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Pendrives-bomba enviados a jornalistas no Equador

Pelo menos 5 jornalistas do Equador receberam pendrives programados para explodir, quando conectados; um ficou ferido

51 semanas atrás

Pendrives são uma das mais clássicas brechas de segurança em Sistemas de Informação, seja ao nível corporativo ou pessoal. O ato de espetar um drive Flash suspeito, passado por aquele "amigo" com as festas do fim de semana.exe, pode expor seu PC a todo tipo de pragas digitais. Foi graças a um simples pendrive que o programa nuclear iraniano foi hackeado, em 2010.

Pendrives também podem causar danos físicos, como fritar laptops, mas o caso do Equador é preocupante: pelo menos 5 jornalistas receberam, pelo correiro, drives externos com cargas explosivas, armados para explodir no momento em que fossem conectados a um PC; um deles foi levemente ferido.

Não deste tipo, provavelmente (Crédito: acervo internet) / pendrives

Não deste tipo, provavelmente (Crédito: acervo internet)

Autoridades equatorianas estão desde a última segunda-feira (20) investigando o que está sendo encarado como uma série de atentados à imprensa do país, e o Ministério Público abriu uma investigação por terrorismo, crime que pode dar até 13 anos de cadeia. Os pendrives-bomba foram enviados, via correio, aos jornalistas da capital Quito e da cidade de Quayaquil, sendo Carlos Vera, de veículos locais, Mauricio Ayora, da rede de televisão TC, Miguel Rivadeneria, da rádio EXA FM, e Milton Pérez, da rede Teleamazonas.

O quinto jornalista, Lenin Artieda, da Ecuavisa TV de Quayaquil, foi o único que de fato conectou o pendrive recebido a um laptop, e acabou ferido após uma explosão. Segundo Xavier Chango Llerena, chefe de investigações criminais da Polícia Nacional do Equador, ele sofreu ferimentos leves nas mãos e no rosto, e está fora de perigo.

Álvaro Rosero, outro jornalista da EXA FM, diz que também recebeu um pendrive suspeito no dia 15 de março, que não explodiu graças à forma que ele foi conectado ao PC, por um cabo adaptador; segundo a polícia, a conexão estabelecida não forneceu a energia necessária para a detonação. Já a unidade enviada a Ayora foi "detonada de forma controlada".

Xavier Chango, oficial de polícia responsável pela investigação, diz que todos os pendrives enviados a jornalistas são similares: eles foram entregues via app de delivery, e nos eu interior, continham uma carga explosiva que acreditam ser ciclotrimetilenotrinitramina, também conhecido como ciclonita, RDX ou T-4, um composto usado em explosivos plásticos modernos de uso militar, incluindo o C-4.

Segundo a ONG Fundamedios, de defesa à livre imprensa e jornalismo independente no Equador, os pendrives, entregues em envelopes, eram acompanhados de cartas. Uma delas, anexa ao pendrive enviado a Milton Pérez, dizia que as informações contidas no drive iriam "desmascarar o correísmo", enquanto a endereçada a Artieda continha ameaças.

O correísmo é um movimento de esquerda ligado ao ex-presidente socialista Rafael Correa, que comandou o país de 2007 a 2017; o banqueiro Guillermo Lasso, atual executivo-chefe, se elegeu com apoio da direita e blocos contrários ao candidato derrotado Andrés Arauz, apoiado pelo mandatário anterior. É possível que os ataques tenham, ou não, motivações políticas.

Para a ministra do Interior Juana Zapata, o fato de todos os pendrives serem similares, e terem sido despachados quase que simultaneamente, são uma mensagem clara de que um grupo, ou indivíduos, estão tentando "silenciar jornalistas" equatorianos.

A questão é descobrir quem estaria por trás dos ataques. Representantes da Fundamelios dizem que, devido à investigação federal seguir em sigilo, existem poucas evidências disponíveis no aberto. A carta fazendo alusão ao correísmo sugere motivações políticas para silenciar a imprensa (nada novo sob o Sol), mas para o governo, o caso pode ter ligações com a crescente onda na criminalidade, que segundo o presidente Lasso, seria culpa do tráfico de drogas, incluindo ligações com cartéis do México.

Independente de quem seja o responsável, é sempre bom lembrar para nunca, NUNCA, sair espetando pendrives de origem duvidosa no seu computador, mesmo se vierem de pessoas conhecidas. Enviados pelo correio, então, nem pensar.

Fonte: CBS News

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