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Factorio ficará mais caro e a culpa é da... inflação!?

Apesar de terem se passado seis anos desde o lançamento do Factorio, jogo ficará mais caro e Wube Software afirma que motivo é a inflação

1 ano atrás

A atual geração de consoles trouxe uma novidade que foi prontamente criticada por boa parte do público: a adoção por parte das editoras no aumento do preço dos lançamentos. A justificativa foi de que o desenvolvimento de grandes produções se tornou muito mais caro nos últimos anos, mas no caso do Factorio, jogo indie que chegou ao PC há mais de seis anos, o motivo para o reajuste no valor cobrado foi bem diferente.

Factorio

Crédito: Divulgação/Wube Software

Usando a conta oficial do jogo no Twitter, a Wube Software informou que a partir da próxima quinta-feira (26), o preço cobrado pelo Factorio saltará de US$ 30 para US$ 35. Segundo a desenvolvedora, “este é um ajuste para contabilizar o nível de inflação desde o lançamento no Steam, em 2016.”

A medida pegou muitas pessoas de surpresa, mas a verdade é que essa não foi a primeira vez que o jogo ficou mais caro. Em 2020, quando o “simulador” de construção de fábricas automatizadas deixou o período de Acesso Antecipado, seu valor também recebeu um acréscimo, indo de US$ 25 para os atuais US$ 30 (R$ 50 no valor praticado por aqui).

Outro fator muito interessante em relação ao Factorio é que em sua página no Steam existe um alerta que não costumamos ver por aí. Ele diz:

Sobre Descontos: Não temos nenhum plano de participar de uma promoção ou de reduzir o preço no futuro previsível.”

De fato, ao olharmos o histórico de preços no site IsThereAnyDeal, podemos ver que o jogo só esteve mais barato quando ainda estavam vendendo sua versão preliminar. Essa postura chegou a ser questionada por um jogador lá em 2016, que afirmava que participar das promoções poderia tornar o jogo mais popular. Naquela ocasião, o gerente de comunidade da Wube Software, Scott “Klonan” Woodhouse, deu outra explicação pouco usual:

“Não se trata de visibilidade ou vendas, se trata de respeitar os jogadores que já compraram o jogo. Não queremos recompensar as pessoas que adiam a compra do jogo, o jogo tem um preço que achamos razoável e esse é o negócio. Se você acha que o preço é muito alto, então é a sua escolha optar por não comprar e esperamos que com o tempo suficiente, e desenvolvimento adicional, sejamos capazes de te convencer deste valor.”

Crédito: Divulgação/Wube Software

Em boa parte dos casos, um anúncio falando sobre um jogo se tornar mais caro seria acompanhado de uma onda de reclamações, bravatas e até ataques pessoais aos desenvolvedores. Porém, não é exatamente isso o que está acontecendo com o Factorio.

Seja pela maneira transparente como o estúdio tem tratado seu público, pelo fato de que o aumento não afetará quem já pagou pelo jogo ou mesmo por ele não recorrer às microtransações para gerar um faturamento maior, muitos não viram problema nesse suposto impacto que a inflação causará no preço.

Muito desse apoio também pode ser creditado ao suporte que o estúdio tem dado ao Factorio, já que ele vem recebendo atualizações constantes e todo o conteúdo adicionado foi distribuído gratuitamente (embora uma expansão paga esteja nos planos, com ela custando US$ 30). Some a isso o altíssimo valor replay e o quão viciante pode ser um jogo assim, e fica fácil entender por que tantas pessoas se solidarizam com os criadores.

Crédito: Divulgação/Wube Software

No entanto, isso não significa que a Wube Software esteve imune às críticas. Desde o dia em que a novidade foi revelada tem sido possível encontrar pessoas revoltadas com a postura, com algumas chegando a sugerir que a Valve também deveria aumentar o valor recebido por cada cópia vendida ou recomendando que os insatisfeitos recorram à pirataria.

Há inclusive aqueles que questionam a justificativa dada pelo estúdio, com essas pessoas acreditando que tudo não passa de uma maneira deles lucrarem mais. Porém, a alta inflação é um problema que tem atingido todo o mundo e na República Tcheca, onde está localizada a Wube Software, a taxa para 2022 foi de 15,8%. No Brasil ela ficou em 5,79%.

Mesmo assim, não deixa de incomodar vermos um jogo se tornar mais caro com o tempo, ainda mais quando se trata de um lançado há vários anos. Essesentimento se torna ainda maior ao pensarmos em um indie, mas esse é um problema que infelizmente poderá se tornar cada vez mais comum — e não só devido às editoras/desenvolvedoras.

Em outubro passado a Valve atualizou seu sistema de precificação com o objetivo de facilitar a vida das empresas na hora de decidir quanto cobrar em cada mercado. Embora o sistema funcione na base da sugestão, logo, cabendo à editora a palavra final sobre aceitar ou não os valores mencionados pela responsável pelo Steam, a mudança acendeu o sinal de alerta nos consumidores.

Isso porque, se antes a loja sugeria que US$ 1 fosse convertido para R$ 2,29, agora o ideal seria ele passar a valer R$ 3,49 e não demorou para sentirmos o impacto dessa nova política. Entre os títulos que tiveram seus preços aumentados nas últimas semanas podemos citar o Mortal Kombat 11, que saltou de R$ 159,99 para R$ 229,99; o Crypt of the NecroDancer, que foi de R$ 27,99 para R$ 46,99; o Men of War: Assault Squad GOTY, deixando de custar R$ 27,99 e indo para R$ 46,99; ou o NecroVisioN + NecroVisioN: Lost Company, que de R$ 19,99, agora sai por R$ 32, 99.

Os exemplos são muitos, podendo ser conferidos no site SteamDB, e deverão continuar surgindo. A Paradox foi uma que já anunciou que reajustará o preço de seus jogos a partir de 1º de fevereiro e o pior é que nem podemos reclamar muito, já que enquanto a promessa é que para aqui o aumento seja apenas “moderado”, na Argentina e na Turquia ele deverá passar dos 300%!

Com o mundo entrando numa nova era e estando à beira de uma recessão, era de se esperar que algo supérfluo como os games fosse duramente afetado. Portanto, pode até ser que o verdadeiro culpado pelo aumento no preço do Factorio nada tenha a ver com inflação, mas devemos nos habituar a ideia de que adquirir novos jogos deverá se tornar cada vez mais caro, mesmo quando se trata de produções independentes e/ou de menor custo de produção.

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