Meio Bit » Ciência » Super Terra descoberta em zona habitável, "logo ali"

Super Terra descoberta em zona habitável, "logo ali"

Distante "apenas" 137 anos-luz da Terra, exoplaneta TOI-715 b orbita estrela anã vermelha na zona habitável, mas seu ano dura só 19 dias

05/02/2024 às 11:41

Uma "Super Terra", segundo astrônomos, é um exoplaneta que apresenta condições similares para sustentar vida, em comparação à nossa casa, a diferença principal ser bem maior.

O mais recente identificado, que recebeu o nome de TOI-715 b, se encontra relativamente perto (na escala cósmica, claro), a 137 anos-luz de distância, e orbita uma estrela na zona habitável, mas apresenta algumas características curiosas.

Representação artística de TOI-715 b em órbita de anã vermelha (Crédito: NASA/JPL-Caltech)

Representação artística de TOI-715 b em órbita de anã vermelha (Crédito: NASA/JPL-Caltech)

A "Terra" que não deveria estar lá

O novo exoplaneta é o mais recente identificado pelo TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), um telescópio espacial desenvolvido para mapear uma área do espaço 400 vezes maior do que o que a missão Kepler conseguia observar, em conjunto com equipamentos em solo.

Assim como aconteceu com TOI-1452 b, o exoplaneta candidato a ser uma espécie de Super Waterworld, TOI-715 b orbita uma anã vermelha, um tipo de estrela considerada o provável de contar com planetas que sustentam vida as orbitando.

Na Sequência Principal, o sistema usado para classificar estrela, a anã vermelha é uma das menores e mais frias, com temperaturas médias em torno de 2.000 K (o Sol chega a 5.778 K), um raio de ~9% e massa de ~7,5% em comparação à nossa estrela. Isso significa que sua zona habitável, chamada popularmente de "região dos cachinhos dourados", a área em que a água pode ser encontrada em estado líquido, com temperaturas entre 0 °C e 100 °C, é bem mais próxima, em comparação à do nosso Sistema Solar.

Normalmente, mundos encontrados orbitando anãs vermelhas tendem a ser pequenos, mas TOI-715 b possui um raio de 1,55 vezes o da Terra, e uma massa 3 vezes maior, ou seja, é anormalmente enorme, ainda que seja o menor já identificado pelo TESS. Planetas grandes são mais fáceis de serem detectados, por razões óbvias, mas estes tendem a serem encontrados em órbita de estrelas mais quentes, a distâncias maiores de suas estrelas.

Há também a possibilidade de que TOI-715 b não está sozinho, haveria outro planeta na mesma região dos cachinhos dourados, que seria ligeiramente maior que a Terra; o astro identificado primeiro foi "visto" por variações no brilho da estrela em gráficos, por ele "passar na frente" de TOI-715 durante seu movimento de revolução (de novo, "translação", um termo que não se sabe de onde saiu, está errado).

Esta, aliás, é uma de suas características particulares: por se encontrar a apenas 0,083 UA distante de TOI-715 (1 UA, ou Unidade Astronômica = a distância entre o Sol e a Terra, 149.597.870,7 km, ou 8 minutos e 19 segundos-luz), seu "ano" dura apenas 19 dias.

TOI-715 ao centro, a zona habitável em verde; a linha branca representa a órbita de TOI-715 b (Crédito: NASA/JPL-Caltech) / terra

TOI-715 ao centro, a zona habitável em verde; a linha branca representa a órbita de TOI-715 b (Crédito: NASA/JPL-Caltech)

Os cientistas da NASA lembram que a presença de TOI-715 b dentro da zona habitável não significa que ele é capaz de sustentar vida per se, apenas que ele pode manter água em estado líquido em sua superfície.

Outras questões remetem à própria presença do elemento em si, a existência e composição de uma atmosfera respirável, se há ou não terra firme (TOI-1452 b, que acreditam que conte com um único, vasto e profundo oceano, por exemplo, não parece ter), e por aí vai. Para confirmar tais dados, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) é o mais preparado.

Vale a curiosidade que estes exoplanetas que orbitam anãs vermelhas, todos em geral maiores que a Terra, representam novas perspectivas para entender o Cosmos; até o TESS e o JWST confirmarem tais astros, pensava-se que estas estrelas possuíam planetoides bem menores em sua órbita. Claro, se a existência de TOI-715 a for confirmada, ele será o menor já identificado pelo telescópio caçador de exoplanetas.

Por fim, embora 137 anos-luz sejam ali na esquina na escala cósmica, com nossa tecnologia atual, levariam "só" ~2,2 milhões de anos para chegarmos lá, ou seja, tempo de sobra para colocarmos em dia nossas filas de filmes, livros e games.

Fonte: NASA

Leia mais sobre: , .

relacionados


Comentários