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QDEL: Sharp revela o Santo Graal dos displays

Em um canto da CES 2024, a Sharp demonstrou nova tecnologia QDEL, que reúne o melhor das telas OLED e QLED, sem os caveats

16/01/2024 às 10:54

A Sharp não foi centro das atenções durante a CES 2024, mas a companhia japonesa apresentou, de modo restrito e a poucos observadores, o que pode ser considerado a grande novidade da feira: os primeiros protótipos funcionais de displays QDEL, tecnologia considerada o pináculo em telas.

Trata-se de um display composto por pontos quânticos que emitem sua própria luz, dispensando a backlight usada em LCDs e QLEDs, e, ao mesmo tempo, livre dos reveses do OLED, incluindo o temido burn-in.

Display QDEL da Sharp, em demonstração durante a CES 2024 (Crédito: Reprodução/Digital Trends)

Display QDEL da Sharp, em demonstração durante a CES 2024 (Crédito: Reprodução/Digital Trends)

Segundo a Sharp, o processo de fabricação dos displays QDEL é escalável, o que pode se reverter em custos mais amigáveis, mas não necessariamente um preço final decente, ao menos, não de cara.

QDEL e a revolução dos displays

Como você bem sabe, temos duas tecnologias principais de telas. O LCD consiste em uma película de cristal líquido, que barra ou deixa passar a luz emitida por uma backlight, para formar os píxels, enquanto o OLED usa materiais orgânicos, capazes de emitir luz por conta própria.

Cada tecnologia tem seus prós e contras. Telas de LCD são mais baratas, mas tendem a ter um contraste mais limitado e cores mais lavadas, além de um ângulo de visão mais limitado. O OLED, por gerar luz por conta própria, se reverte em telas extremamente finas, entrega um preto perfeito e cores mais fidedignas, mas por ter uma base orgânica, as telas se deterioram com o tempo de uso, no que o burn-in, em que imagens ficam persistentes no display, como se ele tivesse sido "queimado", é o efeito mais temido. Sem falar no brilho mais baixo que o LCD.

Para resolver esses problemas, tecnologias intermediárias foram sendo desenvolvidas, como o QLED, que usa pontos quânticos que emitem luz em frequências diversas (leia-se cores diferentes), entregando uma qualidade de imagem similar ao OLED, sem seus problemas de deterioração, em displays LCD. Por outro lado, ela ainda depende de uma backlight.

O MicroLED, por sua vez, é uma miniaturização das telas de LED mais comuns em outdoors, com píxels inorgânicos autoemissores de luz, mas a tecnologia envolvida para dispositivos domésticos é bastante cara, resultando em TVs com preços nas alturas.

O QDEL, de Quantum Dot Electroluminescent, ou Pontos Quânticos Eletroluminescentes, foi proposto há alguns anos, com um objetivo: desenvolver pontos quânticos capazes de emitir sua própria luz, através apenas da excitação via corrente elétrica, como ocorre com o OLED.

A nova tecnologia agrega todas as vantagens do LCD (brilho forte, custo de produção menor) e do OLED (cores vibrantes, preto perfeito, menor tempo de resposta, contraste infinito), e elimina todas as desvantagens, respectivamente a obrigatoriedade da backlight, e a ameaça do burn-in.

A grande questão, claro, era produzir tal tela dos sonhos, o que a Sharp conseguiu fazer agora.

O site Digital Trends teve acesso a uma apresentação restrita, longe dos holofotes voltados na direção dos grandes players da CES 2024, em que dois protótipos de displays QDEL foram demonstrados. Um deles é o visto no vídeo, um protótipo de 12,3 polegadas, o único que a Sharp permitiu ser fotografado e filmado; o segundo, de 30", é brevemente mencionado como um projeto que os engenheiros da companhia criaram, para demonstrar sua escalabilidade.

O pulo do gato do QDEL em relação ao QLED e OLED é este: em relação ao primeiro, os pontos quânticos autoemissores representam uma evolução significativa e economia no uso de componentes, e comparado ao segundo, o processo da Sharp, que usa seus displays IGZO patenteados (mais translúcidos, usam menos energia, e que eram no passado bem caros de se produzir), dispensa uma linha de montagem especializada e mais cara, as mesmas instalações e maquinário para a produção de LCDs podem ser usados, jogando o custo lá embaixo.

A Sharp garante que os displays QDEL podem ser produzidos agora, nas mais diversas aplicações, mas dificilmente a tecnologia deverá chegar tão logo a TVs. Os produtos serão mais caros, mesmo se custarem menos para serem produzidos, o que provavelmente limitaria a aplicação inicial para smartwatches ou mesmo smartphones. A Apple muito provavelmente está de olho, se o QDEL representaria um iPhone com uma tela melhor, o que a permitiria se livrar da Samsung quanto antes.

Com a tecnologia já conhecida, eventualmente o QDEL deverá aparecer em laptops, monitores e por fim em TVs, inicialmente para poucos abastados, como toda novidade, e caberão aos early adopters justificarem o investimento na tecnologia, levando ao amortecimento e queda dos valores, isso, se as promessas da Sharp de escala e custos baixos de produção, além de todos os prós do QLED e LCD, sem os contras, se provarem.

Fonte: Digital Trends

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