos de maneiras variadas. Para muitos, o foco estará em realizar as missões oferecidas. Para outros, será a possibilidade de causar o caos, enquanto alguns simplesmente se dedicarão a caçar e desvendar mistérios. E neste quesito, o GTA 3 sempre despertou o interesse de muita gente devido a sua lua.

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Além de parecer consideravelmente maior que a lua que vemos ao olharmos pela janela, característica essa que muitos jogos carregam consigo, a lua do GTA 3 contava com uma “habilidade” intrigante e que nunca fez muito sentido. Caso não saiba, se você utilizasse um rifle de precisão e atirasse nela, o satélite mudava de tamanho, ficando maior.

Aquela transformação acontecia a cada disparo realizado e outro detalhe importante é que o procedimento não funcionava com outra arma, o que deixava o mistério ainda mais estranho.

Sem sabermos ao certo o motivo daquele fenômeno, alguns passaram a especular se tratar de uma mera falha de programação, mas quando o Grand Theft Auto: Vice City e depois o Grand Theft Auto: San Andreas trouxeram o mesmo “recurso”, tal possibilidade perdeu força.

Parecia então que aquele era um easter egg ou até mesmo alguma piadinha interna que não entendíamos e foi somente mais de duas décadas após o lançamento do GTA 3 que o mistério foi finalmente desvendado.

Usando sua conta no antigo Twitter, Obbe Vermeij falou sobre a lua naquele jogo mudar de tamanho ao ser alvejada e a explicação é simples, mas nem por isso menos fantástica. Confira:

“Os artistas me deram uma textura para a lua no GTA 3. Coloquei a lua no céu, garantindo que ela fosse visível durante a noite e tivesse um tamanho razoável. Alguns dias depois, quatro artistas vieram à minha mesa pedindo que mudasse o tamanho da lua. ‘Sem problema’, eu disse.

Acontece que eles não conseguiam decidir o tamanho que a lua deveria ter. Dois deles queriam uma lua menor para ser mais realista. Os outros dois queriam ela maior para ser mais cinematográfica.

Aquilo durou um pouco e sugeri fazer com que o tamanho da lua fosse mutável no jogo. Desta forma eles poderiam decidir no seu próprio tempo e me informar da decisão. Como eu estava trabalhando no rifle de precisão, fiz com que a lua alternasse entre três tamanhos (pequena, média e grande) conforme o jogador atirasse nela.

Os artistas nunca me responderam, então deixei aquilo lá. Ainda estava lá no San Andreas.”

Tendo trabalhado como diretor técnico na Rockstar entre 1995 e 2009, recentemente Vermeij foi o responsável por contar alguns detalhes sobre o desenvolvimento do The Agent, jogo que deveria ter sido um dos carros-chefes do PlayStation 3, mas que nunca chegou a ser lançado. Também foi ele quem revelou a existência de um projeto de jogo de zumbis que usaria a engine do Grand Theft Auto: Vice City, mas que também nunca saiu do papel.

Quanto a explicação para a lua do GTA 3, verdade seja dita, essa não foi a primeira vez em que Obbe Vermeij falou sobre o assunto. Em novembro de 2023 ele já tinha usado seu blog para desvendar o mistério, mas assim como aconteceu no caso do The Agent, tal publicação também foi removida. Talvez isso tenha acontecido por um “pedido” da Rockstar, mas aparentemente ele não viu problema em retomar a história em outro lugar.

De qualquer forma, sempre fico fascinado ao ver pessoas diretamente ligadas ao desenvolvimento de jogos revelando detalhes sobre os projetos, mesmo quando isso leva muitos anos para acontecer. E situações como essa do GTA 3 me fazem pensar na quantidade de segredos que continuam escondidos por aí e que talvez um dia venham à tona.

Sobre isso, Vermeij foi questionado por um seguidor se ainda há algo naquele jogo que ele escondeu, mas ninguém encontrou e na resposta o sujeito falou sobre algo que também considero muito interessante. “Acho que não, na verdade, muitos jogadores conhecem os jogos muito melhor do que eu,” disse. “Jogamos os jogos várias vezes nas últimas semanas de desenvolvimento, depois disso me cansei deles e não voltei a visitá-los. Talvez um dia.”

Imagine trabalhar durante anos na criação de um jogo extremamente complexo, onde muitas coisas podem dar errado (e fatalmente dão!) e nos dias que antecedem seu lançamento ainda precisar dedicar várias horas procurando o que poderia ser melhorado ou mesmo consertado.

Olhando do lado de cá, como um mero jogador e que adora conhecer a maior quantidade possível de títulos, uma situação assim me parece um martírio. Porém, mesmo que esses profissionais se divirtam, afinal, muito do conteúdo presente nesses jogos os envolvidos na criação nem sabem que foi adicionado, não me surpreende saber que eles podem ficar saturados com o projeto.

Talvez seja por isso que nunca me interessei em criar jogos, pois sei que dificilmente teria a perseverança para passar meses, até anos olhando o tempo todo para um mesmo universo e continuar encontrando motivação para seguir em frente. Por isso admiro tanto os profissionais que permanecem abastecendo suas criações durante longos períodos. Não deve ser nada fácil trabalhar assim.

Fonte: GamesRadar+