Ronaldo Gogoni 1 ano atrás
O Telescópio Espacial James Webb (JWST) pode ter sido a mais longa obra de igreja da NASA nos últimos tempos, mas desde que foi finalmente lançado, ele vem trabalhando a todo vapor, para capturar as mais impressionantes imagens dos confins do Universo.
Originalmente projetado como o sucessor do Hubble (ambos estão trabalhando juntos, por enquanto), a principal missão do JWST não é identificar exoplanetas, mas ainda assim, ele ratificou a existência do primeiro em sua carreira, um já especulado anteriormente por outro observatório.
Oficialmente, a missão do James Webb consiste em vasculhar os pontos mais distantes do Cosmos, para rastrear e identificar as primeiras estrelas e galáxias, formadas pouco tempo depois (na escala cósmica) do Big Bang, bem como estudar a formação desses corpos celestes e de sistemas planetários, a fim de determinar com mais precisão as condições para a formação de vida nestes.
A missão de encontrar planetas distantes fica para instrumentos especializados para este fim, como a TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), uma sonda com quatro telescópios, cuja principal atribuição é varrer o espaço em busca de exoplanetas análogos à Terra, especialmente no que se refere à massa.
Pois foi o TESS quem primeiro observou um potencial exoplaneta de tamanho muito próximo ao nosso, distante 40,7 anos-luz, na constelação de Oitante. O James Webb ratificou a descoberta, que estaria orbitando a estrela LHS 475, logo, o planetinha foi batizado de LHS 475b.
Os dados adquiridos por ambos instrumentos mostram que o planeta não possui uma atmosfera similar à nossa, mas conta com sua própria carga de particularidades.
Segundo a equipe do James Webb, só foram precisos dois trânsitos para confirmar a existência do LHS 475b, que possui uma massa de 99% da Terra. Por outro lado, ele completa uma órbita ao redor de LHS 475, uma anã vermelha, em apenas dois dias terrestres.
É preciso considerar que não só o exoplaneta está bem próximo de sua estrela, como esta é bem, bem menor do que o Sol. Segundo as observações, LHS 475b sofre do fenômeno de travamento por maré, o mesmo que faz a mesma face da Lua estar sempre voltada para a Terra.
Assim, o planeta possui um lado em que é sempre dia, e outro onde a noite é eterna; sem atmosfera, as temperaturas médias giram em torno de agradáveis 313 °C; no lado iluminado, os picos chegam a 475 °C, definitivamente um bom lugar para pegar um bronzeado permanente.
Sobre a atmosfera, há a possibilidade de que ela não exista, ou possua uma combinação bem diferente da noss, ou de Titã, um dos satélites naturais de Saturno, composta principalmente de metano. Há a possibilidade de que ele seja similar a Vênus, com altas concentrações de dióxido de carbono, inclusive apresentando um efeito estufa permanente similar.
Claro, há a possibilidade de que o exoplaneta não possua nenhuma atmosfera e seja um planeta rochoso, visto que ele possui uma órbita muito próxima de sua estrela, ainda que ela seja menos quente que o Sol.
Os cientistas agora tentarão usar o TESS, e eventualmente o James Webb, para identificar se LHS 475b possui nuvens observáveis, um indício de atmosfera, a fim de determinar sua composição e aprender mais sobre nosso "vizinho", já de do ponto de vista cósmico, ele está ali na esquina.
Claro, o JWST foi equipado com o app Visão Além do Alcance, e nasceu para enxergar muito, muito longe, para desvendar os segredos mais antigos do Universo. Ainda assim, ele pode eventualmente oferecer uma "mãozinha" ao TESS e outros instrumentos de observação mais próxima, conforme a necessidade e disponibilidade.
Fonte: NASA