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Metaverso: Meta vs. Apple será PC vs. Mac Parte 2?

Mark Zuckerberg acredita que "Guerra do Metaverso" será travada entre Meta e Apple, em disputa de ecossistemas abertos vs. fechados

2 anos atrás

O Metaverso será o próximo campo de batalha da cena tech, segundo Mark Zuckerberg, e seu principal adversário será a Apple. Durante uma recente reunião fechada para funcionários, o CEO da Meta afirmou que a disputa será principalmente ideológica, de ambientes mais abertos e permissivos, inclusive para outros Metaversos, contra a filosofia do Jardim Murado de Cupertino.

Sim, você já viu esse filme: é o exato mesmo enredo da guerra PC vs. Mac que durou anos a fio, e mesmo hoje, ainda rende.

Vai começar tudo de novo? (Crédito: Reprodução/Apple)

Vai começar tudo de novo? (Crédito: Reprodução/Apple)

A estratégia de Zuck para o Metaverso da Meta é bem clara. O ecossistema que está sendo erguido, baseado na sua linha própria de headsets de Realidade Virtual (RV), que hoje tem apenas o Meta Quest 2 como representante, mas em breve será expandida com a chegada do dispositivo de alto desempenho conhecido como Project Cambria, foca na liberdade de uso por parte do consumidor.

O Horizon, o ambiente de Metaverso da Meta, que se divide até o momento entre o Worlds para entretenimento, o Venues para apresentações ao vivo, e o Workspace e Workrooms para trabalho, serão apenas alguns dentre os muitos compatíveis com seus headsets. Zuck defende que sua solução é aberta, e permitirá que o usuário não só possa transitar entre Metaversos diferentes, usando o mesmo equipamento, como também conseguirá usar seus itens de maneira intercambiável entre eles.

Sim, neste ponto em específico eu também pensei em NFTs, que têm seus próprios problemas, mas continuando.

Isso não é necessariamente uma novidade. O Meta Quest 2 é herdeiro dos headsets da Oculus, companhia que e Meta, quando ainda atendia por Facebook, comprou para integrar seus planos de conteúdos em RV, quando Metaverso nem era nada levado a sério. O equipamento surgiu principalmente como um para viabilizar jogos e experiências de vídeo interativas em RV, mas desde então, vem sendo empregado em diversas áreas.

De lá para cá, diversas empresas lançaram seus headsets, sejam de Realidade Virtual ou Aumentada (RA), da Samsung (em uma parceria com a Oculus, antes do Facebook comprar a empresa) à Microsoft, que pode ter puxado o freio do Hololens recentemente.

Headsets de RV da Meta, do Quest 2 ao futuro Project Cambria, darão suporte a Metaversos de diversas companhias (Crédito: Reprodução/Meta)

Headsets de RV da Meta, do Quest 2 ao futuro Project Cambria, darão suporte a Metaversos de diversas companhias (Crédito: Reprodução/Meta)

O que se sabe sobre a Apple, por outro lado, cai no campo das especulações. É sabido que Tim Cook prefere RA a RV, mas o tal dispositivo da maçã, que rodará um sistema operacional próprio, terá, segundo indícios, capacidade mistas entre as duas abordagens.

Para quem não lembra, Realidade Virtual simula ambientes em três dimensões, o conceito por trás do Metaverso, enquanto Realidade Aumentada fornece informações adicionais em uma visualização do mundo real. Pokémon GO, por exemplo, é um game com funções de RA; o Hololens, hoje voltado para o chão de fábrica, ambientes corporativos e aplicações militares, também usa essa abordagem.

Voltando à Apple, o suposto headset de Realidade Mista da Apple é esperado para algum momento do segundo semestre de 2022, provavelmente em um evento separado do lançamento da linha iPhone 14, mas quando isso acontecer, é certo que o dispositivo seguirá a filosofia de Jardim Murado da maçã. Isso significa que os ambientes e experiências serão controlados pela Apple, e não haverá maneiras de transitar entre Metaversos diferentes, isso se Cupertino de fato abraçar o formato, o que sequer é garantido.

A única maneira de um usuário do Metaverso do Meta usá-lo através do headset da Apple, é se a companhia de Mark Zuckerberg lançar um app compatível para o ecossistema da concorrente, e claro, pagar os 30% de tudo o que for gasto dentro dele. O que segundo a fala recente do executivo, não vai acontecer.

Dizer que headset da Apple será compatível somente com Metaverso da maçã, é atestar o óbvio (Crédito: yan.logan/Sketckfab)

Dizer que headset da Apple será compatível somente com Metaverso da maçã, é atestar o óbvio (Crédito: yan.logan/Sketckfab)

Claro, é preciso considerar que o Horizon Worlds terá uma política própria de comissões, e ela consegue ser bem mais agressiva do que as estratégias da Apple e do Google. Falando nisso, é igualmente improvável que o Metaverso do Meta seja disponibilizado na loja de apps Android, pelos mesmos motivos.

Zuck chegou a tecer comparações entre iOS e Android, ao dizer que o Google conseguiu dominar o cenário mobile global ao oferecer um sistema operacional semi-aberto, que permite a instalação de aplicações por fora da loja oficial, o que o iPhone nunca suportou e nem irá. Por outro lado, a maçã ficou com quase toda a receita bruta do setor e ainda é líder em market share nos Estados Unidos.

O CEO da Meta defende sua visão de que o que funcionou para o mercado mobile não se aplica ao Metaverso, embora admita que até o momento, não é possível saber qual ambiente o consumidor de experiências de RV e RA irá preferir, se o aberto e mais flexível, oferecido por sua companhia, ou o blindado e mantido a rédeas curtas, o modus operandi da Apple desde sempre.

Basicamente, Zuck está fazendo uma aposta. Ele acredita que o seu modelo de negócios é o mais adequado para o Metaverso, pois permitirá que um usuário adquira apenas um headset (o seu, claro) para navegar por diversas experiências de outras empresas; no seu entendimento, os consumidores não desejarão um "iGlass" para usar apenas da maneira como a Apple ditar.

Por outro lado, a Apple prevaleceu toda vez que executivos e especialistas apostaram contra o modelo do Jardim Murado, independente do produto ou serviço, principalmente pela necessidade de os consumidores de terem o mais novo produto da maçã, em muitos casos, por puro status.

Zuck defende que a possível guerra entre o Meta e a Apple, pelo domínio do Metaverso, será "uma competição de filosofias e ideias, onde eles (a maçã) acreditam que integrar tudo oferece a melhor experiência de uso, e nós (o Meta) cremos haver vantagens em um cenário de especialização e integração entre diferentes companhias, que permitirá o estabelecimento de um ecossistema muito maior".

 

A longa guerra entre os ambientes IBM-PC e Mac seguiu a mesma fórmula, uma disputa de ideologias. Bill Gates defendia que suas soluções de software, do MS-DOS ao Windows, podiam ser implementadas em qualquer produto de hardware da mesma arquitetura, o que aniquilou inclusive  quaisquer chances da IBM dominar o setor. Qualquer empresa podia montar seu PCzinho, instalar os programas da Microsoft, e vender.

Já a Apple batia o martelo que sua abordagem de hardware e software integrados e blindados, que nunca mudou para nenhum de seus produtos, oferece a melhor experiência de uso aos consumidores, com melhor usabilidade e performance.

De fato, mesmo antes do Apple Silicon, programas costumavam rodar com mais desenvoltura em um Mac, quando comparado a um PC com Windows, o mesmo valendo em comparações de desempenho de apps e jogos no iOS e no Android. O problema, claro, é que os produtos da maçã são mais caros.

No mais, resta saber se o público vai embarcar na visão de Zuck e fechar com as soluções da Meta para o Metaverso, ou preferir a futura abordagem blindada da Apple, apenas por ser... bem, da Apple.

Fonte: The Verge

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